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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ataque Velhotinamita no Elevador

Existem vários tipos de fobias; aracnofobia, claustrofobia, homofobia e outras. MaGá não tinha medo de velhos, mas quase pegou uma fobia pelos mesmos. Ele precisou apenas de NOVE andares pra isso quase acontecer. Assim como o queijo é derivado do leite, nesse período o que ele mais ouviu foi a palavra velho e seus derivados. Velho, caduco, dentadura, osteoporose, artrite, sogra e outros.

Tudo isso aconteceu no hospital. Tinha que ser né. Manicômio está para os loucos, assim como hospital está paras os velhos. Certo, MaGá estava chato. Um momento TPM, menopausa, andropausa, alguma coisa do tipo. Naquele dia, passou dos 35 pra ele já era velho.

O saguão parecia uma cesta de frutas, mas só que com ameixas e maracujás.

“Nossa... Que horror!”

Já no térreo os velhinhos começaram a atacar sua fúria. Um tiozinho apertava sem parar o botão que chama o elevador.

- Nossa, que elevador lerdo! – reclamava o velho, apertando repetidamente o botão.

“Oh velhote isso ai não é campainha não!”

- Tinha que ter um elevador preferencial – dizia uma velhinha.

“Quer montar em mim e eu te carrego? Cada uma!”

Beleza! O elevador depois de alguns minutos e muita historia de dor nas costas chega. Todos vão entrando, porém o elevador só suporta onze pessoas e um determinado peso. Vai dizer isso para os velhotes.

**Apito chato do elevador**

- Não vai dar não, vai ter que sair alguém. – diz a mocinha dos controles.

Engraçado, ninguém comenta nada. Os dois últimos a entrarem se fazem de maluco como se não fossem com eles. Olham pra baixo, pra cima... Até uma velhinha metida à engraçadinha resolver se manifestar. Aí a confusão tá formada.

- E aí, o último não vai sair não? – diz a engraçadinha.

- É você. – comenta o quarentão.

- Claro que não! Eu cheguei primeiro que você na fila, você que furou fila.

- É... Pesado é o peso da consciência! – comenta um velhote filosófico.

“Ah, vai dar uma de Bial agora? Era mais vantagem eu ter ido de escada...”.

- Mulheres... – sai resmungando e reclamando o quarentão.

“Mulher é F*d4 mesmo! Direitos iguais ‘my left egg’, vai de escada. Ah não, aí seria deselegante”.

Depois de todos ajeitados e o quarentão expulso, a mocinha fecha a porta. Era por volta do meio-dia. Era hora do almoço. Uma velhinha resolveu reclamar da comida.

- Nossa, viu aquela carne? Estava muito dura e foi um sufoco pra minha tia comer. E a sobremesa, pera dura também.

- Esqueceu o Corega minha amiga, Hihihi – mas uma vez a engraçadinha roubando a cena.

- Hehehe... Pior que a dentadura dela caiu na sopa mesmo...

“Velho é sempre inconveniente! Eu nem comi ainda!! Quero ficar sabendo de dentadura na hora do almoço!? Pelamor!”

-... Coitada, ficou cheia de vergonha. – concluiu.

“Só se for de tu! Parece minha mãe fazendo de tudo pra dizer as minhas situações constrangedoras pros outros... Velho tem dessa mania mesmo, adoram causar vergonha alheia.”

No terceiro andar entra um marinheirozinho. Um oficial que estava no elevador pede pra ele levar um documento no 11º. O jovem rir sem graça, não quer, mas o outro é superior né. Nessas horas ficamos quietos e obedecemos, não queremos é problema. Porém os velhotes sempre conseguem um jeito de nos deixar sem graça. Normalmente são os avós, mas velho é velho, sendo da família ou não, parece que quando passa dos 50 o objetivo é esse.

- Acho que ele não gostou muito não, – hihihi – olha a cara de quem não quer levar... – meteu o bedelho a engraçadinha.

“Velha chata, não cala a boca! Vou da um saquinho de vírgulas pra ela.”

- É meu jovem...  Manda quem pode, obedece quem tem juízo! Já passei muito por isso hahaha... – filósofa o velhote, querendo dar uma de engraçadinho também.

O jovem fica todo sem graça...

- Tem algum problema oficial?!! – pergunta o superior, fazendo pose de tal.

- Não senhor, claro que não. Estou indo para aquela direção, Senhor.

Sai o oficial no 4º andar. O marinheirinho fica só na careta pra com a velhinha engraçadinha. Seus olhos diziam:

- Se eu te pego... Te mato! Velha!!!

MaGá sentiu aquela vergonha alheia. Em seguida entra mais 2 senhoras. O assunto era o problema da mãe de uma.

- Minha mãe ta com arritmia...

“Se tua mãe não tivesse nada, e estivesse internada aqui, te levava pra psiquiatria!”

-... O médico falou que o normal de batimento é por volta de 60, 70, por aí. Tem horas que ela chega a 200. Mas segundo ele vai ficar tudo bem. – comenta aliviada.

“200 batidas? Tá mais rápido que o fusca do meu tio.”

Outra senhora entra no meio da conversa. Velho adora fazer isso, abriu uma brecha, tão loucos pra bater um papo... No ônibus, fila de banco, banco da praça...

- A vida é engraçada né...

“Ih! Vai filosofar! Velho se acha Gandhi, Oráculo... Nunca vi gostar de passar experiência”

- A sua esta com problema porque o coração esta batendo rápido de mais, o problema da minha já é porque não tá batendo direito. Veias estão entupidas...

“Isso é problema de boca maldita! Adora comer besteira, nessa idade ainda então...”

- Minha mãe também, só quer saber de comer gordura, glace de bolo... Velha maluca mesmo né! – disse a velha intrusa.

“Ih! A suja falando da mal lavada... Olha a cara de quem já ta usando dentadura, não dou 2 meses pra começar a reclamar da coluna!”

- Se bem que eu deveria estar aproveitando o hospital e ir no médico, essas costas já estão me matando... – completou a velha intrusa.

“Não deu nem 2 minutos!”

- O nove ta marcado? – pergunta MaGá a mocinha dos controles.

- Sim.

- O jovenzinho ta com pressa? Olha que é muito novo pra ter pressa das coisas hein... Hehe – comentou a Velha engraçadinha, dando uma de intrusa.

MaGá responde com um sorriso falso e irônico. Chega o nono andar, pra felicidade de MaGá. Quando sai ele já da de cara com um engarrafamento de cadeiras de rodas. Tinha dois tiozinhos, meio que disputando território. MaGá ameaçava ir pro lado, um deles ia. Ia para o outro, o outro tiozinho chegava junto. Chegando no limite do nervosismo, na beira da fobia... Os dois entram em outro corredor. Num suspiro de alivio MaGá chega ao quarto de sua avó. Ela também estava com arritmia, mas tava mais pra velocidade de um FIAT 147 do que um terremoto no Chile.

- Oi Vó, tudo bem com você? Minha mãe já ta chegando.

- Tudo meu filho, e você? Pega minha bolsa ali, por favor. – apontou e MaGá foi busca-la.

- To bem, ta uma calorzão lá fora, mas aqui dentro tá frescão! Vó tem umas senhoras aqui...

- Aqui meu filho – entregou 50 reais na mão de MaGá – pra você ir comer alguma coisa. Mas o que você tava falando?

- Eu? É...

Chega a Mãe de MaGá.

- E aí Mãe, como você ta, melhorou?

- To bem filha, ta melhor.

- É, bem... vou indo ali na lanchonete... Beijão vó, te AMO! - disse MaGá com um maior sorriso no rosto.

E saiu MaGá feliz da vida. Do lado de fora viu vários velhinhos dóceis e bonitinhos. Quando chegou no elevador pensou duas vezes...

“É melhor ir de escada...”

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