Não tanto quanto seu pai, mas a mãe de MaGá as vezes ajuda em suas magamentadas. MaGá adora sua mãe. Ruim é quando ela resolve botar em prática seu lado Fada dos Dentes. Sejamos justos, não é de proposito, essas coisas de MaGá apenas acontecem. Não tem explicação, e muito menos ela culpa. Mas quando se tratou dos momentos dentais da vida de MaGá, ela estave presente.
Certa vez quando MaGá era bem mais novo, sua mãe fazia a janta e ele esperava assistindo TV no quarto dela. Devia ser por volta das sete horas da noite e MaGá já tinha lanchado. Porém ele cismou em querer comer logo, e fez muita pirraça. Sua mãe nem deu bola.
- To com fome, já ta pronto?
Depois de alguns minutos e das mesmas perguntas...
- Não! Sossega, vai ver TV. Quando tiver pronto eu te aviso, acabou de comer!
MaGá então volta pro quarto, pula na cama e começa a se debater e a fazer mais pirraça ainda.
- To com muita fome, vou morrer de fome. Você não pode fazer isso comigo!
- Sai daqui, ta me atrapalhando!
MaGá então, estupidamente, resolve além das pirraças pegar o travesseiro e ficar mordendo pra dar mais drama a sua atuação.
- Vou ter que ficar comendo travesseiro pra não passar fome? Ahh, to com fome! – dizia ele repetidamente com voz chorosa pra tentar comover sua mãe.
- Para de drama MaGá, para de fazer cena!
MaGá não satisfeito resolve fazer mais cena, mais pirraça. Porém, exagerou um pouco a mais. Resolveu morder a ponta do travesseiro e ficar puxando contra ele, como se quisesse arrancar um pedaço. Em um desses exageros dele, o pior aconteceu. Nessa de querer arrancar um pedaço de travesseiro, quem levou a melhor foi o travesseiro. Em um puxão o dente de MaGá voou pra fora da boca. Agora sim, MaGá chorava com vontade.
- Mãe, Mãe... To sangrando, meu dente!!! – chorava MaGá de boca aberta.
- O que você fez? O que aconteceu?
- Mordendo o travesseiro, o dente saiu... – tentava falar chorando e com a boca meio aberta.
- Bem feito!
“Hãn?! To sangrando!!!!”
- Quem mandou ficar fazendo pirraça, ta vendo... Ta pronta a comida, fica fazendo cena. Vai no banheiro lavar essa boca, limpa esse sangue!
Em outra situação MaGá estava brincando de noite na rua com sua turminha. Na época era costume as mães ou tias ficarem sentadas em suas cadeiras na beira da calçada conversando e vigiando. MaGá estava, vamos dizer, endiabrado... Quando sua mãe resolveu ir até a cozinha pegar um suco pra dividir com as vizinhas, MaGá resolveu fazer uma surpresa, ou melhor, dar um belo susto na sua mãe. Enquanto ela estava na cozinha, MaGá foi pro quintal e se escondeu numa caixa, fica todo empolgado, só esperando o momento do ataque. Quando sua mãe voltou e deixou os sucos na cadeira, resolveu procurar MaGá. Olhou na rua e não viu nada, então resolveu ver no quintal. Também nada. Ele já tinha cortado a perna certa vez e tinha, burramente, ficado calado. Quando não o viu no quintal, já começou a se preocupar. MaGá era só risos dentro da caixa. Ela então parou no portão pra observar a rua de novo.
- Cadê o MaGá?! – pergunta a Mãe pra uma das vizinhas que estavam ali.
Nesse momento MaGá sai da caixa, se sentindo um ninja. Quando saiu correndo pra dar o susto. BANG! Uma cotovelada na boca de MaGá.
- Ai! Que isso?! – diz a Mãe tocando o cotovelo, depois de sentir algo.
“ÃÃÃiiN!!! Que êeerda!!”
Depois da pancada MaGá corre mais 5 passos com a mão na boca e para. Dói demais. Sua mãe chega pra ver o que aconteceu e se ele ta bem.
- O que tem na sua cabeça?! Deixa eu ver isso aqui!
MaGá então abre a boca pra sua mãe ver. Quebrou metade do seu dente da frente, o de baixo. MaGá sofria a cada esbarrão da língua no meio-dente, sentia aquele tipo de choquezinho sensível. Era terrível.
- Quebrou o dente no meio, mas que ideia a sua! Cadê ele, ta na sua mão?
MaGá responde apenas com a cabeça que não. Depois de um tempo procurando sozinho, os vizinhos mais próximos se mobilizaram e começou uma caça ao tesouro na rua. Um tesouro bem fuleiro pra dizer a verdade né. Achar metade do dente, de noite na rua, só com muita sorte. Fora as luzinhas de alguns celulares, até lanterna apareceu. Mas de nada adiantou, ninguém achou o meio-dente do MaGá na rua.
Mais tarde na janta, MaGá não conseguia comer nada. Encostava e chorava. Tava terrível os choquezinhos sensíveis do dente. Tomou um leite de boca aberta. Tentou, depois foi dormir. Na manhã seguinte já tava na rua tentando achar o dente, mas nada. O negócio era correr pra dentista. Sua mãe tinha conseguido uma consulta em cima da hora. Chegando lá foram pra cadeira da dentista, enquanto MaGá sentava – sempre de boca aberta – a dentista ia preparando o equipamento e sua mãe tentava explicar a situação.
- Como foi isso MaGá? – perguntou a dentista, primeiro pro MaGá, pra tentar criar uma intimidade com o menino.
Conversa não tava sendo o forte de MaGá, sempre de boca aberta, ninguém entendia nada que ele falava.
- Ãti nu Ôtovelo da înha Ãe – tentou dizer, com a boca aberta, evitando encostar o dente.
{Bati no cotovelo da minha mãe}
A doutora olha pra Mãe de um jeito esquisito, parecia que ela estava pensando que a Mãe bateu em MaGá.
- Doutora, você não vai acreditar – hehehe – acredita que ele veio correndo por trás e quando levantei o braço pra apoiar no portão, ele bateu com a cara no meu cotovelo?! Bem feito, é pra ele aprender.
Em um desses momentos em que a mãe de MaGá estava falando, a doutora apertou o aparelhozinho de barulho irritante. Nessa hora MaGá trava de nervoso e faz além de uma voz, uma cara de choro. A doutora parece achar que tem a ver com a história idiota da mãe. – Como um menino vai bater com a boca no cotovelo da mãe? – Antes ela conhecesse MaGá, com ele o idiota e o simples conseguem acontecer e complicar. Quando ela parou com o barulho ele conseguiu confirmar.
- Êé, eñtei Ár hm úusto ñela or tás.
[É, tentei dar um susto nela por trás]
A doutora tenta, mas não consegue acreditar.
- Sério?! Mesmo?
- Que foi doutora, ta achando que bati no meu filho? – hahaha – com ele eu quase não preciso, ele consegue fazer isso sozinho. – disse a mãe de MaGá, tentando ser engraçadinha e deixando ele constrangido.
- Meu Deus! Vamos tentar dar um jeito aqui então. E tenta não fazer essas besteiras, já basta aquela vez em que tirou o dente com o travesseiro. Sorte que era de leite. Da próxima vez me traz uma cárie e não outra “obra de arte” sua. Pode ser MaGá?
- Hm rhm! – diz ele com cara de choro, só esperando aquela pequena assustadora furadeira na sua boca.
Depois de algum sofrimento MaGá já se sentia aliviado e dentro do elevador, já indo pra casa, sua mãe já perguntava se tava tudo bem e como tava o dente. Então ele mostrou pra ela.
- É, ta bom. Ta sensível ainda? Ta parecendo um pouquinho menor, mas ta melhor do que antes.
- É, ta bom...
Enquanto apoiava a língua no dente pra verificar se ta tudo bem... Cai o falso dente!
- Ê Áco! – diz MaGá com a boca aberta.
{Que SACO!}
- Vamos voltar lá né... Você me apronta cada uma.
Voltando no consultório a dentista já tava atendendo outro paciente. Mas quando terminou e viu MaGá na sala de espera não conseguiu acreditar.
- Mas já MaGá? – hahaha – não acredito! Vou ter que te arranjar uma dentadura?
- Nrê nrê nrê – diz de boca aberta, com a fala completamente desengonçada e constrangido.
{hehehe}
- Vamos então, entra aqui e vamos reforçar, mais ainda, isso.
Até hoje MaGá não sofreu mais nenhuma magamentada dentária. Chegou a fazer um canal, mas nada de anormal. Chegou a sentir uma dorzinha, o que parece ser o siso nascendo, mas até agora nada que insuportável. De qualquer forma, sua mãe ainda ta por aí, e sua dentista ainda está esperando algo novo de MaGá pra poder contar a seus amigos dentistas num Happy Hour dentário desses da vida.

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