MaGá estava na praia da Barra se refrescando, em mais um dia infernal no Rio de Janeiro. De repente caiu alguma coisa próxima a ele, mas pareceu que ninguém viu o mesmo. Esquisito! Quando chegou perto pra ver, era um homem que estava todo torto e gemendo de dor. Ele não acreditou, era o Crô! Ele o ajudou a se levantar.
- Oh céus! Atolado na praia da Barra – disse botando a palma da mão sobre a testa. – Quando ouvia aquela música da atoladinha imaginava algo bem melhor. Por que Zeus!? – finalizou com um gemidinho em choro.
- Ta tudo bem contigo? – perguntou MaGá, tentando ser educado.
- E por acaso você acha?! Acabo de ser jogado do elevador celestial de volta aqui pra baixo e o senhorzinho acha que esta tudo bem? Huuum! – disse ajeitando as suas madeixas. – Espero ao menos ter caído como uma linda estrela cadente e brilhante.
MaGá ainda não estava acreditando. Fica observando, assustado, o Crô ali em sua frente.
- Vira pra lá filhote de Zoiudo! Parece que nunca viu uma alguém na vida.
- Caindo do céu não!
- Ai, até que é fofo! – disse dando uma leve agachadinha e apoiando as mãos nos joelhos. – Preferiria cair com classe no colo de um bofe liiindo – ajeita de novo o cabelo com a palma da mão. – mas essa cantadinha de eu ser um anjo que caiu do céu nunca ouvi. – termina abaixando seu óculos extravagante e dando uma piscadinha.
“Só me faltava essa agora!”
- Não, não... Você caiu, tá maluco? Parece que fui o único que vi, mas tenho certeza que vi tu caindo. Tem nada de anjo não, começa não. Lessi voa agora? – disse rindo.
- Haaaan! Sem graça! Miniatura de Zoiudo! – disse fazendo uma careta. – Fui lá pra cima atrás da minha Rainha do Nilo, que Zeus a tenha – diz levantando a mão para o céu – mas acabei esbarrando num Deus Grego maaaaravilhoso. Mas aí, um lindo Pégaso me deu coice – disse acariciando a perna com uma cara triste e de dor.
MaGá escutava aquilo tudo com cara de bunda, não tinha como acreditar naquilo tudo.
- Oh, e agora como viverei sem minha Rainha do Nilo. – disse balançando a cabeça apoiada na mão.
- Mas como assim foi lá pra cima e depois expulso, ou expulsa, não sei.
- Hmn... Bonitinho, obrigado pela parte que me toca. – disse lançando um olhar pra MaGá. – E é expulsa hein! – disse apoiando, delicadamente, a mão no peito.
- Tá, tá... Mas o que aconteceu contigo? – perguntou MaGá.
- Vem cá então caricatura de Zoiudo que vou te explicar. – diz o chamando com um aceno de mão.
- Não começa não! Ficou toda sentimental quando chamei de Lesse.
- Vem cá peste. – disse batendo com a palma da mão no joelho. – Deixa de ser fresco!
Quando MaGá chegou próximo a ele, começou a explicação. Parecia final dramático de novela.
- A minha Rainha do Nilo morreu, uma temeridade. – disse botando as costas da mão na testa.
- Mas é obvio que morre, todo vilão morre! – disse MaGá pra tentar acabar com a frescura do Crô. – mas o que tem a ver você com isso, tu morreu?
- Então, não saberia viver sem a filha de Osíris. – disse fazendo delicadamente o sinal da cruz e olhando pro céu.
- Tu acha que ela foi lá pra cima? Hahaha – disse MaGá debochando de Crô. – Não me leve a mal, preferia ela do que a Pereirão, mas lugar de gente ruim é lá embaixo né.
- Lugar de Deusa é lá em cima! Abre seu olho Zoiudinho!
- Ah, deixa. E tu, qual foi do fim?
- Eu não poderia deixar minha Rainha pra trás, não saberia o que fazer da minha vida. – disse com uma mão no peito e a outra apontando pra continuar a história. – Então igual Romeu e Julieta – eu a Julieta, claro – fui até o tumulo verdejante da filha de Osíris, e bebi um pequenino frasco de veneno – disse fazendo o formato do tamanho com os dedos – de cor purpura, que minha Rainha tinha em seu armário.
- Não me leva a mal não, mas tu é mesmo um daqueles bixinhas dramáticos né.
- Haaan! Olha como você fala comigo – ajeita o cabelo – devo tudo a minha Rainha.
- Mas você não ia terminar com o Zoiudo, tu não queria ele? Eu particularmente, não me leve a mal, torci contra. – disse MaGá.
- Obrigado pela sinceridade que não precisava ouvir nesse momento. – junta as perna e levanta o indicador pra cima. – Mas saiba que não queria terminar com aquele troglodita! Aquilo ali é caso pra uma noite, pra da umas bagunçadas e sapecadas na rotina. Caso para uma noite de inverno. Querer levar uns tapinhas não faz mal a ninguém, não é?! – diz se virando de ladinho e fazendo um biquinho. – Claro, além de ser marido da minha amiguíssima. – diz botando as duas mão no peito.
- Ê drama! Então resolveu se matar... Que estupidez!
- Se matar não! Repousar ao lado da minha diva!
- E o cara do escorpião?
- Ah! Cansei de escorpião, aquelas picadas não faziam mais efeito. Preciso de coisa nova!
MaGá não conseguia acreditar, que pessoa mais “fru-fru” estava na frente dele. Cheio de manias e toques. Era uma comédia.
- E agora, vai fazer o que? Outro veneno?
- Ah! Não sei o que dizer criatura...
MaGá o olha com olhar reprovador, então Crô bota a mão na boca e continua.
- ... desculpe. Pois então, não sei! – diz batendo uma das pernas no chão e balançando os braços.
- Vai achar outro homem pra tu, ou melhor...
- Se candidatando meu jovem Perseu!? – diz virando-se de ladinho e dando uma piscadela.
- Me erra avestruz! Tenta uma mulherzinha.
- Bate na madeira três vezes! Que horror urubu, pra que desejar tão mal. Nada de mulher. Mas homem também ta dando um trabalho!
- É não sei o que fazer por você, na verdade já tenho que ir. – diz MaGá se retirando da praia.
Até que Crô teve uma ideia, e uma proposta.
- Ei!!! Volte aqui jovem Perseu! Tenho uma proposta para o senhorzinho, o que me diz?!
- Como assim?! – perguntou MaGá voltando.
- Casa-me e lhe realizarei um pedido. Qualquer um. – disse Crô, cruzando os braços ao mesmo tempo em que balançava a cabeça e piscava.
- Você ta maluca?! Para com isso, vou casar nada contigo não. Que merda! Só faltava essa, que absurdo. – disse saindo do local.
- Claro que não Imbecil! – disse apoiando uma mão na cintura e palma da outra pro MaGá. – Tem certeza que você não é filho do Zoiudo? Essa semelhança da imbecilidade me apavora!
- Cala boca Bixa!... Pareceu agora? – retrucou de imediato MaGá.
- Um tonzinho mais grave, quem sabe, - diz apoiando um cotovelo na barriga e fazendo um gesto de pequeno com os dedos - e ficaria quase perfeito. Mas deixa de frescurite e me diz o que acha minicriatura! Me ajuda a achar um homem, me ajuda a casar com ele, e tem que ser na igreja – disse suspirando – e então realizarei um desejo seu. Mas vamos evitar esses barracos novelescos.
- Mas que realizar desejo o quê? Virou a Jeannie é um Gênio agora? Para de ficar fazendo graça e cena.
- Claro que não múmia do agreste, Huuuum! Cuidado jovem Perseu, estará logo sendo rebaixado a filhote de zoiudo! – disse levantando o queixo. – Nooossa, mas ela é linda né! Você acha que consigo uma roupinha rosa igual? – diz juntando as pernas e botando as mãos na cintura, como experimentasse um vestido. – Ai, é tudo!
- Deixa de frescura, e me explica esse negocio de desejo.
- Jovem Perseu... Quando peguei o elevador ao mundo celestial, conheci umas amiguinhas e aprendi uns truques. Fique sossegado que o desejo eu realizo. Ou não me chamo Crodoaldo Valério! – diz apontando, com autoridade, um dedo pro alto. – Mas pode me chamar de Jeannie se quiser, adorei!
- Ta, pode ser, por que não tentar. No mínimo vai ser engraçado. E a faculdade ta em greve mesmo.
- E vamos achar meu lindo Deus grego onde?
- Ah, vamos passar pela Lapa amanhã. Lá tem de tudo, de repente você encontra sua outra metade da laranja lá.
- Bom, até posso encontrar minha outra metade da laranja. – faz um sinal de pausa com o dedo. – o problema é, e se a outra metade – um gesto virando o dedo – estiver sendo chupada em outro lugar se não comigo, né! – diz o Crô, então repousando as mãos na cintura e mirando MaGá.
- Aí não sei né, quem faz mágica aqui é você. Vamos ver pra saber. Que ideia. – respondeu MaGá.
Então MaGá e Crô ficaram de se encontrar no dia seguinte na praia da Barra e depois partiriam pra Lapa onde encontrariam o futuro marido de Crô. Porém o Crô teria uma grande surpresa. MaGá procuraria o Baltazar pra ajudar na busca.
2º Texto
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