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terça-feira, 17 de julho de 2012

'Baseado' em uma História Surreal


MaGá sabia que mais cedo ou mais tarde passaria pela experiência da ilícita, e em certas circunstancias até licita – e simpática, fora o preconceito – droga mundial. Subliminarmente dizendo. Não que ele não tenha passado pela experiência antes, mas como os conhecidos do assunto dizem ou aqueles que se acham, é preciso mais que apenas uma pitada na pantera para ver, sentir, sabe...

Primeiro contado foi no SRD com um conhecido do Manolo, Bola. Ele morava no mesmo corredor e não largava o osso de jeito nenhum. Tudo era motivo, e sempre que possível dava uma pitadinha. Depois de acordar, afinal, nada melhor que começar o dia de boa. Antes do trabalho, afinal, trabalho é trabalho e é sempre um saco. Depois do trabalho, afinal, trabalho é sempre cansativo, tem que relaxar. Antes de dormir, claro, tem que dormir de cabeça fresca. E claro, sem contar os momentos de comemorações que merece uma comemoração, e também antes de uma boa refeição pra dar um apetite. Dizem que é melhor que Hidropônico Fontora, acredito que seja esse mesmo o nome, eu acho.

Uma coisa que MaGá admirava em relação aos seus “usuários” era comunhão entre eles. Se um copo de água não se nega a ninguém, em momentos de confraternização entre amigos isso muito menos. É sempre um “passa aí”, “vai?”, “hehehe”.

Bola foi o primeiro a oferecer pra MaGá. Costuma-se ter um espirito doador, mas até certo ponto.

- [\Prende] E aí MaGá [\Solta] Vai? – pergunta Bola.

- Não, valeu! – responde MaGá educadamente, pra não parecer desfeita.

- [\Prende] Beleza! [\Solta] – responde Bola soltando fumaça e uma respiração funda.

MaGá não tinha muito contato com Bola, mas por ser amigo do Manolo, sempre tentou. Porém nunca deu muito certo.

- E aí Bola, bora almoçar? – perguntava MaGá sempre que possível.

- Nem rola, fica pra próxima, vou comer um salgado com refresco ali na tia Sônia. – respondia Bola antes de ir pro trabalho.

E assim era comum em qualquer dia.

- Bola, e aí, a galera ta indo jantar, vamos?

- Tranqüilo, vou fazer um miojo aqui mesmo. – respondia Bola.

Comer com o Bola era só na hora da famosa larica, momentos de saldaginhos, doces e afins. Fofura, torcida, até paçoca e amendoim. Tudo que é comestível é bem vindo ao Bola.

“A dieta saudável que é sonho de qualquer nutricionista.”

Bola chegou a oferecer outras vezes a MaGá, mas como ele sempre negava, não ia ficar insistindo né. Não ia ficar desperdiçando saliva com oferecimentos atoa né, afinal tinha que utiliza-la para... Sabe-se.

Certo dia MaGá foi fazer um bico de garçom junto com Manolo, algo muito comum no SRD. Sempre que possível os mais jovens procuram esses serviços pra fazer um dim-dim extra. Eles iriam para Santa Tereza, num evento pequeno e simples. Lá MaGá conheceu Doido, outro conhecido do Manolo, mas esse aí, bem doido!

- Aí MaGá, esse é o Doido amigo meu. É gente boa. – disse Manolo, apresentando Doido com uns tapinhas nas costas.

- Fala aí, prazer! – responde MaGá com um aperto de mão.

- Ta tranquilo! – diz aperta a mão – Bora fazer esse serviçinho aqui e depois cair pra Lapa, to com uma paradinha muito boa aqui. – diz Doido com um sorriso no rosto.

Então foram todos para as suas respectivas obrigações, e depois de alguns refrigerantes, salgadinhos e cachorros-quente servidos o trio se preparou para uma volta pela Lapa. Na descida de Santa Tereza, Doido resolveu parar em um canto e pediu pra turma esperar. Achou seu canto para dixavar e apertar o bendito. Doido então aperta um fininho, bem caprichado.

- Cara, isso não ta muito fino não? – pergunta MaGá curioso – Já experimentei antes e nunca senti nada. Nem sei... deve da no mesmo. – comentou meio desanimado.

- Relaxa, tem um aditivozinho aqui. – responde Doido com um sorrisão.

Depois de preparado, começou o ritual do “passa”. Depois de Doido e Manolo chegou a vez de MaGá. Não estava muito animado com a coisa, nunca rolava algo demais. Mas depois de demonstrar um desanimo inaceitável, Doido resolveu instruí-lo por um caminho melhor.

- Relaxa. – disse passando pra MaGá – Puxa como se estivesse tomando o finalzinho da última coca-cola do deserto, de canudinho. – completou viajando, e não na maionese. – Puxa devagarzinho, mas com vontade de apreciar. – instruiu Doido em detalhes.

MaGá então puxa.

- Vai, de leve e com vontade. – depois que MaGá puxa Doido completa. – Agora prende.

- [\Prende] Hum?! – indaga MaGá levantando a cabeça e mirando Doido com os olhos sem saber o que fazer.

- Cala a boca, segura! – retruca Doido dando um tapainha na cabeça de MaGá, pra em seguida completar. – Solta agora, slowly, devagar... – disse com um sorrisinho malicioso no rosto.

Nisso Manolo é só risos. MaGá então começa a soltar, devagarzinho, fazendo bico. Quando termina, ele sente... Bateu!

“Vixi... F#D&#! P#T4 Q#!7 P4R!#7!”

Ele então para um instante e estica o braço pra passar pro Manolo. Porém quando vai dar um passo pra passar pra Manolo... O mundo de MaGá balança. MaGá sente-se como, em transformação. Seu corpo relaxa, seus olhos levemente se fecham, se avermelham, e suas percepções aguçam. Passado algum tempo essas transformações são sentidas em um ruminar na barriga e uma vontade terrível de fome. No exemplo mais escroto possível, meio zumbi, meio walking dead. Chamem o chapeleiro maluco, acordem a Alice. MaGá acaba de entrar no maravilhoso mundo de Jáh.

Ele não fazia idéia do que tava acontecendo, só via Manolo e Doido rindo, e ria junto com eles. Depois de torrar o fino do Doido eles seguiram pra Lapa, tomar umas no arco. MaGá andava pela Lapa se divertindo fácil e até demais. Depois de umas pelo deposito, arcos, rua de cima, Manolo percebeu que ele estava meio fora de si, e pelo horário resolveu voltar. A volta pro SRD é triste na madrugada. Foi então que Manolo viu o surreal acontecer com MaGá. Já na subida do ônibus MaGá teve uma reação estranha. Deu uma encarada esquisita no motorista, riu e acelerou pra sentar.

- Qual foi MaGá, que houve? – perguntou Manolo.

- Hahaha viu a cara do motorista? Muito doido! Serio, não to zoando, tu viu né? Cara de rato, muito igual.

- Qual foi, tu ta doidão mesmo hein. – disse Manolo.

- Meu Deus, olha aquele ali – disse apontando pra um sujeito de óculos que tava em um banco a direita e a sua frente – oh a cara de Mestre Spliter. – disse rindo no final, tampando a boca em seguida.

- Hahahah... para cara, sussega. – disse Manolo rindo e tentando sossegar MaGá.

MaGá estava vendo tudo que é tipo de rato, mas precisamente personagens, viu o Mickey Mouse, Stuart Litlle, Ligeirinho... mas o mais impressionante e tenso, foi em um outro momento da viajem. O ônibus foi parado numa blitz e quando os “homi” subiram MaGá arregalou os olhos.

- Fôdeu Manolo! Vai rolar matança aqui. – disse MaGá, puxando Manolo pelo braço.

- Qual foi MaGá, tem nada, é só ronda. Relaxa, a gente não fez nada. – disse Manolo tentando acalmar.

- Porra Manolo, ta cheio de rato aqui e a Isetisan chega assim? Vai da merda! – diz MaGá com os olhos arregalados e com cara de desconfiado.

- Hahahaha.. Iseti-o-quê? De dedetização é isso mesmo? Hahah... – ria Manolo da cara de MaGá, mas de forma contida.

A ronda foi rápida e não deu em nada, coisa rotineira. Mas pra MaGá só mostrava que os serviços de dedetização estavam cada vez mais incompetentes.

Seguindo pro SRD MaGá caiu em um poço de criatividade e resolveu compor músicas, tava fácil, tudo surgindo em mente. Ia rindo e escrevendo tudo no celular pra não esquecer. Manolo ia do seu lado sem entender nada, só vendo MaGá mexer no teclado do celular.

- Que você ta fazendo aí? – perguntou Manolo.

- Nada não, mandando umas mensagens pra uns companheiros – disse com um sotaque de Lula – e fazendo umas músicas. – termina com uma piscadela.

- Para cara, que mensagem, deve ta escrevendo um monte de merda. – disse Manolo tentando impedir uma possível merda.

Manolo conseguiu impedir MaGá de continuar, e pra sorte dele MaGá não demoro muito pra cair no sono, mas aparentemente um pouco tarde demais. Ele já tinha escrito algumas coisas. Quando MaGá acorda, uma surpresa, ele já estava no quarto. Levantou da cama e tava com uma sede terrível, foi direto pegar uma garrafa d’água pra beber, tava seca a garganta. De repente ele repara a luzinha acendendo na cômoda. Quando ele pega o celular, 15 mensagens.

“Que merda! Qual foi a de ontem agora?”

Tinham três de sua mãe, sendo uma delas super preocupada.

“Que foi meu filho, não entendi nada, onde você está? Me liga!”

MaGá coça a cabeça e só pensa, “F$%*#!”.

Outra mensagem era de um professor dele, o que não deixou ele nem um pouco feliz, sim muito preocupado. Deu uma golada grande de água antes de ler a mensagem.

“MaGá, não entendo, achei realmente muito deselegante sua mensagem. Espero que possa me explicar melhor o que levou a isso.”

Mais uma coçada na cabeça, dessa vez desesperada. Logo o professor com quem ele está em divida. MaGá se desespera, restavam ainda umas 10 mensagens. Amiga e amigos, pai, tia e até mulher de amigo. MaGá então resolve se fazer de maluco e fugir da responsabilidade das conseqüências. Seleciona todas as mensagens da caixa de entrada e sem pensar deleta tudo. Bebe mais um gole de água, respira fundo, liga o ventilador e volta pra cama. Deitado já na cama fecha os olhos e mesmo não querendo, pensa. Pensa que se F####!

“Na próxima eu passo, melhor assim!”

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