# Pesquisar este blog

terça-feira, 6 de março de 2012

Tropica Mas Não Beija

Depois da sua primeira vez, MaGá se pegou lembrando em como foi pra chegar até seu primeiro beijo. Um turbilhão de lembranças veio em sua cabeça. Não acreditava o quanto tinha vacilado e quantos micos já tinha pagado. Como Alvinho o lembrava sempre, e enchia seu saco, não saia da balinha de jeito nenhum. Daria um bom filme as tantas lambanças que cometeu até seu primeiro beijo.

Sua primeira chance foi quando estava no colégio, ainda no ensino fundamental. Os mais velhos brincavam numa sala, abandonada e escondida atrás da escada, de verdade ou consequência. Onde sempre o objetivo principal era a consequência né. Uma menina mais velha que MaGá, o que o assustava, tinha chamado ele uma vez pra “brincar”. Ele assustado disse que sim, claro, apareceria lá na hora do recreio. Era fácil, só pedir consequência e comemorar depois.  Que nada, fingiu dor de barriga e foi pra enfermaria. Como daria o primeiro beijo na frente de uma porção de gente se ele, no mínimo nem sabia o que fazer.

Depois dessa situação, traumatizou com esse jogo de “Verdade ou Consequência”. Além desse jogo, também não pedia – e torcia pra ninguém pedir – salada mista naquele outro joguinho. Passou algum tempo treinando na mão, no copo com gelo, ensaiando no travesseiro e até a revista Teen da sua prima, ensinando a beijar ele chegou a ler, escondido claro. Tudo pra numa ocasião futura não pipocar de novo.

Em vão. Alguns anos depois teve mais situação, dessa vez com uma menina que morava perto da sua casa. Um de seus amigos da época conhecia a menina e disse que ela tava afim.

- Cara, tem uma amiga minha da rua do mercado que ta afim de você. Ela é muito gatinha! – disse o Rodrigo.

- E como ela me conhece? – perguntou MaGá.

- Isso importa? Deixa de ser idiota! Quem é a menina? – perguntou pro Rodrigo, Manchinha.

- É a Renatinha! – respondeu pro Manchinha com uma cara de surpreso. – Ela viu você andando de bicicleta na rua atrás do mercado. – completou falando pro MaGá.

- Ela?! Não acredito!

Pronto, a pressão já estava instalada na cabeça de MaGá, a menina ainda era bonita. MaGá meio que desconversou. Os amigos tentaram da uma força a ele, falaram que era só ir conversar e se rolasse, rolou. Simples.

“Simples pra vocês! Que merda!”

Era inacreditável alguém não querer ficar com a menina. Depois de algumas semanas com os amigos insistindo, MaGá falou que nessa semana iria. Mentira, tava enrolando de novo. Depois de saber que a menina tinha visto ele andando de bicicleta na rua, estupidamente, MaGá resolveu andar de bicicleta por ali quase todo dia. Idiotice! Não quer ficar com a menina e fica se fazendo de maluco. O Acaso resolveu puni-lo.

MaGá tinha que passar pela rua dela pra ir ao mercado. Depois de saber que a menina já estava reclamando da demora com Rodrigo, MaGá resolveu dessa vez passar rápido pela rua. Um erro. Quando ele virou a rua e foi descendo na direção da rua dela, de noite e graças a um poste sem luz, não reparou num quebra-molas que tinha ali. Capote! MaGá virou da bicicleta. Se filmassem, MaGá estaria no “Vídeo Cacetadas” do Faustão.

- HAHAHAH... – ouviu umas gargalhadas de longe.

Pronto, cartucho queimado. Daquela rua provavelmente não ficaria com ninguém. Ele não queria ficar por timidez, mas também não queria que terminasse assim. Levantou meio torto, pegou sua bicicleta, amassada, e seguiu manco pra casa. Vergonha alheia.

Depois dessa situação constrangedora, MaGá resolveu tentar o desenrolo a distância. Tentou a internet. Já conhecia a menina, era amiga dele e do Alvinho. Depois dela mostrar certo interesse, Alvinho foi botando pilha e fazendo o cerco pro MaGá finalmente pegar alguém. Pessoalmente MaGá era só risos e cara de sem graça, enquanto Alvinho botava pilha.

- MaGá?! Pô, o apelido dele no colégio é boca de mel. Sucesso! – dizia Alvinho.

- Ah é?! Que isso, hein, MaGá. Quem mel é esse... – dizia a amiga deles cheia de caras e boca pra MaGá.

- Só experimentando, diz aí MaGá. – disse Alvinho.

Enquanto Alvinho fazia o trabalho de MaGá, ele era só risos sem graças. Mas na internet. MaGá saia na boa, conversava e falava tranquilamente e conseguia botar pilha na amiga. Parecia outra pessoa, sabia o que dizer e conseguia deixar a menina mais interessada ainda. A menina dizia em marcar lugar pra se encontrar, que queria muito ficar com ele. A menina ficou cheia de vontade, tava louca de vontade de pegar o MaGá. Parecia até entendedor do assunto na net. Balela! Uma hora tinham que se encontrar pra se pegar, mas se dependesse de MaGá isso demoraria muito. Até tomar coragem e perder a vergonha, vai se saber quando. Restou à menina ser o macho da história.

Um dia enquanto estava na casa de Alvinho nas férias, ela mandou uma mensagem dizendo que estava no mesmo bairro que ele, na casa de uma prima. Até ai tudo bem, se fez de maluco. Isso até Alvinho dizer pra ele dar uma olhada na janela.

- Ferrou! E agora? – disse MaGá olhando pra Alvinho.

- Agora pega! Ta de sacanagem né... – respondeu Alvinho de imediato.

A menina estava do outro lado da rua, de braços cruzados e só esperando MaGá. Ele ficou maluco. Até a mãe de Alvinho foi zoar ele.

- Ta podendo, hein MaGá! A menina sair lá da casa dela pra vir aqui só por sua causa. Que isso.

Pronto, pressão jogada nas costas de MaGá. Agora só esperando pra ver no que ia dar. Alvinho desceu com ele, e disse que ficaria com a prima. Chegando lá embaixo, na portaria, Alvinho foi pra um canto e MaGá pro outro. Ele ficou conversando com a menina, entre os assuntos de um papo chato, disse que tava surpreso por ela ter aparecido e que podiam ir no shopping mais tarde, cinema talvez. Mas ela não ia poder ficar até mais tarde, teria que voltar pra casa.

- Que pena. – respondeu MaGá.

Na hora já teve a noção de ter falado merda e, de estar falando merda. Era simples, beijo e pronto. Depois de pensar algumas vezes em como avançar, apareceu Alvinho e a prima.

- Então prima, temos que ir, minha mãe já ta chegando. – disse a prima.

- Tá então, vamos.

Olhou pra MaGá, e nenhuma resposta em forma de beijo, só uma cara de bunda do MaGá. Se despediram todos com dois beijinhos e as meninas foram.

- E aí, pego ela? – perguntou empolgado Alvinho.

- Não né. Aqui?! Tu pegou a prima?

- Porra MaGá, vou ter que empurrar sua cabeça pra beijar uma garota? Peguei ué, acho que eu tava fazendo o que no estacionamento, conversando sobre a vida? Hahaha... – disse 
Alvinho rindo de mais de mais uma bola fora de MaGá.

Outra vez, já um pouquinho mais velho e fora outras situações que deram errado, MaGá teve a chance de ficar com a irmã do Rafa. Com permissão e ajuda dele, e do Alvinho. Quando envolve amigos, sempre tem pressão. Com pressão, como sempre com MaGá, só daria errado. Depois das coisas bem caminhadas, e muito bem encaminhadas por Alvinho, MaGá só tinha o trabalho de beijar. Mas ele não conseguia. O auge das tentativas, e fracassos, aconteceu em um único dia.

Ficou combinado de os quatro irem no shopping, dar uma volta. Óbvio, tava nas entrelinhas que era pro MaGá ficar com a menina. Mas quis o Alvinho por em MAIÚSCULO, sublinhar, por itálico e negrito a “missão” de MaGá pra noite. Pressão nele.

Já no caminho ao shopping, Rafa e Alvinho saíram correndo na frente, deixando MaGá e a menina pra trás. Ficando MaGá super sem graça e sem ideia do que fazer. Claro que sabia, mas...

- Hehehe... Idiotas né?! – diz MaGá todo envergonhado.

Ela respondeu com um sorriso, deixando ele mais sem graça ainda...

“Meu Deus! Diz alguma coisa! Que merda em que me meti!”

Se tivessem lançado o filme Hicth antes, de repente ele teria se saído melhor. Mas como é MaGá, provavelmente não. Ele não conseguiu interpretar a situação, apesar de não ter o que interpretar, apenas o que fazer.

- Vamos né, os idiotas já devem estar na praça de alimentação. – disse MaGá, virando e indo na frente.

“Sai o cão arrependido, com o rabo entre as patas...”

Ele foi indo e nem olhou pra trás, provavelmente ela devia ter ficado com cara de bunda. Chegando no shopping, mas uma fugida dos dois. Dessa vez na escada rolante. MaGá e a irmã do Rafa foram na frente, mas antes de perceber, Rafa e Alvinho já tinham saído da escada rolante.

- A gente se encontra no mercado. – disse Alvinho rindo.

“Que merda! E agora, o que faço... Sorrindo de novo?! Diz alguma coisa!”

Dessa vez MaGá ficou mudou, preferiu não fazer nenhum comentário. Não sabia o que poderia “ser usado contra ele”.

Já no mercado do shopping, Alvinho foi falar com ele.

- E aí, já pegou?

- Não ué!

- Como assim “não”?! Tu quer que eu faça pra você?! Hahaha... 

Bora com isso, deixa de besteira, bota logo essa linga na boca dela! – disse Alvinho, rindo da situação, mas ao mesmo tempo não acreditando.

Até ali, nada. Alvinho não acreditava, e se recusava a fracassar como cupido. Estava tão certo, tudo encaminhado nos mínimos detalhes, que era inacreditável. Resolveu então tentar pela ultima vez ajudar MaGá com a irmã de Rafa, e dessa vez seria mais radical.

Chegando no prédio, foi andando – uns dois passos – na frente com o Rafa. Já dentro do condomínio e dentro do prédio, junto com Rafa, resolveu trancar os dois na área do lado de fora do prédio. E foi bem claro.

- Só abro o portão depois que os dois aí se beijarem. Vai logo! Vou ali com o Rafa beber uma água e depois volto. – disse Alvinho rindo.

E assim fez se virando e subindo as escadas. MaGá via pelo vidro da porta, Alvinho subir junto com Rafa as escadas e deixando ali, ele, a irmã do Rafa, e a sua vergonha do tamanho de um elefante. MaGá paralisou e riu, não conseguiu fazer e nem falar nada por alguns minutos, até descer Alvinho pra abrir a porta e descobrir que nada aconteceu. Já no quarto, pronto pra dormir, Alvinho resolveu fechar a noite com a piadinha do dia.

- Cara, vamos fazer o filme “O BV de 40 anos - Baseado em fatos reais” Hahaha... claro daqui a uns 20 e tantos anos. Do jeito que você tá, nada vai mudar e vai ficar na bala, Juquinha, por um bom tempo. – disse Alvinho caindo na gargalhada à noite.

- Hahahah... Cala a boca! – disse MaGá, não resistindo e rindo junto.


"Espero que não demore tanto. Mas um filme talvez seria uma... Não, melhor não. A cada ano surge um profeta novo das cinzas com o fim do mundo. Vai que um acerta..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário