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segunda-feira, 24 de junho de 2013

MaGanifestando

20 de Junho de 2013. Por volta das 18:00. Aos arredores da Prefeitura do Rio de Janeiro. Próximo a Praça Onze.

VEM PRA RUA, VEM! VEM PRA RUA, VEM!!!”

MaGá foi para a manifestação de quinta-feira junto com Zéh, Manolo e uma amiga deles, Juba. Eles estavam na caminhada junto com todo o RJ. Era inacreditável a quantidade de pessoas nas ruas, e nos prédios, piscavam as luzes e balançavam bandeiras ou toalhas brancas.

- PISCA! PISCA! PISCA! PISCA!!! – gritava quem estava na rua.

- Pisca, pisca, pisca, o c###´! – gritou Manolo.

Era muita zoeira, um cartaz melhor que o outro.

“Sauna e Montanha Russa por R$ 2,75”

MaGá, Juba e Zéh andavam e tentavam entrar em contato com alguns conhecidos que estavam por ali. Mel, Sonsinha e Monicão. Mas nada de conseguir, só sabiam que elas estavam mais a frente e só.

Quando chegaram próximo a prefeitura – já dava para observar a estação de metrô da Cidade Nova – não tinha mais como andar. Pararam por ali. Papo vai, papo vem, uma lagrima vem.

- Acho que soltaram pimenta lá na frente. – disse Manolo esfregando os olhos.

BANG!!!

Começa uma correria. Enquanto uns correm, outros pedem pra sentar, outros pra andar, Juba pra resistir e Manolo some.

- Cadê o Manolo? – pergunta Juba segurando o braço de Zéh.

Manolo estava perto, atrás de uma árvore.

BOOOM!!!

Começava a ficar mais freqüente os barulhos de bomba.

MaGá continuava a tentar mandar mensagem ou ligar pra Sonsinha, mas não conseguia.

- Cortaram o sinal, fizeram o mesmo em São Paulo. – disse Juba.

- Porra, mas como assim!?

Do nada, as luzes da Presidente Vargas apagam. Mas não de toda a Presidente Vargas, só ali onde eles estavam. MaGá não resiste, ri.

- Caraca mané! Estilo filme de guerra civil, que maneiro! Hahahah

[ lapso MaGamental ON ]

Beltrame se encontra numa sala, junto com o Prefeito e o Governador. Observa as imagens do que ocorre aos arredores da prefeitura pelo helicóptero que por ali sobrevoa. Pelo rádio pede para cortar os sinais de internet e telefonia nas proximidades da prefeitura. Passado algum tempo:

- Apaguem as luzes!

[ lapso MaGamental OFF ]

- Maneiro!? Você ta maluco!? Bora meter o pé dessa merda! – disse Manolo.

Foram todos indo, mas sem escolha, empurrados pela multidão. Do nada o celular de MaGá vibra.

[ Cadê vcs??? ] – perguntava Sonsinha.

[ Estamos na pista da esquerda ao lado da rodoviária, andando ] – MaGá.

Enquanto tentava enviar mensagens ou escrever, MaGá ia perdendo o foco e se distanciando dos outros. Do nada já estava do outro lado da rua.

- Esse MaGá é autista né? – disse Juba pra Manolo. - Vem pra cá!

[ Indo para entrada da central ] – MaGá.

[ Em que lugar maga??? Marca um ponto! ] – Sonsinha.

- Vamos sair logo daqui. Vamos pra central, vamos embora! – disse Manolo.

- Não! Vamos pra ALERJ! – dizia Juba, tentando convencer todos.

- Gente, tenho que ir pra Rodoviária. Tenho um amigo lá e ele não é daqui, é de Juiz de Fora. Veio só pra ver o jogo.

- Porra, Zéh! Manda ele pegar o ônibus pra Juiz de Fora e ir embora, que saco! Tem TV lá não? – disse Manolo, já revoltado com tudo.

- Calma aê!

Ia MaGá, perdido entre: prestar atenção nas mensagens, nas reclamações de Manolo em ir embora, o amigo de Zéh de Juiz de Fora que tava por aí, Juba querendo resistir e, prestando atenção por onde andava.

[ Entrada da central. Pessoal aqui ] – MaGá.

[ Qual???? Vem pra frente do palácio do Caxias!!! ] – Sonsinha.

[ Encontra a gente em frente ao palácio do Caxias!! ] – Sonsinha.

- As meninas estão ali no Pantheon. Bora ali encontrar elas.

- Diz pra virem pra cá, os ônibus saem daqui.

-Não gente, vamos pra ALERJ! – voltava Juba com o papo da ALERJ.

- Porra Juba, você ta maluca?! Tenho c#´, tenho medo! Vamos embora.

[ Ta foda ir pro palácio, vem pra central ] – MaGá.

[ Estou em frente ao pantheon!!!! ] – Sonsinha.

- Aqui, vocês esperam aqui então, que eu vou ali atrás delas e já volto. Pode ser?

- Isso, vamos lá! Vocês ficam aqui esperando. – disse Juba.

“Que piroca das idéias!“

[ Na calçada em frente!! ] – Sonsinha.

[ VEM PARA O PANTHEON!!!! ESTOU EM FRENTE!!! ] – Sonsinha.

[ Aqui. Em frente ao pantheon de Caxias ] – MaGá.

[ To indo pra Candelária! Cansei de esperar! ] – Sonsinha.

[ Larguei Manolo e Zéh. Espera, to com a Juba ] – MaGá.

[ Porra!!! Marca um ponto direito!! ] – Sonsinha.

Em meio a bombas, celular, mensagens, correria; um pouco de sorte. Sabe-se como, MaGá e Juba, acharam as meninas.

- Porra! Que demora, sabe marcar ponto não MaGá?!

- oi!

Resolveram ligar pra Manolo pra saber onde estavam e se estavam bem. Manolo responde que já estavam no ponto de ônibus. Beleza, vida que segue, mas não pra Central. O Choque já tinha chegado próximo e a cidade tava pegando fogo. De mãos dadas foram correndo em meio aos barulhos de bombas.

BANG!!! BOOOOM!!!

- Gente, pra que correr? Calma. Vamos pra ALERJ. – dizia a Juba.

- PORRA JUBA! OLHA PRO LADO!!! – dizia Sonsinha sob os sons das bombas e ao redor, o povo quebrando tudo que via pela frente.

- Gente, isso lembra minha infância! – disse Juba no seu momento Arquivo Confidencial do Faustão.

“Poooooooorra! Que isso, novinha, que isso! Nasceu no Afeganistão, Iraque?!”

Mel e Monicão puxavam o bonde correndo. Pensaram em ir para o IFCS, mas chegando perto alguém disse que a polícia já tinha chegado lá e tava cercando. Merda! Resolveram procurar o metrô. Chegaram na estação de metrô da Carioca, mas estava fechada. Andaram mais um pouco e acharam um policial. Nada. O cara disse que todos os metrôs estavam fechados, tinham tacado fogo na cabine da policia na Central, ônibus aqui não tava passando, se tentassem taxi iam pagar pra ficar parado porque estava tudo parado.

- Porra policial, o que a gente faz então?! – estourou Mel.

- É pra ir embora a pé, ué! Partiu Nova Iguaçu? – disse um manifestante que tava passando por perto.

- Pooorra!

Em menos de dois minutos decidiram. Central não dá. Sentido ALERJ, Candelária não dá. Seguiram pra Lapa.

Chegando lá tudo beleza. Até demais. Tinha um sujeito com um carrinho de som – alto pra cacete! -, fantasiado de Michael Jackson dançando na rua.

- Ta de sacanagem esse maluco!

Papo vai, papo vem e quase o desentendimento entre as amigas chega. MaGá tava lascado. Cercado de mulheres em meio ao caos. Sorte, e, graças a Deus não estavam naquele dia, imagina. Depois de alguns blá-blá-blás resolveram entrar num bar. Belmonte.

Lá dentro tudo de boa. Programação nas TVs: BANDnews e GLOBOnews. Pra não ficarem com cara de fugitivos resolveram pedir alguma coisa. Três refrigerantes e cinco copos. Sonsinha e Monicão eram as esfomeadas de guerra, uma foi de pastel e a outra de empada, mas ambas estavam dispostas a dividir. Isso até chegar. O pastel parecia de aniversário de criança e a empada uma minicoxinha pálida. Risadas liberadas em meio à tensão.

- Pô irmão! Ta faltando os pastelzinho da porção não? – perguntou Monicão.

- É gente, acho que não vai dar pra dividir não.

Enquanto isso cada um resolveu ligar pra casa pra dizer que estavam bem. Estavam todos de boa na Lapa.

Passados alguns minutos, na TV mostra o batalhão de choque chegando na Lapa. Que merda! Ninguém acreditava, todos tinham acabado de “acalmar” as mães pelo celular dizendo que estavam na Lapa. Exceto Juba.

- Mãe! Relaxa, foi só um pouco de pimenta e bomba. Claro que não vou ficar perto de polícia, sabe que odeio polícia. O que eles podem fazer? Só tacar pimenta, bomba de efeito moral... Bater? Duvido! Tem que resistir mesmo!

“Mas que porra é essa! Só pode ser neta do Osama essa menina!”

As meninas resolveram ligar pro Manolo pra saber como ele e o Zéh estavam. Manolo já estava na Brasil a caminho do SRD e Zéh tinha ido pra Rodoviária atrás do amigo.

- Seu viado! Frouxo! Vai tomar no seu c#´! Ah, não, é disso que você gosta! – gritava Mel ao telefone.

- Tu tem é que ficar 1 mês sem levar no c#´, sua princesa! – berrou Monicão.

“Isso que é revolta feminina!”

- MaGá é meu herói! Aquelas princesas saíram correndo!

- Ui! MaGá herói!

- O Zéh e o Manolo também não dificultaram né, foram embora. – desconversou MaGá.

De repente.

- FECHA AS PORTAS! ELES TÃO VINDO! – berrou alguém.

Logo em seguida se sentia os olhos, garganta e nariz arder.

- VINAGRE, VINAGRE, VINAGRE! – berravam pelo bar.

Todos foram para o canto do bar com panos na cara enquanto do lado de fora se ouvia copos quebrando e bombas sendo jogadas. Na TV mostrava o batalhão de choque passando pelos arcos. O amigo da Sonsinha acabara de mandar uma mensagem dizendo que o Bope foi às ruas e estavam usando arma letal, que era pra ficarmos de olho no Facebook. Porém as baterias de todos já estavam acabando. Só uma coisa vinha à cabeça: Fudeu! Foram uns 20 minutos de choro, pimenta e vinagre na cara, mas depois deu uma acalmada e voltou o momento bate-papo e descontração.

Mel em vez de vinagre resolveu usar leite de magnésia. Ok. Porém em meio ao caos, talvez, tenha exagerado um pouco. A cara tava toda branca.

- Hahaha a Mel tá toda gozada! – disse Sonsinha.

- Porra Sonsinha, desnecessário né!

- Melíssia, Melíssia, assim você me mata!

Passado algum tempinho e em meio ao papo.

- Vou falar mesmo, a fama dele é de PIKA GRANDE e CHUPADOR de B#C*T@! – disse Mel na mesa, pra todo Belmonte escutar.

- Que iiisso!!!

- Vou falar mesmo, guardo segredo não.

- OI?! Que você falou?

- PIKA GRANDE e CHUPADOR de B#C*T@!

- Como?!

“Porra! Ta surda, levou muita bomba no Camboja quando criança?! C4r@lh*!”

- PIKA GRANDE e CHUPADOR de B#C*T@!

- Nooossa! Ótimo currículo!

Não restava mais duvida pra MaGá, de alguma forma pimenta era afrodisíaco, ou, algum tipo de alucinógeno para as mulheres.

Passou algum tempo e as coisas estavam mais calmas, mas sem muitas notícias. Sabíamos que a Central tava ferrada, a Candelária e Cinelândia provavelmente um caos. Tínhamos recebido mensagens dizendo que Praça XV e até as barcas em Niterói estavam tendo confusões. Alguns já estavam indo embora do bar.

- Aqui, que horas o bar vai fechar? – pergunta Sonsinha.

- Daqui uns dez minutos.

“HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ!!!”

- E agora, o que vamos fazer?

- Vamos procurar um Motel pra passar a noite e aproveitamos pra fazer uma suruba patriota sobre essas bandeiras. – sugeriu alguém, zoando um pouco nesse momento caótico.

MaGá nem reparou quem falou, quando ouviu a palavra suruba, travou. Deu #ERROR no cérebro, tela azul, PAN!

“OI? Como?! Poooorra! Polícia pra quem precisa, eu preciso de polícia!”

O grupinho saiu. Na rua, todos os bares estavam fechados, só alguns andavam por ali. Quando passava algum carro da PM, vaia pra eles. Acharam um hotel ali próximo e foram ver. Mel iria pra casa e poderia levar só uma pessoa, iria a Sonsinha. Beleza, quarto pra três.

- 90 reais pra três. – disse o porteiro.

- Ok, vamos ali falar com o pessoal e depois voltamos.

Nada de suruba. Ficaram sabendo que ali próximo passava um ônibus pra Campo Grande e, MaGá e Juba, poderiam ficar na casa de Monicão. OK. Beijinho, beijinho, tchau, tchau. Seguiram os três guiados pela sorte. Vamos por aqui, essa rua não, vamos ali, por aquela e assim foi indo.

Numa esquina viu que uns travecos ou putas - com certeza naquela situação toda de caos não dava pra diferenciar - tentavam fazer um troco.

- Será que tem mesmo algum retardado que vem pra rua hoje pagar pra comer alguém?! – disse Juba.

- Porra, Redtube nunca foi tão seguro. Sem perigo de pegar AIDS, bala de borracha ou pimenta na cara.

Entre um traveco (ou puta) e outro, um sai da esquina e vai próximo a um carro. Estica o braço e, “Bip Bip!”. Entra no carro. Rapaz, um belo carro!

“Cão! Mandou essa não!”

Vida que segue. Uns fudidos com nada, e outros fudidos com carro.

Eles seguiram sendo guiados pela sorte e avistaram, de longe, um suposto ponto, com dois ônibus. Um superlotado e outro com uma fila gigante. Beleza, quem sabe, né? Chegaram lá tiveram a confirmação de que “pior que tá, não fica!”. Era o tal ônibus pra Campo Grande. Uou! O ônibus superlotado era só zoeira, disseram que invadiram e ninguém pagou a passagem. Chegou outro e geral que estava pendurado saiu pra invadir. Já Dentro do ônibus um dos passageiros fez uma suplica:

- Gente, por favor, ninguém grita, por favor! Quero chegar logo em casa!

Ônibus partiu e alivio tomou conta. Que dia, que dia! Se “AMANHÃ VAI SER MAIOR”, por favor, chamem o Spielberg, por que vai rolar um Resgate do Soldado Ryan à Brasileira, digno de Oscar.

MaGanifestando: Porque até do terror da pra gozar.

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