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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Cachorros me Mordam!


Era sexta-feira, dia de se esbarrar por ai. MaGá recebe uma mensagem da Pri perguntado onde está, “- eae, vc está onde? A salinha esta cheia, onde nos encontramos?”. Ele ta meio quebrado do feriado com os amigos e tá tomando uma cerveja no quiosque, mas quando a mensagem chega, ele olha e já pensa de primeira “- é ta chegando a hora de comparecer”, procura sinal e responde “- to terminando a cerveja aqui no quiosque, já já te procuro”. Coincidência ou não, MaGá se esbarra com Pri na pracinha e já manda o recado pro seu amigo.

- É, vou ficar por aqui mesmo.

- Já é, depois a gente se fala.

Ali estava Pri e sua amiga Preta. Ele marca um tempo ali, se faz de maluco e não comenta nada por amiga está ali perto. O que é se “fazer de maluco” mesmo, pois a amiga sabe de tudo e mais um pouco sobre o que rola com eles. Até que começam um papo qualquer sobre livro e MaGá lembra que tem um livro pra emprestar à ela. Então resolve ir ao quarto pegar, até porque tava na hora, o clima de “se faz de maluco” tava chato já.

Voltando do quarto MaGá entrega o livro a Pri e depois de uns cinco minutos de conversas nada haver sua amiga resolve ir dormir, claro, porque está cansada ou chegou a hora, ou qualquer desculpa do tipo pra acabar com o clima “se faz de maluco” de MaGá. Antes de sair Preta deixa um recado.

- Não vão dormir tarde de novo hein! Cuidado que está cheio de tarados por aí! – diz com uma cara de sarcasmo.

Pri se tornando uma excelente canalha, não perdoa e solta um.

- Ui, ui delícia!

Foi a deixa pra MaGá ficar sem graça e pensando, “é bem melhor quando todos se fazem de maluco mesmo”. Já que eles resolveram ficar nessa sacanagem de se esbarrar por ai, se fazendo de maluco sem ninguém saber e coisas do tipo, depois que a Preta foi embora eles começaram a conversar coisas do tipo nada haver. De vez em quando rolava aquelas boas e velhas “diretas indiretas”, tudo isso porque não tinha passado de meia noite e tinha bastante gente ao redor da pracinha.

Até... Que um deles aparece. De mancinho ele chega e cola do lado da Pri, um vira-latinha, tinha cara de macho, porém tinha tetas, vai saber, de repente a moda #GLBTTSeafins chego para os cachorros também. A Pri adora cachorros, assim como eles adoram ela. MaGá nunca imagino que isso poderia ser um problema, se ficassem latindo para o vento lá longe dele, tudo bem, e assim eles conviveriam em harmonia. Mas nem tudo são rosas para MaGá. A Pri da uma afastada no cão para eles ficarem mais a vontades, até porque tudo tem sua hora, até a hora do carinho dos cachorros. Na verdade tava chegando a hora do carinho para outro cachorro, o MaGá, assim como ela as vezes chama ele, sem sua aceitação, porém na hora da sacanagem tudo vale. Na verdade quase tudo se é que dá pra entender.

Papo vai, papo vem e as indiretas vão ficando mais diretas e o ato de se fazer de maluco já vai perdendo sentido, até a Pri começar.

- Será que a salinha tá cheia ainda? – diz com aquela cara.

MaGá pra não sair do papel de maluco segue o fluxo.

- Pois é, não sei. Ta aceso ali, vou dar uma olhada.

Depois de dar uma olhada e confirmar que realmente está cheia os dois soltam um “que merda!”, na verdade não dizem nada, mas com certeza pensaram o mesmo. De volta à pracinha os dois sentam e nada sai, o papo de maluco evolui até não precisar dizer nada e ficar só o silêncio. Isso quando a Pri resolve tomar as rédeas e ser o macho do romance.

- Eae, vamos para onde? – pergunta Pri lançando na cara, pra vergonha de MaGá.

MaGá fica meio assustado e pelo visto vai ter que comparecer legal, e ele já tava meio cansado da viagem.

- Não sei – diz simplesmente com um sorriso idiota. – Acho que demos mole, sei que é um tanto de atrevimento, mas bem que a gente, humn... numa próxima ocasião dê pra usar o carro da Preta, olha ali, bem escondidinho atrás.

Pri sorrir, mas depois faz um cara de decepção, acha a idéia excelente, mas não perde a oportunidade de dar uma “bola fora” em MaGá.

- Muito bom mesmo, por que você não pensou nisso antes. Agora a Preta ta dormindo e nem sei onde tá a chave, ela vai me matar se eu for lá acordar ela. Por que você não penso nisso antes!?

- Ué, pensei né. Agora fica pra próxima, e se falo na hora também, sei lá. Nada haver.

Até que MaGá repara Pri olhando de vez em quando, muito pro salãozinho da praça, ele também já tinha reparado o salão meio ali distante e meio escuro também, mas preferiu não comentar nada. Até porque não sabia o quanto ou onde a Pri toparia “se esbarrar por ai”. Então ele resolve se fazer de maluco pra saber se é uma boa ou não.

- O que tanto tu olha pra ali? É o salãozinho mesmo? O que a senhorita está pensando, hein. – pergunta MaGá.

- Ué, tava pensando que ali pra aquele lado é escuro e não parece ter ninguém por ali.

- É, tava pensando o mesmo, na verdade, tava pesando se a portinha é aberta e da pra entrar. Quer que eu vá ali dar uma olhada?

- Tá esperando o que!? Haha. – diz com um sorriso malicioso.

Pois então é aqui, que começa a história e MaGá com seus problemas. Ele resolve então de mancinho e na estreita, pra ninguém perceber, verificar como é para entrar no salão da praça. Beleza! MaGá chegou até lá e tranqüilo, reparou que não tem portinha e que até que é bem escurinho o local. Como diz em uma musica que ouve do De Leve, “perfeito pra se dar uns peginhas!”. O problema então começa agora, é na volta. Quando MaGá está à uns 10 passos de Pri o vira-latinha se levanta e começa a latir, mas não é um “au au” qualquer não, o cão pirou. Ele se aproxima do MaGá querendo chamar a atenção lá na China e não foi só o berreiro do cão não, o danado quis botar medo mesmo. Lançou os dentes pra fora e continuou latindo e ameaçando morder sua perna, chegando bem perto, mas perto mesmo! Sem ter a mínima idéia do que fazer MaGá apelo para Pri.

- E ae, tem como dar um jeito aqui?!! – disse tremendo as canelas.

A outra só sabia é rir, só depois que ela resolveu levantar e tentar amansar a fera com uns “calma, xiii, xiii..” o que de nada adiantava e MaGá só um pouco desesperado, não sabia se ficava preocupado com o cão tentando morder ele ou com o latido infernal chamando a atenção alheia. Sem ter muita idéia do que fazer e com a vergonha de algumas pessoas irem ver o que tava acontecendo, MaGá resolve arriscar sair de perto.

- Bora logo pro salão! – disse chamando Pri e puxando pela mão.

- Hehe ta bom, vamos lá.

Aos poucos e de vagarinho eles vão andando pelo canto, claro e o vira-latinha vem junto, mas agora, com direito a um amiguinho. O outro sem latir e nem ameaçar, mas dane-se é mais um cão com dentes o seguindo. Assim com Pri e seus seguranças eles vão chegando ao salão, não muito sutilmente, mas chegam. MaGá pensou que chegando lá os vira-latinhas partiriam a procura de outra perna fina pra roer, mas nada. Tava só começando.

MaGá tenta relaxar e aproveitar o momento com a Pri no salão, mas não consegue focar, tem um cão latindo e olhando pra ele. Então chega um momento em que o cão para. MaGá para e reflete, acha que é a chance de relaxar e aproveitar. Porém antes ele prefere conferir se o cão realmente foi e pra surpresa, não! O danado do cachorro deita do lado de fora do salão e banca o vigia, do pior o melhor, o bicho ta quieto e MaGá relaxa e começa a aproveitar. Quando começa a fluir, nos fundos do salão cai uma folha ou passa um gambá, seja o que for o cachorro volta a latir pro vento igual um maluco. “filho da p#t4!” pensou MaGá e de imediato dês - relaxou, Pri na hora percebeu e não perdeu tempo, sacana como sempre, zoou.

- Haha, ta com medinho é? Hahaha.

- Tu ta de sacanagem comigo né? Não era contigo que ele tava latindo com os dentes pra fora!

Mas o pior ou algo do tipo ainda tava pra acontecer, o danado não parava de latir, a folha ou o vento já tinha ido e ele tava lá firme e forte. Latiu tanto que conseguiu chamar atenção dos cachorrinhos do outro lado da praça, virou um inferno! MaGá já nem sabia o que pensar, já imaginava alguém aparecendo pra ver o que de errado tinha acontecido com aquele cachorro. Pri de novo percebeu a preocupação de MaGá com todos os cachorros começando a latir e não se agüentou de rir.

- Hahahahaha.

- Você ta rindo de quê? Esse cachorro não para de latir. – disse cheio de nervoso.

- E agora ele ta chamando os amiguinhos dele pra ajudar ele. – disse ela cheia de deboche.

- Ah não! Sério, tu também acha isso? Pensei nisso, mas achei que era viagem da minha cabeça. Que merda!

- Hahahahaha. Tenho que te dizer uma coisa. Sei porque ele ta latindo desse jeito.

- Ih, o que houve agora? – perguntou já preocupado.

- É que duas vezes ela foi atropelada e eu cuidei da patinha dela, então agora ela ta cuidando de mim. Me protegendo! – diz ela com um sorrisão no rosto.

- Ótima oportunidade pra dar uma de Madre Teresa de Calcutá dos cãozinhos abandonados!

Latidos vão, latidos vem e os latidos só aumentam, então MaGá resolve olhar pela muretinha e ver algo inacreditável e assustador. O vira-latinha estava de um lado da praça junto com o pequeno mudo latindo igual louco para uns 4 ou 5 cães do outro lado, tava parecendo uma cena de “Gangues de Nova York”, até outros dois aparecem em um outro canto. MaGá então fica desesperado, “como assim isso tudo aqui, como eu vou embora agora?” até que ele vê que o vira-latinha tá longe e vê uma boa deixa pra ver como é lá no fundo do salão, tinha uma muretinha maior como se fosse entrada de banheiro e ele já pensa que se tiver um espaço bacana ele conseguiria ficar com ela lá, e quem sabe os cachorros não achariam ele. MaGá mansamente  vai até o fundo e ver que dá um bom local “para se dar uns peguinhas!” e chama a Pri, que logo em seguida vai.

Em imediato MaGá relaxa e começa a aproveitar o momento, e assim as coisas foram esquentando, até que – quantos “até que” vai ter essa bendita noite não!? – o silêncio toma conta. Como um bom viciado em filmes MaGá estranha, silêncio repentino sempre acaba em mortes em filmes. Então ele para, olha pro teto tentando focar e respira fundo pra prestar atenção, e ele começa a duvidar que tá escutando a respiração e o caminhar do cão mais perto, assim como em filmes de terror. Mas tinha algo errado, a Pri tentava porque tentava parar de rir, MaGá não tava entendendo nada e ficando louco. Como assim ele tava ali piradão com a situação e a outra se esforçando pra não gargalhar. Até que ele olha pra baixo e ver o vira-latinha ao seu lado respirando perto da sua canela, de imediato ele trava, e claro, fica muito puto! Não adiantou nada ir até os fundos se esconder.

- Era disso que você já tava rindo né. – pergunta MaGá, olhando pro alto e evitando olhar pro cachorro.

- Sim!

Diz ela com um sorriso no rosto e apontando pra parede, onde MaGá repara a sombra do pequeno mudo sentado lá.

- Então você viu esse danado se aproximando e não falou nada.

Mas como fosse alguém apenas querendo vigiar o que estava acontecendo o cão saiu, e assim que se foi MaGá foi espiar se tinha saído do salão. Que nada, apenas parou deitado atrás da muretinha de onde estavam.

- Relaxa meu bem! – diz ela com malícia.

Assim MaGá tentou relaxar e continuou ficando com a Pri e aproveitou muito bem o tempo de silêncio com ela. Com o fim dos “peguinhas!” ele por um instante pensou e até comentou com ela.

- Será que eles foram bonzinhos até demais e apenas ficaram por perto pra vigiar ninguém de entrar ou se aproximar? Acho que se foi isso mesmo tava sendo um pouco injusto com ele – diz MaGá com um sorriso satisfatório no rosto.

- Ta vendo, eles são umas graças, você que é um idiota mesmo.

Não passa dois minutos depois e começa a barulheira de novo, “p#t4 m*rda!” e MaGá não acredita, já começa a imaginar a merda que vai ser sair do salão, já se imaginava pendurado no muro fugindo das mordidas dos cachorros enquanto a Pri saia tranquilamente do salão, e até aparecer pessoas para verem o que estava acontecendo com os cachorros e ver um ser pendurado do muro. Que desculpa usar nessas horas!? Antes que algo como isso pudesse acontecer MaGá já se oferece para ir embora.

- Já deu né, vamos? Só quero ver como vou sair daqui. – diz todo preocupado, imaginando uma fuga.

- Haha, eu to tranquilaça. Sabe que eles vão atrás só de você né, enquanto eu vou sair tranqüila pro meu prédio.

- Aff! Vamos indo.

Os dois foram saindo de mancinho pelo salão pra não tentar chamar atenção, querendo aproveitar o momento em que os cães estavam berrando uns contra os outros lá na praça. MaGá então pensa que o melhor a se fazer é sair pelos fundos do salão, indo pelo mato e evitar os cães. Pri ri da situação, e ele se não estivesse nervoso também riria. Como assim fugir de cachorros pelo mato? Ele com certeza estava esperando uma noite mais tranqüila. Ele se despede da Pri e sai mansamente pelo mato com sua lanterninha do celular ligada. Quando chega ao corredor para seus prédios vê a Pri indo, e acaba chamando ela de novo para se despedir no hall entre os corredores do seu prédio para o prédio dela. Ali no silêncio e sós, eles voltam a ficar e rirem da situação. Tudo muito bom, até – de novo o até – o vira-latinha aparecer no hall e senta ao seu lado. “Cachorros me MORDÃO!!!” – clichê a expressão, ok. Já traumatizado MaGá ri de nervoso e, dessa vez “à vera”, se despedi da Pri.

- É, vou indo nessa, esse cachorros não vão me deixar em paz mesmo hoje. Vou aproveitar que ele ta manso aqui do seu lado e vou.

- Ta bom então.

- Vai lá, leva esse cão contigo e não deixa ele voltar.

- Tchau medrosinho, haha. Até a próxima. – disse ela se despedindo e levando o cão junto.

Assim ela segue seu rumo ao seu prédio com uns três cachorros seguindo e MaGá vai em direção ao seu prédio com as canelas tremendo, de frio claro, e vai rindo. E a máxima continua, tem coisas que só acontecem com ele.

Um comentário:

  1. Essa é a melhor história! Sempre dou muitas risadas!
    Acabo me colocando no lugar da personagem... O nervosismo de enviar a mensagem sem saber se a outra pessoa vai responder, o coração saltando pela boca quando a pessoa responde, convencer a coitada da amiga a segurar vela e pedir para fingir que as duas só estavam passeando, as dúvidas que sempre me assolariam pelo fato do personagem ser tão tímido e só querer ter encontros escondidos, a conversa na mureta, os livros, o carro da amiga, os cachorros, a fuga, o medo dele de que alguém visse os dois juntos, a sombra do cachorro na parede, a despedida e as risadas que sempre seriam dadas.
    Aposto que essa noite teria sido muito engraçada e feliz, uma daquelas para lembrar nos momentos ruins e para dar forças para ela seguir em frente.
    Confesso que não gosto muito do final, pois eles acabam indo em sentidos opostos.
    ...”Assim ela segue seu rumo ao seu prédio com uns três cachorros seguindo e MaGá vai em direção ao seu prédio com as canelas tremendo, de frio claro, e vai rindo. E a máxima continua, tem coisas que só acontecem com eleS"...
    E uma frase que imagino que um personagem canalha diria no final de mais uma noite: a gente se esbarra.

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