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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Poliça e o Cafezinho


MaGá quando pequeno sempre ia com seu pai ajudar na feirinha de Laranjeiras. Mesmo que não suportasse, mas fazer o que, é filho e inventaram que filho tem que obedecer. Pelo menos é o que acha. Na opinião dele, ideia de algum filho que não foi.

Seu pai tinha uma Fiorino e MaGá achava maneiríssimo. Pros crescidinhos não é nenhuma alegria ter uma Fiorino, mas pra MaGá, novinho... Era diversão. Lembra sempre do dia em que seu pai encheu o carro com papelão – de caixas de TV e outras coisas – e levou pra reciclar. O lugar de reciclar era longe e passava por ruas de terras todas esburacadas. Seu pai não estava gostando nada da missão, porém MaGá foi na parte de trás da Fiorina por cima dos papelões, pulando a cada buraco por onde o carro passava. Isso que era diversão a 0800.

Porém sua mãe não gostava nem um pouco da ideia de MaGá ir na parte de trás da Fiorina.

“É um perigo esse menino ir lá atrás!”

Sempre que possível ela lembrava isso ao pai de MaGá, que apesar de saber que é verdade, confiava no seu taco de motorista.

Depois de mais um dia normal de feira ajudando seu pai e se preparando pra partir, a mãe de MaGá liga pra descolar uma carona. O pai de MaGá diz que ok e que não é pra demorar porque eles já estavam pra sair. Beleza, depois de quase uma hora a mãe de MaGá chega e nesse chega-pra-ir, MaGá acaba tendo que ir na parte de trás da Fiorino. Claro que isso não agradou nem um pouco a mãe de MaGá.

Ela questiona o pai de MaGá o “por quê” dele não avisar que o MaGá estava ali, porque assim ela iria de ônibus. O pai, claro, diz que está tudo bem e que ela iria na frente e MaGá atrás.

- Lá atrás não, sabe que não pode. Ele vem na frente comigo. – diz a mãe de MaGá.

- Na frente não, tem blitz ali na entrada do túnel, com certeza eles vão ver e querer parar. Melhor ir atrás. – retruca o pai.

- E eles não vão parar esse carro com esse camburão atrás? Dá no mesmo. – questiona a mãe.

Depois de alguns minutos de um saudável questionamento, o motorista leva melhor. MaGá acata a decisão mudo e entra calado. Apesar de novinho já sabe – mesmo não sabendo – que a máxima é verdadeira:

“Discussão entre marido e mulher não se mete a colher”.

Todos foram numa boa, isso até chegar próximo do túnel e já observarem a retenção por causa da blitz. Os pais de MaGá se olham. Nem precisam dizer nada, ambos já sabem que é uma questão de esperar o resultado da blitz pro no final dizer o bom e velho “Eu te falei!”.

[pelo lado do pai]

- Não falei pra você! Nunca vi, se estressa a toa! – diz o pai com um sorriso no rosto e batendo a mão no volante.

[pelo lado da mãe]

- Não te falei! Agora tá ai uma multa pra você. Nunca me ouve, nunca vi! – diz a mãe botando a mão na cabeça e balançando a cabeça.

É então que um policial pede pro pai de MaGá parar o carro no encostamento. A mãe de MaGá já vira pro pai dele pra soltar o “Não falei!”, mas antes dela abrir a boca ele estende a palma da mão e pede pra ela esperar e pegar os documentos no porta-luvas. A mãe de MaGá pega, mas balançando a cabeça negativamente.

O policial cordialmente pede pra ele se retirar do veiculo e depois pra abrir a porta de trás. Nisso que o policial pede, a mãe de MaGá já balança a cabeça de novo e olha pra trás pra ver como que MaGá estava. Calado e num cagaço danado.

No que o pai dele abre a porta o policial não pensa duas vezes e recrimina o caso do filho estar atrás. Pra indignação da mãe.

- Olha só, isso não pode não. Estamos com um problema aqui senhor. – diz o policial observando o fundo da Fiorino.

O pai de MaGá menciona que é trabalhador, menciona – diga-se de passagem espertamente – que vende produtos de minas, que a mãe está na frente e ia ficar ruim pro filho ir na frente, está andando devagar... O policial entre um comentário e outro pediu para o pai deixar uns saquinhos de suspiro que eles vendem pra poder tomar um café mais tarde. Foram-se uns 10 a 15 minutos de bate-papo informal e tudo dando certo até o superior do policial aparecer.

- O que está acontecendo aqui oficial, está tudo sobre controle? – disse se encaminhando para a parte de trás do carro.

Quando viu o menino na traseira da Fiorino, o superior não pensou duas vezes em dar uma chamada no pai de MaGá.

- Mas o que é isso? Isso não pode, como o senhor deixa uma criança ir na parte de trás do carro sem segurança nenhuma? – comentou o policial pra desespero do pai de MaGá.

MaGá visualizou na hora a cara de decepção do pai. Já estava tudo certinho, encaminhado, os documentos na mão. Pra piorar o superior resolve botar a mãe de MaGá no meio.

- E a senhora como deixa isso acontecer? Sabe quantos acidentes acontece por dia no Rio de Janeiro? Quantos corpos são recolhidos? Corpos de crianças que vão no carro e moto em lugares que não deviam...

MaGá só imaginava os palavrões passando pela cabeça do seu pai. Ia escutando o sermão do policial e depois ainda teria que escutar o da mulher. A mãe de MaGá que ia ficando cada vez mais bolada com o pai. Estava sendo obrigada a escutar varias atrocidades por uma coisa que ela cansou de avisar. O pai de MaGá pra tentar parar com tudo resolve oferecer um agrado ao policial. Um doce.

-... Você queria mãe, ter que catar o corpo do seu filho por...

- Oficial você não pode liberar a gente não. Sou trabalhador...

“E lá vamos nós de novo...”

O oficial olha o pacotinho de suspiro na mão do pai de MaGá, faz uma cara de ofendido pra desespero da mãe de MaGá.

- O senhor tem certeza que está insinuando em oferecer isso pra liberar vocês? – pergunta o oficial.

- Ótimo! Suborno agora. – diz a mãe de MaGá em voz baixa.

- Que isso oficial, isso aqui é só pro café de vocês, to pedindo nada não. É pelo ultraje de atrapalhar a noite de vocês.

- O Pai! Isso aqui é um problema. – comenta o policial apoiando a mão no ombro do pai de MaGá. – Doce vicia! – diz soltando um sorriso do rosto.

O pai de MaGá retribui o sorriso e deixa uns 10 pacotinhos de suspiro pros oficiais. No carro, já em direção a casa os pais de MaGá resolvem ao mesmo tempo tocar no assunto.

- Eu te avisei! – diz a mãe.

- Eu não te avisei?! – disse o pai, completando. – Eu conheço, é tranquilo!

- Quer saber não vou dizer mais nada! Rumn! – disse olhando pro lado.

O pai de MaGá olha pro lado e da uma piscadela pra ele junto com um sorriso. MaGá teve que ir na frente, o policial não deixou ele continuar atrás.

Um outro dia depois de mais um dia de feira, o pai de MaGá, junto com ele são parados novamente. O pai de MaGá solta um sorriso, afinal estão com tudo nos conformes – filho na frente e documentos em dia. Porém o oficial superior da última vez chega na janela do carro e abre um sorriso.

- E aí Pai! Não disse que doce vicia. – disse o policial com um sorriso largo no rosto.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Outra!


MaGá sempre frequentava a casa de Alvinho, conhecia todo mundo, era praticamente da família. Tão da família que sempre foi sujeito a piadas e foi em um dia qualquer, pelo menos pra MaGá, que ele ficou sabendo da Outra.

Certo dia Alvinho resolveu conhecer uma menina e por obra do acaso, e peça do destino, acabou gostando dela. Foi aí que o ar cheio de graça da mãe de Alvinho entrou em ação.

- MaGá, já ta conhecendo a namoradinha do Alvinho? – perguntou rindo.

MaGá fez cara de surpreso e balançou a cabeça como se não soubesse de nada. E não sabia mesmo. Fazia um tempão que MaGá não se encontrava ou falava com Alvinho, moravam longe um do outro. MaGá foi pego de surpresa.

- Nada não, uma menina que conheci aí, Rafa que me apresentou. Amiga da namoradinha dele. Só ficando. – respondeu Alvinho enquanto comia um pedaço de pão.

- Sei não hein MaGá, o garoto aí ta indo lá pra longe só pra ir buscar a menina. Saindo mais de uma vez... Tô achando que você vai perder o lugar hein. – disse a Mãe emendando uma risada.

- Ih alá MaGá, como é isso aí, tá com ciúmes? – disse o pai de Alvinho rindo, assim que chegou na cozinha.

- Que nada! – respondeu MaGá sem graça.

O pessoal da casa de Alvinho ficou mais uma ou duas horas brincando com a cara dele e ele ali super sem graça, sem muito o que falar. O que acabava dando mais graça pra eles. Em meio as provocações, MaGá se pegou imaginando como seria de agora em diante, ele e Alvinho eram muito ligados. E as saídas? Idas aos cinemas, Olimpo, Habib’s no fim de noite... Será que estaria tudo acabado?

- Vou fazer uma social lá na casa de praia pra galera e vou levar ela. Tem nada não, mas vou convidar né, estou saindo com ela. – disse Alvinho na mesma noite.

- Aí, não falei MaGá? Já era, tá casado. – disse a mãe.

- Perdeu MaGá! Hahaha... – disse o pai.

Passada as semanas chega a tal social. Todos os mais chegados estavam lá, a turma toda. MaGá, Alvinho, Zéh, Manolo, Rafa, alguns outros e, claro, a Outra.


MaGá não se sente, meio, confortável com a Outra por ali. Nada contra, claro, mas a pilha que a família de Alvinho e os amigos estavam botando pegou. Ele começou a ficar preocupado se iria acabar apelando. Ou puxando o saco ou evitando.

No começo da tarde com a turma já estabelecida na casa, MaGá foi pegar uma garrafa de cerveja. A maioria tava na moda do gummy e Big Apple.

Chegando na área da piscina encontrou a Outra. Bateu um friozinho, nervosismo, ele tava meio que evitando mesmo, mas, foi pro papo.

- Oi, beleza? Sabe se tem abridor de garrafa por aqui? – perguntou MaGá

- Ah, me dá aqui que eu abro.

MaGá no susto estranha. Olha pra um lado, pro outro e não vê nenhum abridor, até que ele repara ela levando a garrafa à boca.

- Que isso, tá maluca?! – MaGá tenta interver, mas em vão.

#Tsss!

Ela cospe a tampinha, pra espanto, e, admiração de MaGá.

- Valeu! Cara, que maneiríssimo! – diz com um sorriso idiota na cara.

- Que isso! – diz timidamente.

“Malandra! Mostrando as armas para os amigos!”

Depois que ela sai e assim que ele encontra Alvinho, já no brilho, vai comentar o assunto.

- Cara, Ela consegue abrir a tampa da garrafa com o dente! Tem coisa melhor?! Mulher dos sonhos, nem precisa procurar um abridor!

Depois de algum tempo e já em algum grau de alegria, a turma começa a jogar PIN!

Esse jogo consite, basicamente, em deixar bêbado, nada mais que isso. Na rodinha, cada um vai falando os números na sequência. Para números terminados em 3 ou múltiplo de 3, tem que dizer PIN!. Esqueceu, deu mole? Simples: Bebe! Bebida? Vodka com suquinho vagabundo pra mascarar o álcool. Coisa do Manolo.

Não passa 30 minutos de jogo, e a turminha já brilhou!

MaGá então, com um funk tocando ao fundo, pira! Afastou a mesa e largou as reboladinhas nos estilo bonde do tigrão. Ridículo, até ele mesmo sabe, mas, fazer o quê? Rebola vagabundo!

Começou a Festa! As bebidas não pararam de rolar e teve pessoal dançando na piscina, em cima da pia da churrasqueira e até quase no muro.

Enquanto Manolo e Alvinho faziam mais gummy na cozinha – afinal, uma hora tem que ter reposição –, na piscina rolou um estalinho triplo entre as meninas. MaGá píííra de novo!

MaGá sai correndo pra cozinha, escorregando todo molhado pela casa, encontra Alvinho.

- Cara! As meninas se beijaram na piscina! Que maneiro! Hahah...

Muito Juquinha Juvenil!

Em meio a farra, MaGá começa a se sentir muito mais ou menos e então resolveu dar uma deitadinha. Dormiu!

Alvinho chega na sala e acorda MaGá. Diz que rola dele pegar a amiga da outra. MaGá desconversa.

- Dá não cara, tô na merda!

- Que isso cara, vai lá, já tá tudo encaminhado!

- Cara, tô com vontade de vomitar. Até pegaria, mas se eu vomitasse nela enquanto beijava? Pior, não rola né! – diz MaGá reparando que está todo sujo de ketchup. – Que merda é essa?! – diz indo vomitar na varanda.

No ápice da zorra, Manolo no grau máximo do brilho assim como todos, tacou ketchup nele, na casa, em Zéh... Zéh quebrou o sapo de enfeite da mãe de Alvinho. Rafa caiu de bunda pela escada da casa, chorou por causa de dor de cabeça, vomitou na rua sobre o muro da piscina...

Depois de toda essa zona e de sair de carro pela cidade pra achar uma farmácia e comprar um remédio pra dor de cabeça pro Rafa parar de chorar, Alvinho na volta vendo o estado da casa, resolveu acabar com a festa. Detalhe por detalhe, era apenas 9 (NOVE) da noite!

Ficou dado o cartão de visita para a Outra. Alvinho sabia ser chato! Manolo insuportável, Rafa cheio de frescura, Zéh sem noção e MaGá idiota!

Já para MaGá o lance de Alvinho com A Outra não tinha tanta desvantagem. Perde-se 100% do amigo, mas fica com uns 70% e um abridor de garrafas.