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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sabe Como Eu Sei que Você é Gay!?


Certa vez MaGá, em um dia qualquer da semana, foi fazer uma visita a Alvinho no emprego dele para os dois almoçarem e botarem o papo em dia. Porém assim que chegou já ouviu de Alvinho que eles teriam que almoçar cedo por que tinha que resolver algumas coisas. Tranquilo para MaGá, estava cheio de fome mesmo. Mas antes teriam que passar na farmácia, tinha que comprar algo que o Zéh tinha pedido.

- Então, vai lá e compra...  – disse Alvinho até ser interrompido.

- Como assim vai lá? Ih... Qual foi, o que é que ele pediu? – perguntou MaGá.

- Então, tem que comprar uma paradinha pra ele lá, fiquei de comprar... Compra um KY pro cara. – disse Alvinho dando o dinheiro pra MaGá e se fazendo de maluco.

- Hahahah... Eu né, sempre eu nessas... Por que eu? – indagou MaGá rindo em meio ao absurdo de sempre sobrar essas pra ele.

- Ah cara, deixa de frescura. Você já ta acostumado, é até engraçado, você já sabe. – disse rindo, se fazendo de maluco e entregando o dinheiro pra MaGá.

MaGá então entra na farmácia, sem conseguir controlar um sorriso constrangedor. Já dentro observa todos os cantos da farmácia.

“Caraca, como é? Isso se pede no balcão, apenas pega... Precisa de receita? Será?! Que merda!”

Imaginou se acharia na sorte, sem problemas, mas não foi dessa vez. Restou perguntar a alguém. Se pior, ou melhor, ele não sabia. Certo é que era o mais constrangedor, só tinha mulher trabalhando. E tudo com idade de tia.

“Como abordar numa situação dessas sem parecer tarado? E sem parecer inocente juvenil?”

- É... Vocês por acaso tem... aquele gel... – dizia balançando o dedo, como se procurasse a palavra que faltava – tipo... onde fica... KY, onde pego? – perguntou MaGá depois de tanto procurar uma melhor pergunta e nada.

- Fica ali, na prateleira com as camisinhas. Em cima. – respondeu com a maior naturalidade a moça.

- Ah, valeu! – respondeu com cara de idiota.

“Inocente juvenil!”

Não pensou duas vezes, olhou pra prateleira e pegou a primeira caixa com um K aparecendo. Foi então pra fila, para alegria de Alvinho que estava do lado de fora e só ria de MaGá, quando viu que a maquina de leitura de preço não tava funcionando bem e teve então que a mulher perguntar – não só perguntar, praticamente berrar.

- Ta quanto o preço do K-gel Felipe? – perguntou, melhor... gritou a balconista.

Do lado de fora da farmácia Alvinho quase morria de rir, MaGá quando viu já se ligou que até na rua neguinho já tinha ouvido. Sem graça e cego de vergonha alheia, apenas olhou ao redor com um sorriso constrangedor. Um cara atrás dele ria da situação, mas gentilmente, de um modo a tentar não deixar MaGá mais sem graça ainda. Não adiantava muito, mas uma ato nobre do cara.

- K-gel tá 9,99. – respondeu, aos berros, o tal Felipe pra balconista. Com direito a um riso e tudo.

MaGá então deu os vinte reais que Alvinho tinha lhe dado, pegou o troco e vazou. Na rua morrendo de rir e enquanto perguntava como tinha sido tudo, Alvinho resolve ver o produto. E rir muito mais ainda.

- Cara, nem pra comprar Ky tu tem jeito? K-gel? Que isso? Já pensou se essa parada da ziquizira no Zéh?! Hahahahah... KY genérico, só você! – falou Alvinho, caindo na gargalhada.

- Cara, ta aí. Tudo a mesma coisa, se fosse ruim não tava vendendo. Poh! Me erra agora. – respondeu.

Com direito a uma leve risada por toda cena, e o produto... genérico, MaGá e Alvinho foram almoçar e durante o almoço botaram o papo em dia e MaGá foi detalhista no que aconteceu na farmácia. Pra grande divertimento de Alvinho.

Depois que almoçaram e botaram um pouco do papo em dia e toda a história, Alvinho disse que teria que comprar um terno, estava precisando para o trabalho e seu pai já achava que estava na hora. Então seguiram os dois pra uma pequena loja no centro da cidade. Enquanto iam, Alvinho falava de como gostava de Chaves ainda e como não se cansava de ver sempre que voltava do trabalho.

Quando entrou na loja, MaGá estava ainda com um cafezinho que veio tomando desde onde almoçaram – bem próximo – e falava de como gostava muito e que esse provavelmente teria sido o filme que mais tivera assistido.

- “Do Que as Mulheres Gostam”... P#rra, é sensacional! Nick Marshall é muito bom! – disse MaGá, empolgadíssimo.

- Eu também adoro! Concordo com você, adoro esse filme. – comentou o vendedor.

- É o que to falando pra ele. – disse MaGá apontando pra Alvinho, até que o celular dele toca.

- Pois então... Bom dia, no que posso ajudar? – perguntou o vendedor, cheio dos trejeitos.

Alvinho estava no celular, então com um sinal pediu pra MaGá falar com o vendedor. Que mais parecia uma meninona.

- Meu amigo aqui vai querer um terno, acho que o conjunto todo né.  – respondeu MaGá olhando pra Alvinho enquanto ele o respondia com um sinal positivo.

Então se pegou pensando porque todos os vendedores homens dessas lojas de roupas, diga-se na verdade “homens” entre aspas – sem preconceito, só observação – costumam ter um... Trejeito pra coisa?!

- O jovem companheiro vai querer alguma coisa? – perguntou o vendedor.

O sujeito era um negão, na beira dos 30, tinha quase dois metros, porém com falha na munheca. MaGá não entendeu muito bem a do companheiro.

- Não, nada vou querer nada não.

Quando o vendedor pegou o terno que achou que poderia servir pra Alvinho, o levou até a cabine. Nessa, Alvinho deixou uma pasta pra MaGá segurar. Causando uma pequena revolta.

- Qual foi, sou seu servo agora? – pensou MaGá em voz alta, meio com indignação.

MaGá já estava com uma sacola da Marisa, diga-se de passagem, e sua mochila. Tava de passagem pelo centro e resolveu apenas almoçar com Alvinho, não uma tarde de ajudante.

Nessa, outro vendedor que atendia dois caras observava MaGá em pé na loja. Não passou muito tempo até Alvinho extrapolar no ponto de vista de MaGá. De novo. Pediu para o vendedor chamar ele.

- E aí, o que você acha, ficou bom? – perguntou Alvinho na maior simplicidade.

- Tu ta de sacanagem comigo né!? Sei lá se achei bom, eu entendo de moda ou qualquer coisa do tipo? To com cara de Clodovil? – perguntou MaGá não acreditando na pergunta de Alvinho.

MaGá procurou falar  em um tom baixo, pra não aparecer muito, afinal a loja era pequena. Porém não adiantou muito. Quando Alvinho chamou e pediu outro terno, deu a impressão àqueles que estavam na loja, que MaGá deu uma bronca no seu companheiro. MaGá reparou o burburinho.

- Por que não trouxe teu pai? Ele tem vários ternos, já trabalha... Sabe melhor né. Cada uma! – comentou se afastando da cabine e fazendo uma cara pro pessoal da loja.

O que não melhorou muito sua imagem, pareceu meio que uma DR. “O pai dele é melhor que, ELE, para escolher”. E era! Porém longe de MaGá querer passar essa impressão. Até o momento em que Alvinho pedir mais uma coisa pra melhorar a situação.

- MaGá, pega um cinto pra mim e vê se tem uma camisa polo maneira aí. Salmão é legal – disse botando a cabeça pra fora da cortina da cabine.

“P#rra! Salmão?! Ta de sacanagem comigo que ele mandou essa!”

Então MaGá reparou o gerente com uma vendedora, mulher – a única pelo visto – fazer um comentário... “Que bonitinho”. MaGá de imediato respondeu.

- P#rra! Por que tu não trouxe teu pai ou sua namorada? – disse MaGá dando uma pequena ênfase na palavra, namorada.

Mas as coisas ainda iam melhorar. Até que toca o celular de MaGá, o toque graças a uma amiga sua, surge pra dar trilha sonora a situação.

#Coldplay – In My Place

“Merda, isso não ta ajudando!”

- Cara, que toque mais gay! – comentou Alvinho em voz baixa, com a cabeça pra fora da cabine.

- Sério cara, sério?! Meu toque que ta gay?!

- Assim que a gente sabe quem é gay! – comentou Alvinho rindo. – Na verdade... MaGá, chega aqui. Rapaz, ta na hora de você tomar tendência. To achando que o pessoal tá te manjando aqui. – completou Alvinho.

- Hãn!?

- Sabe como é né, Gay sabe reconhecer outro gay... – disse Alvinho, pra desespero de MaGá.

- Vocês precisam de alguma coisa? – apareceu o vendedor meninona perguntando do nada.

- Não, não. Valeu, vou levar esse aqui mesmo. – respondeu Alvinho. – Ah! Vou levar a polo salmão também. – completou Alvinho.

Enquanto isso MaGá estava se remoendo com a cara de pau de Alvinho de dizer que ele tava parecendo gay. Enquanto ele mesmo acabou chamando um cara pra ir com ele comprar terno, chamou até a cabine – até a cabine! – pra ele ver se o terno ficou bom, pediu camisa salmão... Alvinho mandou a ultima.

- Isso por que eles não viram o tubo de KY na sua sacolinha da Marisa né! Hahahah... – disse Alvinho rindo demais.

- Mas foi tu que pediu pra eu comprar essa merda! – disse MaGá com revolta. – Te fiz um favor filho da mãe! Hahah – completou MaGá, rindo da situação e cara de pau de Alvinho zoar ele.

- Ah claro... Fui eu que fiquei um tempão na fila. – disse Alvinho com sarcasmo. – Ta vendo aquele ali? – apontou pro outro vendedor.

- Que tem? Qual foi!? – perguntou MaGá.

- Estava bem atrás de você na fila da farmácia. Hahahah... Cara... Pra eles, você é muito gay, sinto muito! – disse Alvinho rindo muito enquanto saiam da loja.

MaGá então ri, pensa em dizer algo mas não tem o que dizer. Só pode pensar que tem muita sorte, por que coisas assim não costumam acontecer com todo mundo. É coisa de filme, mas com ele... com ele acontece, e quase sempre. 

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