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domingo, 1 de abril de 2012

Crô, a Excalibur e a Tábula Redonda. [3/3]

O Crô queria muito deslumbre no seu casamento, aproveitou o dinheiro da falecida Rainha do Nilo e se deu o casamento dos seus sonhos. Escolheu a Igreja da Penha, a noite era um espetáculo de cenário. Novelesco. Na casa da Suserana de todas as Múmias, se arrumava para o seu dia. Ronaldo Esper fizera sua roupa. Um shortinho branco, curto e apertadinho até acima do joelho. Um Blazer branco justo. Um óculos de armação preta e extravagante, com um pequeno véu preso em sua haste e uma grinalda, como cereja do bolo. Estava impecável.

Do lado de fora da casa estava Baltazar inconformado ao lado de um clássico Rolls-Royce preto à espera da donzela. MaGá estava na casa observando tudo, estava achando tudo maneiríssimo. No quarto enquanto estava sendo maquiada por Celeste, Crô viu algo pelo espelho que não acreditou.

- Ahhhh! – soltou um berro fino e escandaloso, tampando em seguida a boca com as mãos.

- Que foi Crô, tudo bem? Parece que viu uma aberração! – disse Celeste.

Crô apenas balança positivamente a cabeça com cara de choro.

- Você não viu? – pergunta com as mãos tampando o rosto.

- Não amiga. O que foi? – responde Celeste.

Quando lentamente abre os olhos, lá continuava com um sorriso maligno. Crô sacudia a cabeça como quem quisesse apagar.

- Hello Slaaaave! – disse Tereza Cristina.

- Ai, não! – disse o Crô tapando o rosto novamente.

- Para de escândalo Bixa! – disse Tereza Cristina.                                  

Crô então engole seco e pede pra Celeste deixar ele sozinho um pouco no quarto. Ela questiona, mas no final cede e deixa no quarto Crô e Tereza Cristina, que ela não conseguia ver.

Enquanto isso na Igreja da Penha, Edvaldo recebia os convidados. Tudo que é tipo de famoso estava presente pra prestigiar o Crô. Desde o elenco de Fina Estampa, Adriano o Imperador, personas da comunidade GLBTTS, até celebridades.

- No-no-nossa, que negão ma-ma-ravi-lhoooso. – disse o David Brasil enquanto entrava na Igreja e via o Edvaldo à espera do Crô.

No quarto a sós com Tereza Cristina, Crô tentava entender o que acontecia.

- A Bixa vai ficar brincando de pique - esconde? Olha pra mim! – disse Tereza Cristina elevando o tom da voz.

- Olá minha Rainha do Nilo. – disse destapando o rosto e virando delicadamente de frente pra ela.

- Pelo que estou vendo a biba está muito bem acomodada no meu quarto. – disse Tereza Cristina observando tudo a sua volta.

- É... Estou me virando no que posso, não? – seca a testa com um lencinho. – Que mal pergunte, mas a Vossa Senhoria de Todo O Mal não estava morta? – disse o Crô, repousando uma mão sobre o peito e com a outra ajeitando o cabelo.

- E a Bixa não estava morta? – disse levantando-se da cama. – Você agora é um morto-vivo Crodoaldo Valério. Uma bixa-zumbi! – disse se inclinando e apontando o dedo, debochadamente, pro Crô.

- Ai, que horror! – retrucou tapando com os dedos a boca.

- Deixa de escândalo Bixa! – disse Tereza Cristina.

- Mas o quê a nova Serva de Hades faz nesse humilde mundo? – disse Crô se curvando e fazendo reverência a Tereza Cristina.

- Vim ver essa alegria estonteante do meu leal serviçal. – respondeu Tereza Cristina.

- Mas não precisava se incomodar. – respondeu Crô de imediato.

- Eu não seria convidada Bixa? Afinal, é com minha fortuna que você está bancando essa palhaçada toda né? – disse mostrando toda a arrumação de Crô.

- Lhe mandaria uma carta, uma foto, – falava enquanto gesticulava com a mão – até mesmo um vídeo pra minha Rainha.

Na sala Celeste explicava a MaGá e Baltazar o que estava acontecendo com o Crô.

- Não entendi nada, ele surtou lá dentro do nada e pediu pra eu deixar ele um pouco só.

- Isso é hora daquela gazelinha voltar pro armário? – resmungou Baltazar.

- Vai lá tirar ele de novo Balta, tu já ta encaminhado. Quero dizer, já sabe como é, né. – disse MaGá sarcasticamente.

- Olha só borboletinha, nada de Balta, entendido? E quem trouxe essa Bixa de volta foi você, se quiser tu vai lá. – respondeu Baltazar saindo da sala e indo pro jardim.

- Você vai MaGá? – perguntou Celeste.

- Fazer o que né Solineuza. – respondeu MaGá indo em direção as escadas.

Quando chega em frente a porta do quarto do Crô, antigo quarto da Rainha do Nilo, MaGá escuta Crô falando alto. Não entende nada, estava sozinho quando Celeste saiu.

- Nem que a vaca grite babalu em grego! – ouviu MaGá pelo lado de fora do quarto.

- Crô! – bate três vezes na porta – Crô! – bate três vezes na porta – Crô! – bate três vezes na porta.

- Mas quem é esse maldito papagaio do lado de fora?! – berra Tereza Cristina com Crô.

- Por Zeus! – diz levantando as mãos pro céu. – Entra jovem Perseu! – disse Crô em um berro delicado.

- Mas quem é esse Perseu? Um de seus novos brinquedinhos sexuais?! – perguntou Tereza Cristina cheia de ironia e 
balançando as pontas dos dedos pra Crô.

Enquanto entra no quarto, MaGá vê Crô falando com o nada.

- Não, ele que me ajudou achar meu príncipe de ébano. – disse Crô, falando em direção a cama.

- Hãn!? Você ta bem Crô?! – perguntou MaGá sem entender o que estava acontecendo.

- Ai! O senhorzinho não consegue ver – diz apontando suavemente na direção da cama – mas a Soberana de Todas as Almas está aqui entre nós, nesse exato momento. – disse botando uma das mãos sobre testa e com a outra apontando pro chão.

- Virou paranormal agora também? – perguntou sarcasticamente MaGá.

- Não né, o ignorância sob forma de gente! – disse com cara de emburrado. – A Filha de Osíris veio me atormentar. – disse botando a mão sobre a testa sem bagunçar o penteado. – Quer me levar com ela pro submundo!

- Isso tudo porque você não queria um final novelesco né! – respondeu MaGá. – Mas ela ta por aqui agora? Negocia com ela. – aconselhou MaGá.

- Mas como assim? – perguntou Crô levando uma mão ao peito, com uma cara de curioso.

- Hâhâhâ... E eu agora sou banco pra negociar?! – disse Tereza Cristina com uma risada maligna.

- Pede até a meia-noite pra se casar, daí tu realiza esse teu sonho e pronto. Todos felizes para sempre.

- Agora a Bixa vai virar cinderela!? Só me faltava essa! A bixa vai ficar insuportável!

- Ai que lindo! Um dia Jeannie é um Gênio, no outro, Cinderela! Adorando Jovem Perseu! – disse olhando pro alto com um olhar pensativo.

- Êpa, êpa, êpa! – interrompeu Tereza Cristina a empolgação de Crô.

- Por favor, minha Rainha do Nilo – diz Crô reverenciado no máximo charme possível – deixe esse seu humilde serviçal realizar um sonho de princesa. – disse ajeitando as madeixas.

- Hmn... Pode ser algo de interessante enquanto fico por aqui. – disse coçando o longo queixo. – Mas fique algo bem claro biba, é até meia-noite! – disse apontando um dedo pra Crô.

- Ai, que lindo! – disse Crô rodando em volta de si. – Ai não! Para tudo! Por mil Lady Gagas! – disse levantando as mãos em susto. – E minha noite de núpcias em Búzios? – falou tampando a boca com as mãos. – Não posso ficar sem o meu avelã em cima do bolo! – disse passando uma mão sobre o peito.

Enquanto isso na Igreja da Penha Edvaldo já andava preocupado com a demora de notícias sobre o Crô. E o povo não parava de comentar. Além de Tereza Cristina, outras almas estavam presentes.

- P*RR@! Esse negão vai rasgar esse v!@d* no meio! – comentou Dercy impaciente balançando sua famosa bengalinha preta.

- Imagina a medida desse homem! Huumn... – pensou Clodovil em voz alta, fazendo um bico e olho pro alto.

- P*RR@! A bixa também ta doida pra ser rasgada né. Esses v!@d*s de hoje em dia, se f#d*r! – retrucou Dercy, impaciente.

Na casa Crô e MaGá conseguiram convencer Tereza Cristina a deixá-lo casar, mas a noite de núpcias ficou pra Tereza Cristina pensar e depois do casamento ela daria uma resposta. MaGá prometeu a Crô pensar numa solução, mas que ele já tinha que correr pra Igreja porque a av. Brasil é uma merda e o Edvaldo o esperava. Antes ele de fina estampa, casar na lagoa ou qualquer outro lugar da Zona Sul! Então apressaram Baltazar e foram no Rolls-Royce Crô, Celeste e Tereza Cristina no banco de trás – com o Crô não parando de olhar pra janela e Celeste não entendendo nada. Na frente MaGá e Baltazar, com ele reclamando o tempo todo da vida.

- Acelera aberração! – disse dando uma tapa no ar. – Meu chocolate me espera, tenho que chegar antes que ele derreta. – diz ajeitando o penteado e olhando no espelho de bolso.

- Relaxa bebê! É praste chegar atrasado no casamento. – comentou Tereza Cristina olhando pra janela, como se ignorasse todos.

- Huuum! – disse fazendo bico pra Tereza Cristina – Mas tempo é o que ta me faltando né... Ai minha tão sonhada noite núpcias! – disse se abanando com uma mão.

- Tudo bem Crô? – perguntou Celeste não entendendo a conversa de Crô com a janela do carro.

- Liga não Solineuza, vai da tudo certo! – respondeu MaGá.

Chegando na Igreja da Penha, mas um probleminha de última hora. Quem seriam os Padrinhos? Edvaldo já estava tentando entrar em contato com Crô ou Celeste a muito tempo, mas não conseguia. Edvaldo já tinha o deles, o galã da loja de motos e a professorinha, e o ex-Rosa Chiclete e a filha da Pereirão. Na correria e de última hora Crô escolheu o deles. Já estava meio que certo, apenas não tinha feito o convite. Mas com a pressa da ocasião, virou ordem.

- Zoiudo e Celeste, Jovem Perseu e... – disse se abanando um pouco –  Minha Rainha do Nilo.

- Mas que Rainha do Nilo Crô? Desculpa amiga, mas ela já foi. – disse Celeste tentando consolar Crodoaldo.

MaGá recebeu a notícia com espanto, olhava pra um lado e pro outro tentando ver a tal rainha, mas não consegui ver nada.

- Hmn... A biba ta tentando comprar a noite núpcias? Hâhâhâ... – comentou Tereza Cristina com os braços cruzados.

Depois de toda confusão relâmpago da entrada, lá estavam todos no altar. De um lado os padrinhos do Edvaldo, e do outro Celeste toda chorosa ao lado do Baltazar todo rabugento, e MaGá de braços cruzados com... O nada. Tinha no rosto um sorriso amarelo de todo sem graça, e tinha a impressão de os outros estarem comentando dele. Mas na verdade, o assunto era mesmo, o Crô e o negão.

- Nossa, olha esse chocolate com quem o Crô se arranjo? – comentou a extravagante Valéria.

- Um diamante negro, né Valéria. Já tentou me pegar, mas sabe como é... Eu sou uma mulher difícil né. Linda como eu, não posso dar mole. – comentou Janete.

- Te pegar babuíno? Só se for de porrada, e com uma chave de grife pra ver se acerta esses seus dentes e concerta! – retrucou toda debochada e com gargalhadas a Valéria.

- Hahahah... Você é muito engraçada mesmo Valéria. – respondeu Janete com uma risada medonha.

- Aquilo ta mais pra um Ferrero Rocher, e ainda é mecânico. Me sujaria toda de graxa na mão daquele negão. – se treme toda. – 

Adoraria me lambuzar toooda naquele chocolate. É ferro no meu Chê! Há há há...  Ai, como eu sou bandida! – disse Valéria cheia de risos maliciosos.

Já no altar MaGá tentava ajudar Crô pra noite de núpcias, meio estranho porque falava com o nada, mas tentava algo.

- Então senhoria Tereza Cristina, libera a noite de núpcias pro Crô... Custa nada. – falava MaGá com o nada, com maior cara de maluco.

Enquanto o padre fazia sua cerimônia, Crô só observava de canto de olho Tereza Cristina com um sorriso todo maldoso pra cima dele. Sabia que o tempo tava passando, então olho pro MaGá com uma cara de “Vai, desenrola logo minha noite de núpcias!”. Em meio ao desespero ele meio que da uma paradinha na cerimônia e pede pro padre agilizar a cerimônia porque o tempo urgia e ele também queria dar uns uivos ainda hoje.

Nesse meio tempo, MaGá começou a ver Tereza Cristina a surgir no seu lado. Um baque! Em meio ao susto ela começou a virar o rosto lentamente em sua direção e abrir um sorriso, aquele sorriso... Seguido por uma risada bem horripilante.

“Nossa, parece mesmo aquele boneco dos jogos mortais! Que merda!”

- Então Senhorita Rainha de Todas as Almas e coisas do tipo, tu poderia pegar meio leve com o Crô e liberar ele não? O cara já ta na hora de se aposentar por tempo de serviço prestado. Ajuda aí. 
– tentou argumentar MaGá.

- Hâhâhâ... – riu malignamente Tereza Cristina.

- Leva contigo o Pereirinha, melhor comer um Robalo frito nas profundezas do que uma gazela né, não?! – disse MaGá apresentando um novo ponto de vista.

- Humn... Interessante observação. – disse tamborilando os dedos no queixo. – Pensarei nesse seu ponto de vista. – respondeu Tereza Cristina.

Enquanto MaGá piscava o olho pro Crô como sinal de que tudo deu certo, o Edvaldo já dizia o sim. O Crô de imediato já respondeu.

- SIM!

Antes de o padre terminar a frase de “pode beijar a noiva, ou noivo...” Crô já puxou Edvaldo pelo braço e berrou pra todos.

- Obrigado people pela presença, - dizia as pressas e acenando – mas minha noite de núpcias em Búzios me espera! Vai ser tudo. – disse mandando beijinhos com a mão enquanto andava.

MaGá então vê Tereza Cristina acenar um adeus pra ele, o que fez pensar que iria atrás do Pereirinha. Como de certo aconteceu. Enquanto estava no seu barco, o tempo do nada fechou e do nada apareceu ela ao seu lado.

- E como vai meu Robalo? – perguntou Tereza Cristina num tom malicioso.

- Ou eu bebi demais ou a madame morta ta aqui do meu lado. – disse esfregando repetidamente os olhos.

- Vim te buscar homem das cavernas. O lugar do Robalo é comigo! – disse Tereza Cristina, antes mesmo do Pereirinha poder dizer alguma coisa, os dois somem.

Nesse mesmo momento Crô usou seu piri-pi-plin e já estava com Edvaldo em Búzios. Esperava a muito tempo por isso e já estava no banheiro se retocando.

- Espera meu chocolatezinho... Já estou chegando. – disse abrindo lentamente a porta, e vindo com um roupão branco de seda.

Quando se deparou com Edvaldo de roupão na cama se arrepiou todo, aquilo estava mesmo acontecendo. Quando Edvaldo, deitado na cama, abriu o roupão sobre a cama...

- Aiii! – disse tapando o grito com as mãos. – Essa Excalibur vai acabar comigo... Oh Zeus! – disse olhando pro céu! – Crodoaldo Valério, seja macho! Foi isso o que sempre quis, e é o que vai ter!

- Vem Crô, deita aqui. – disse Edvaldo dando uns tapinhas ao seu lado na cama.

- Ui! – disse olhando pro alto. – É hoje que me lambuzo nessa fonte de chocolate! Aiii! – disse com um sorriso malicioso no rosto e em seguida voando pra cama.

No dia seguinte depois de muito vuco-vuco Crô era só alegria e sorrisos, e cama é claro, o Edvaldo acabara com ele.  Baltazar seguia sua vida reclamando de tudo e de todos, principalmente da sua filha com sua saia curta e seus chão chão chão pela vida. Já MaGá seguiu pra faculdade, nem sabia como dizer isso tudo aos amigos, ninguém acreditaria. Foi como se tivesse tido um sonho muito, mais muito louco!

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