No dia seguinte se encontraram na praia da Barra. Crô já estava impaciente com a demora de MaGá, mas também já estava todo empolgado pra noite. Hoje conheceria seu futuro marido. Só não esperava ver MaGá junto com o Baltazar.
- Mas o que esse encosto está fazendo por aqui?! – disse o Crô com repulsa e mão sobre a cintura.
- Para com essas bixisses, nem queria tá aqui. Esse maluco que me procurou e me convenceu que se te ajudasse em alguma coisa, eu teria grandes chances de me livrar de você. – respondeu Baltazar balançando os braços indignado.
- Calma gente, vamos com calma! O dia nem começou ainda. – disse MaGá.
- E esse energúmeno – com uma mão sobre o peito e com a outra apontando o dedo – aceitou me ajudar a achar meu futuro marido?!
- Como é que é!? – diz Baltazar se espantando e arregalando os olhos.
- É isso mesmo mula. O jovem Perseu vai me ajudar a arranjar um marido. – disse fazendo um gesto delicado pra MaGá – Casarei Zoiudo, não sinta ciúmes. – disse seguido de uma piscadela para Baltazar.
- Já falei, sem viadagem pro meu lado! – levanta a mão ameaçando.
– Isso é um absurdo, nunca que vou ajudar nessa palhaçada. Impossível que vou botar um homem pra casar com outro. – retruca Baltazar.
- Não apenas casar, será de véu e grinalda! – diz Crô ajeitando suas madeixas.
- Zoiudo, se tu ajudar ele a casar, você se livra dele. Fala sério, tu sabe que ele no fundo te quer, e no final da novela tu tava quase cedendo.
- Qual foi o, borboletinha, vai ficar me tirando agora também. Cedendo é o cacete! Não começa a me estressar tu também não. Não sei no que eu pensei quando aceitei vir aqui.
- To te falando... Ta cedendo e não sabe. Ta a perigo Baltazar, melhor me ajudar antes que tu seja o carinha da aliança dela aqui.
- Não sabia que o nosso querido Baltazar aqui já estava todo me querendo, – disse ajeitando seus peitos imaginários. – mas agora é tarde Zoiudo, cochilo cachimbo cai. Perdeu! – disse Crô virando de ladinho.
- To a perigo o diabo! – diz apontando pro MaGá. – E, que perdi o que sua bixa maluca! Vocês não começam a querer me confundi aqui na cabeça não! – disse Baltazar apontando repetidamente a cabeça.
- Ajuda ou não ajuda!? Não é por nada não, mas se não quiser ajudar... Humn... Acho que no fundo tu meio que quer ver o Crô solteirão pelas redondezas do seu quintal. – insinuou MaGá com uma cara de deboche.
- Sei que não devia, mas já basta minha filha de chão chão chão por aí. O que menos preciso agora é um Bambi pra me perturbar.
- Ai não! Para tudo! Zoiudo, o Coveiro vai me ajudar a casar – disse botando uma mão sobre o peito. – Se Zeus quiser caso amanhã, porque o mundo vai acabar.
- Cala a boca viado! Vamos logo atrás dessa outra aberração. Não acredito que to fazendo isso! – diz levantando a mão na cabeça.
Os três então seguiram sentido à Lapa, na intenção de ajudar o Crô a achar sua lapada certa. Já estava cansado dos “pentes” da vida. Baltazar no seu tradicional conjunto preto básico, terno e gravata preta, MaGá na beca, e o Crô... Crô estava em estandarte. As mulheres canibais quando querem sair pra caçar um homem, colocam logo aqueles microvestidos a lá Geisy pra agarrar o homem no desejo. Crô lançou um micro shortinho branco, um sapatinho, e uma camisetinha social branca de manga curta, com uma gravatinha fina – roxa – combinando com seu óculos de armação grossa e extravagante.
- Vamos que hoje a noite vai ser de Baco! – disse levantando, pomposamente, o dedo pro alto – Perseu, gruda em mim que você brilha! Estou Diva! – disse ajeitando as madeixas.
Chegando na Lapa passaram logo próximo a um local que tocava funk. Um baile funk tava comendo solto por ali.
“Dói, um tapinha não dói...”
- Sua trilha sonora, né Baltazar. – comentou MaGá.
- Hahaha, essa foi divina... Zoiudo adoro uns tapinhas – disse o Crô passando o dedo sobre a língua e em seguida passando pelo próprio peito. – Vem pro meu mundo Baltazar! – disse seguido de uma piscadela!
- Sai daqui viado! Olha lá seu filhote de borboleta, não começa se não te quebro a cara pirralho! – respondeu apontando, com raiva, o dedo pro MaGá.
- Para de brigar com o jovem Perseu! – disse dando um empurrãozinho leve no Baltazar. – Huuuum! Sei que você ta todo se fazendo. – disse cruzando os braços e virando o rosto, cheio de charme.
- Teu viado, se continuar assim vou te encher de porrada! - diz segurando com força Crô pelo ombro.
- Ai, você falando assim até me arrepia, mas da licença – diz Crô se afastando – tenho que ir que tenho um Deus grego pra achar. Depois continuamos. – Se afasta indo na direção de MaGá.
Seguindo pela Lapa encontraram uma Maluca toda tristonha, parada em um canto. Uma maluca bem arrumada, diga-se de passagem. Crô resolveu agachar ao lado e ver se podia ajudar.
- O que uma diva, faz chorosa por aqui? – diz pegando a cabeça da Maluca e colocando no seu ombro.
- Porra, isso é hora dessa gazelinha querer dar uma de Calcutá do Bom Conselho? – reclama Baltazar ao MaGá.
- O Idiota do meu namorado e seu amigo Babaca. Claro, culpa do amigo! Saíram às escondidas e fiquei sabendo hoje por outros. Viram eles na Lagoa com outras meninas.
- Seria fantástico se a cada vez que o homem mentisse, o pinto dele diminuísse. – disse fazendo um gesto de pequeno com os dedos.
- E eu gosto do Idiota! O pior, e o que me da raiva é isso. É um banana, não traz perigo nenhum, mas esse amigo Babaca...
- Haaaan! – disse fazendo careta. – Um conselho sobre sapatos e homens: se for bonito, com certeza vai te machucar. Abre o olho! – disse arregalando o olho com o dedo. – Bebê, tem que fazer igual minha Rainha do Nilo, Levada da Breca de Alexandria. Arranja um Robalo e mostre que se ele der mole... Haaaan! Roda bebê!
- Você ta certa...
- Certo! Isso é homem, é afeminado, mas é homem! – interrompeu o Baltazar impaciente.
- Cale-te boca Coveiro! – disse apontando ferozmente o dedo, e com um olhar inquisidor. – Vai achar meu noivo junto com Perseu!
- Vamos embora e deixar essa bixa de Calcutá pra trás. – disse Baltazar saindo e virando as costas, com MaGá correndo atrás pra não deixar fugir.
- Bebê, te cuida. Vou indo agora na busca do meu príncipe! – disse suspirando – Amanha casarei. Se quiser, leva o Idiota, mas aconselho a levar um Robalo. Bem apessoado! – disse dando um tapinha no ombro e depois uma piscadela.
Seguindo nos caminhos da Lapa, ela vê o Zoiudo todo rabugento junto com MaGá em frente a uma boate gay e rodeados por eles.
- Huuuumm! – disse cruzando os braços e repousando uma mão sobre o peito. – Da fruta que eu gosto agora você chupa até o caroço né. Saiu do armário Aberração!? – disse fazendo um biquinho debochado pro Zoiudo.
- O seu viado, já falei. Tu vê se me erra! Tu não quer um viado pra casar? Então, tamo aqui na gaiola das locas! Só escolher um com seu pozinho de piri-pi-plin e pronto!
- Não. – disse levantando o dedo, como pausasse o tempo. – Quero um homem...
Ao fundo, na boate gay tocava Madonna.
- ... Um homem Like a Virgin! – suspira em desejos – Quero eu mostrar, e ensinar a ele a bela vida do pote de ouro no fim do arco-íris! – suspira com as mãos sobre os peitos.
- Aí você ta de sacanagem comigo...
- Ai não! Para tudo! Eu de sacanagem com você!? – diz dando uma tapinha no peito do Baltazar. – O dia que euzinha aqui estiver de sacanagem contigo... Ai meu caro Zoiudo. – passeia a mão sobre o peito do Baltazar. – Você rastejaria sobre minhas lindas sapatilhas de cristal. – disse virando de ladinho, e com muito charme, mostrando umas das sapatilhas.
- Me erra oh! O que você quer da vida, em bixa!?
- Ta com o que no ouvido aberração? Já disse, quero um homem com H maiúsculo – diz gesticulando com as mãos o tamanho desejado e lançando uma piscadinha pro Baltazar. – e depois, fazer eu mesma esse H virar um G, ou Y ou um Y M C A – diz cantando e fazendo as letras, dançando, em plena Lapa.
- Oh, para com essa viadagem! A bixa ta querendo aparecer!?
- Eu não apareço, eu brilho! – diz dando uma piscadela pro Baltazar.
Seguindo pela Lapa junto com MaGá e Baltazar, Crô avista um Deus grego de ébano de costas. Se ouriçou toda de primeira. Quando se aproximou e deu uma leve cutucada no seu ombro se espantou. Era o negão galã da loja.
- Oh, você por aqui? – diz apalpando as madeixas com a palma da mão – Que surpresa! – os olhos brilhavam e um sorriso, sem graça, de surpreso aparecia no rosto.
- Oi Crô, tudo bem? Como vai você? – respondeu com uma voz grossa, e um firme aperto de mão.
*O Crô pira!
- Ai! – como se tivesse arrepiado – Heheh... Vou bem, bem melhor agora. – diz tocando com uma das mãos o peitoril do negão. – Mas o que um Diamante Negro, lindo, como você faz por aqui sozinho? – diz ajeitando o topete.
Crô vira pra trás, tentando disfarçar, e fala com MaGá e Baltazar em voz baixíssima:
- Achei! – e faz uma piscadela pros dois.
MaGá e Baltazar se espantam.
“Assim, simples assim?”
- Mas o que um cara desse vai querer com uma gazelinha magricela como essa? Tava comendo uma gostosona antes! – indagou Baltazar, inconformado com a situação.
- É, como ouvi antes... É Século 21. Bissexualidade vai ser a coisa mais normal daqui a algum tempo. To fora. Mas se trouxer a amiga, to dentro. Tempera com azeite que eu como, como coentro. Né, não!?
- E quem é você? – pergunta MaGá e Baltazar curiosos com o cara que surgiu do nada.
- Ah, eu sou o Babaca. Amigo do Idiota que namora a Maluca. Vou deixar vocês aí na missão. Vou ali fazer outra, e amanhã a gente se vê no casório. – disse o Babaca saindo do local como um figurante.
- Mas que merda foi essa? – pergunta Baltazar, virando pra MaGá.
- Lapa, é foda. Tu encontra quem você menos imagina, e até quem você não conhece te conhece. – respondeu MaGá.
- Oh a gazelinha, toda feliz igual um bambi de braços cruzados com um King Kong desses. – disse Baltazar apontando a cena pro MaGá.
- Ciúme Balta?! – perguntou sarcasticamente MaGá.
- Que ciúme o que, ta ficando louco!? – respondeu Baltazar dando um tapa na própria cabeça.
Então chega o Crô saltitante igual um bambi, todo saliente de braços cruzados com o negão cheio de paixão.
- Perseu, Zoiudinho... Esse é o Edvaldo. – apresenta o Crô, cheio de pompa e pose. – Nossa, como eu adoro esse nome, é tão fooorte!
– disse apertando, com muito gosto, o braço do negão.
- Prazer! – cumprimenta MaGá.
- Você eu lembro Baltazar, como vai?!
- Vou indo muito bem, obrigado. – responde seco Baltazar.
- O casamento é amanhã! – disse suspirando, enquanto apoiado no braço do Edvaldo levantava uma das pernas pra trás.
- Simples assim?! – pergunta MaGá surpreso.
- Oh, Negão! Tem certeza do que você ta fazendo? – pergunta Baltazar, dando uma puxadinha no braço do Edvaldo pro canto.
- Oh Aberração de Nero! – puxa o Baltazar pelo ombro. – Vai empatar o casório em outra freguesia, arranja outro Deus de Ébano pra você. Enrustido! – disse o Crô puxando o Edvaldo pra perto dele.
- Enrustido é o cacete Bambi! – diz apontando a mão pro Crô.
- Vamos com calma aí, Baltazar. – Interrompeu Edvaldo entrando na frente de Crô e peitando Baltazar.
- Adorei! Meu herói. – agarra Edvaldo pelo braço. – Vem meu Super-Homem, me chama de Criptonita que eu te deixo fraquinho-fraquinho. – disse puxando Edvaldo pra um canto.
- Ê viadagem! – retrucou Baltazar se afastando de imediato.
Assim, todos foram embora da Lapa. Crô mais feliz que os outros, iria finalmente casar. Com direito a véu e buque de flores. Baltazar fazia questão de parecer inconformado com a história, mas mal sabia ele que quem seria o chofer da carruagem do Crô seria ele. O casamento prometia.
3º Texto

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