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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sex Drive-Thru


Em dia de mais uma esbarrada proposital, MaGá e Pri resolveram tentar o carro da Preta, já que depois do inconveniente com os cachorros MaGá realmente ficou meio paranóico. Via um cachorro no mesmo lado da calçada, atravessava. Escutava um latido, gelava. Um dia alguma coisa esbarrou na sua perna e o coitado do MaGá deu um avanço, um pulo, que quem estava perto não entendeu nada.

Mais tarde, no mesmo dia da esbarrada, MaGá e Pri se encontraram e ficaram até altas horas conversando até resolverem agir.

- E aí, falou com a Preta sobre a chave do carro? – perguntou MaGá.

- Putz! Falei mas esqueci de pegar a chave. – respondeu Pri com cara de bunda.

- E o idiota sou eu. E agora?

- Quer ir pro carro? – pergunta Pri.

“Hãn?! É ÓBVIO!”

- Ué, tu que sabe. – responde MaGá de forma indiferente.

- Pô, agora ela ta dormindo e muito. Que merda. – diz Pri.

Pri para, pensa um pouco e do nada sai andando. MaGá não entende nada. Ele resolve então dar uma volta e vai até o salão ver como ta. Claro, tremendo de medo de esbarrar com um cachorro de novo, mas foi e por sorte nada lá. Até que depois de um bom tempinho ela volta. Um pouco agitada.

- O que foi? – pergunta MaGá.

- A Preta tava mesmo dormindo. Perguntei da chave e ela disse que tava na bolsa, mas não tava. Aí fui e sai procurando e não achava de jeito nenhum. Até que fui até ela com a bolsa e pedi pra achar. Ela ficou um pouco puta comigo eu acho, mas peguei. – responde mostrando a chave e com um sorriso no rosto.

- Até que fim. Vamos então? – perguntou MaGá.

Mas nada é fácil. Primeiro alguém resolve andar pelo caminho da praça, perto de onde está o carro, e isso é por volta das 2 horas da madrugada.

“Malditos maconheiros, só pode!”

Pri então resolve ir na frente pra dar uma ajeitada no carro, ajeitar o banco e guardar qualquer bugiganga que estivesse espalhada por lá. Além de da uma disfarçada, para ao invés de ir os dois juntos e ficar muito na cara. Já com tudo ajeitado e com uma mensagem de texto no celular dando o recado de tudo pronto, do nada aparece um carro e ele para exatamente na frente de MaGá.

Merda! Teu empata!”

Fica ali por uns 10 minutos e com o farol acesso. Ele não consegue acreditar. Até que sai uma gordinha, o que deveria então ser o cavalheiro deixando a dama em casa.

Assim que o cavalheiro, mas um São Jorge da vida, decidiu ir embora, MaGá finalmente conseguiu ir pro carro. Quando entro Pri já dizia que era hora, daqui a pouco já estaria amanhecendo. MaGá depois que reparou a situação ficou meio confuso, lembrou da sua primeira tentativa no carro. Ficou igual a um cachorro tetando trepar na perna da avó.

“E agora, banco da frente, banco de trás... Que merda, tem que rolar isso, de algum jeito”

Pra evitar problemas MaGá deixou a vergonha e falou.

- E aí, como vamos fazer? Banco de trás, banco da frente, tu por cima... Como é? – perguntou meio afoito.

- Ih, sei lá. Vamos eu por cima mesmo.

MaGá então arrastou os bancos o mais pra frente possível para aumentar o espaço atrás. Rapidamente eles começaram a tirar a roupa, igual crianças abrindo Kinder Ovo pra achar o brinquedo. Até Pri montar por cima dele. Ali começou a brincadeira.

Em cima de MaGá Pri começou a se empolgar. MaGá tava meio desconfortável. Ele ficou meio inclinado, um pé tava meio que preso no banco da frente, o outro apoiado na janela, mas tudo por um bem maior. Mas ele tava se amarrando, tava fazendo num carro, e que nem era dele. Ainda por cima tirando o trauma da primeira vez que ele tentou. Mas MaGá é muito disperso e começou a sentir o carro balançar, do nada se pegou vigiando a janela e o teto do carro pulando, igual barca indo pra Niterói, cima, baixo, cima, baixo, muito lá em cima, baixo... Era um mix de satisfação e receio. Tava achando tudo muito maneiro.

“Que maneiro! To fazendo um carro balançar e não é empurrando com a mão ou pulando igual quando era criança!”

e tava meio preocupado também

“Que merda, vão ver esse carro pulando aqui, e se pegarem... Porra o maluco ta por aí!”

Do nada outra coisa começou a chamar atenção de MaGá, ele sente alguma coisa presa na sua orelha, ouvido, por ali. Distraído que só, fazia os trabalhos e se preocupava em o que era na orelha dele.

“Que merda, que isso? Será que é uma bolota de cera? Nojento!”.

MaGá acha que tem cera presa no ouvido dele e começa a incomodar demais. Ele então resolve botar a cabeça meio de ladinho e tenta disfarçadamente ver se consegue tirar, como se tenta tirar água do ouvido. Não dá muito certo. Pri então, em meio à empolgação, resolve puxar seu cabelo.

“Que merda!”

Até que, finalmente, MaGá chegou nos finalmentes. Sorte que não teve câimbra na perna, só ia piorar a situação. Os dois então se deparam entrelaçados naquele espaço pequeno do carro. Pois é, câimbra não teve, mas pra sair de cima de MaGá foi um sufoco.

- E agora, como vamos sair daqui? – perguntou MaGá.

- Calma aí, vamos de vagar.

MaGá de certa forma se ajeita esticando as perna envolta do banco da frente. Pri se afasta do peito dele. Em um movimento pra melhorar a posição, MaGá empurra Pri de costas pro banco da frente.

- Ai, hahahah, você ta maluco? – perguntou rindo Pri.

- Ih, foi mal, tava começando a dar câimbra.

Eles resolveram então ficar assim por um tempo e conversarem até as coisas relaxarem e saírem depois.

- Não acredito, perdi meu brinco – comentou Pri.

- Como você consegue perder um brinco? Imaginem o que vão pensar... “Boto essa orelha onde?” – comentou MaGá.

- Há há há, idiota!

Até que MaGá, lembra do incômodo do seu ouvido. “Será?”. Ele resolve ver o que é.

- O que você ta fazendo? Nojento, pelo menos espera eu virar pro lado e não ver. – comentou Pri com um tom de brincadeira.

- Se eu for esperar você virar pro lado não vai ser agora, e – com muita sorte – esse aqui é o seu brinco? – pergunta MaGá.

- Hahaha, é esse mesmo. Como foi parar aí? – perguntou ela espantada e rindo.

- Você ajudaria se pulasse menos, me senti numa canoa. – disse MaGá rindo.

- Hahaha eu também reparei balançando, me deu muita vontade de rir na hora.

- Eu também, não consegui para de olhar pra janela. E agora, vamos sair? – perguntou MaGá.

Parecendo dois cachorros presos depois de trepados, eles com algumas acrobacias conseguiram sair. Não sabem como, mas se libertaram. Botaram as roupas e se ajeitaram pra sair. Olharam pela janela e tudo bem. Porém depois de fecharem a porta do carro.

- Boa noite pra vocês! – disse acenando – Apesar que já tiveram né. – escutaram no fundo da praça.

Era o maconheiro, ou não era maconheiro, mas era um sujeito que tinha andado na direção da praça antes deles irem pro carro.

- Boas! – respondeu MaGá.

Assim eles saíram rindo. MaGá deixou ela na entrada do prédio e antes de seguir em direção ao seu pra dormir Pri comentou.

- Da próxima vez, vamos arranjar uma cama. Já é?! Beijinhos, boa noite. - disse com um sorriso sacana.

domingo, 12 de agosto de 2012

Olimpíadas MaGámentais


Comum em qualquer infância de rua, quando não se tem bola - porque caiu na casa do vizinho ou furou - se arranja outra coisa pra fazer. E em um desses sábados qualquer, onde faltava algo, MaGá teve uma idéia junto com seus amigos, Pinta, Rod, Gá e Pê.

- Bora brincar de olimpíadas! – sugere MaGá levantando do meio-fio.

- Mas como, com o quê? – pergunta Pê.

- Ué, são vários jogos. Só a gente pensar em como e quais jogos dá pra fazer.

- Tem que ter a corrida. – diz o Gá.

- O de pular. – sugere Rod.

- Amarelinha? – sugere Pê com um pouco de duvida.

- Claro que não, onde já se viu amarelinha um jogo. – retruca Pinta debochando de Pê.

- Ah, deixa ela Pinta, deixa de ser chato. É bom que tem mais coisa pra fazer. – tentou ajudar Rod.

Depois de muito se discutir, ficou decidido que os esportes – brincadeiras – seriam; corrida, corrida de revezamento, corrida com barreiras, salto triplo, salto em distância, lançamento de dardo, lançamento de peso, e, amarelinha.

- E qual vai ser o prêmio? – perguntou Pê.

- É mesmo, não tem medalhas. – concordou Pinta.

- Hum... Comprei um saco de big-big ontem. Pode ser isso, bala né. – sugeriu Gá.

- Vamos fazer então. 5 big-bigs, igual ouro. 3 igual prata. Um big-big bronze. – sugeriu MaGá recebendo apoio de todos.

Depois de escolhida às modalidades e a premiação, tava na hora de procurar os “instrumentos” para as olimpíadas. A turma saiu pela vizinhança e bairro atrás de coisas que poderiam ajudar. No fundo do mercadinho a turminha achou duas caixas de madeira.

- Aqui, isso pode ser pra gente pular na corrida. – sugeriu Rod.

- E o pódio. – acrescentou Pê.

A turma gostou, pegou e saiu correndo.

- Ei, volta aqui! Me devolve essa caixa! – gritou um funcionário do mercado.

Ali perto, em uma esquina, perto de uma lanchonete eles acharam um coco que Pinta teve como idéia usar pro lançamento de peso.

- Aí, dá pra usar pra tacar longe. – disse Pinta, aprovado e pego pelo grupo.

Depois de rodar a vizinhança, a turma volta carregando várias bugigangas pra curiosidade das vizinhas de janela.

- Que isso crianças, pra que tanta tralha? – perguntou uma das vizinhas.

- É para as olimpíadas tia Marizete. – respondeu a dócil Pê.

Sem muito organizar, começaram os jogos. A primeira brincadeira foi a corrida, aproveitando o fôlego do pessoal. A Pê por ser café com leite ficou de juiz. Quem ganhou essa e levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi Rod. Pinta em segundo e MaGá em terceiro. Pra descansar um pouco as outras corridas ficaram pra mais tarde e a próxima brincadeira ficou sendo o lançamento de coco, melhor, peso.

A primeira foi a Pê. Coitadinha, nem tinha força pra levantar o coco e na hora de lançar, quase a certa o pé dela. Mas acerto o de MaGá pra muita revolta dele, o que arrancou risadas dos outros.

- Kkkkk... BOA Pê, continua assim! – extravasou Pinta pra fúria de MaGá.

Vida que se segue, MaGá com um pouco de dor não foi bem. Quem levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi o Pinta, com Rod em segundo e Gá em terceiro. A próxima seria então o lançamento de dardo, que na verdade seria o lançamento de galho – um ganho que o Gá achou na calçada da vizinha.

A Pê mais uma vez não foi muito bem, mas pelo menos dessa vez não acertou ninguém. A turma ficou tudo atrás. Porém não pode-se dizer o mesmo de MaGá, ele não acertou ninguém, mas acabou acertando a casa do vizinho, pra desespero da turma que saiu correndo e se escondendo na casa do Rod. Por falta de equipamento adequado – entenda-se ‘galho’ – essa prova foi suspensa. Passado algum tempo voltaram pra rua e foram pra prova de revezamento.
Pê como não ia da conta de correr com os meninos ficou de juíza na linha de chegada. As duplas ficaram, Rod e Gá, Pinta e MaGá. Pra ser o bastão, o escolhido foi o chinelo. Rod começou a corrida contra o Pinta e mais rápido que ele, conseguiu passar logo o chinelo pro Gá. No desespero de estar atrás Pinta e MaGá erraram a passada. Pra desespero de Pinta que mesmo atrasado pegou no pé de MaGá.

- Droga! Você é muito lerdo, nem sabe pegar o chinelo direito. – reclamou Pinta.

MaGá sabendo como o outro era do tipo exagerado e nervozinho, preferiu ficar quieto. Segue-se com as brincadeiras. A próxima seria a corrida com barreiras, mas só depois reparam que só tinham duas caixas e então não daria pra todo mundo brincar. Como ninguém queria ficar de fora e como ninguém tinha relógio pra marcar tempo resolveram cancelar. Ainda faltavam os saltos.

Dos saltos, o primeiro foi o salto em distância. Nele Pê foi a primeira, mas só pra poder se sentir enturmada, porque só conseguiu dar um passo. Rod foi muito bem, assim como Gá. Mas quem ganhou e conseguiu com uma cara de sarcasmo calar a boca de alguém foi MaGá, que assim que pulou mais que Pinta só deu uma olhadinha pra ele e um sorriso de leve. Assim como no salto em distância, no salto triplo quem levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi o MaGá, seguido por Rod e Gá. Pinta só não ficou em último por que a Pê já no segundo pulo estava sem força. Por último ficou a, amarelinha. Os meninos queriam que não tivessem e achavam ridículo, mas como já tinham combinado com a Pê e ainda tinha big-big pra se ganhar, por que não? Combinaram que não poderiam errar a pedrinha mais que duas vezes, se não iam ficar lá o dia todo. Os meninos já estavam meio cansados e sem saco pra brincar, mas...

Pinta, um pouco mais bruto e sem jeito, não acertou nenhuma das tentativas. Desanimou e foi sentar.

MaGá foi o próximo e quase conseguiu, até chegou ao céu, mas na volta com o pé meio baleado pisou na linha. Foi sentar também.

Gá errou apenas uma vez a pedrinha em uma tentativa e no restante foi direto. Restava secar. Então foi sentar.

Rod conseguiu completar, mas erro a pedrinha uma vez em duas tentativas da amarelinha. Foi sentar junto com os outros e observar Pê, a única que faltava. Pra Gá, restava secar também.

Agora, a Pê, a que tanto queria e que ficou de café com leite em quase toda a brincadeira foi rapidinha. Ligeirinha foi pulando e passando em todas sem errar nada. Finalizou e levou o ouro, toda feliz. Melhor, levou os 5 big-bigs e subiu no pódio. Melhor, caixote, ao lado de Gá e Rod.

Acabou que todos ganharam, e até a Pê no finalzinho ficou super feliz. No final das contas todos estavam cheios de big-bigs, cansados e sujos. Restava agora limpar a pista – rua – e achar um lugar pra guardar os caixotes, o que ninguém queria. Sobrou pra MaGá, que mesmo sabendo que sua mãe não ia gostar muito, levou. O que acabou acontecendo.

- O que é isso aí que você ta na mão? – perguntou já a Mãe com aquele olhar.

Um olhar “qual você ta aprontando agora?”. Porém ele já tinha aprontado, e muito.

- E que roupa suja é essa, e esse dedo sangrando? – culpa da Pê, claro – Entra já garoto, vai tomar banho e quem vai lavar esse short é você! – disse a mãe.

MaGá então largou o caixote enquanto observava a mãe encarando ele de braço cruzado. Quieto, seguiu pro banheiro olhando pra baixo. Antes de entrar, pegou a toalha, e bem quieto foi até o cesto de roupa suja e lá tirou o short e guardou no fundo.

- Toma logo esse banho, já separei o Merthiolate pra esse machucado.

Ah não, que merda!!!

Restava agora tomar banho e lavar esse machucado do dedo e alguns ralados do corpo e o pior, agüentar o sofrimento ardente e angustiante da pazinha do Merthiolate arrastando no machucado. =’S

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Foi Coisa do Máscara!


MaGá e seu pai tem suas semelhanças. Deveria MaGá seguir os passos do pai, até pelo pai ser mais velho. Porém MaGá tem algo tão forte com suas trapalhadas, que como um campo de força, consegue atrair as pessoas ao seu redor para suas inúmeras confusões.

MaGá sempre gostou de TV, desde filmes a desenho. Corria pra casa pra consegui ver Cavalheiros dos Zodíacos, Pokémon, Chaves e outros. Sua mãe tinha que mandar ele pra rua brincar pra ele sair da frente da TV. De filmes um marcou bem MaGá, tão bem que acabou virando mais uma cicatriz. O Máscara. MaGá já tinha visto o filme umas duas vezes, e até fita ele tinha.

Uma cena ele gostava mais que as outras. Ou nem tanto, apenas “marcou” mais. Nela o Máscara é cercado por bandidos, todos armados, e é fuzilado. Quando ele aparenta estar acabado, ele volta lança um sarcástico “Did you miss me?”. Os bandidos não acreditam, mas logo recarregam suas armas preparando pra fuzilá-lo de novo. É então que ele saca do bolso duas megas-super-armas turbinadas – se é que se pode chamar assim. Quando o Máscara engatilha suas armas os bandidos piram e saem correndo desesperados de cena. É nessa ultima parte da cena que MaGá se apegou, porém de forma exagerada. Provavelmente devido a tanto desenho que assistia na TV.

Uma noite na rua junto com seus amiguinhos, MaGá resolveu contar do filme, e quando chegou nessa ultima cena, MaGá resolveu caprichar na apresentação. Levantou da calçada, foi pro meio da rua e começou a narração. MaGá estava sem camisa, de bermuda e um velho chinelo Rider.

- Aí, essa parte é muita engraçada. Os bandidos vão e pá-pá-pá-Pá no Máscara. – diz MaGá gesticulando como com uma metralhadora na mão. – O Máscara vai e pula pra trás do balcão. – continua narrando MaGá com empolgação e toque teatral, arrancando risadas.

- E o que acontece? – pergunta um de seus amigos.

- Ele volta, toma um suco e começa a vazar tudo pelos buracos no corpo, txiii – som do suco saindo do corpo – aí ele vai e pergunta se o pessoal sentiu falta e depois diz um ‘acho que não’. Aí os bandidos começam a recarregar a arma e nessa hora ele vai, da um pulo e saca várias armas numa só; bazuca, metralhadora, uma porção. – diz MaGá gesticulando e com direito a toques de sonoplastia.

A galerinha vai se empolgando com os trejeitos de MaGá e seguem calados só ouvindo.

- Todos os bandidos vão e param com os olhos todos arregalados, olhando o Máscara pega aquelas armas. Quando ele aperta o gatilho, todos saem correndo desesperado...

Nessa hora MaGá cai em pura inspiração teatral e começa a encenar de forma nunca feita antes. É nessa hora que entra em cena o Coiote – do Papa-Léguas – e sua Rider. Quando diz que os bandidos saem correndo desesperado, vem logo na mente de MaGá as famosas cenas de desenhos tipo Papa-Léguas, onde o Coiote tenta sair de um lugar quando uma bigorna ou um pedregulho vai cair na cabeça dele e não consegue. MaGá começa a interpretar perfeitamente essa cena – suposta cena, porque no filme nada disso acontece – e fica correndo sem sair do lugar, enquanto a turma ria. Até que entra em cena sua velha sandália Rider. De tão velhinha ela já estava gasta na ponta, e nessa de ficar correndo sem sair do lugar MaGá consegue voar sem sair do lugar. Em uma passada firme nessa parte gasta, o pé consegue escorregar e ele cai de queixo no chão.

POOOOOOWWW!!!

MaGá cai no berreiro, o pessoal na rua se assusta. As vizinhas que ficam na janela de fofoca esticam o pescoço pra ver o que tava acontecendo, até chegarem na casa de MaGá e gritarem sua mãe, que no susto e sem entender nada corre pra rua.

- O que houve? – pergunta ela sem ainda ter visto MaGá – Mas o que você fez garoto? Meu Deus!!!

O pai de MaGá então corre também pra rua, vê MaGá em choro e com o queixo arrebentado, resolve então pega-lo no colo e levar ele pra dentro. Lá coloca ele deitado no chão do quarto apoiando a cabeça num almofadão. MaGá fica olhando pro teto pra evitar o sangue de escorrer pelo corpo. Só escuta o burburinho no quarto, e de rabo de olho vê várias cabeças olhando ele com cara de assustado, e comentando.

- Deus, como ele fez isso? – falou alguém que estava por ali.

MaGá então começou a chorar, era dezembro e o natal estava pra chegar. Vendo todos preocupados, assim como vizinhos e pais. MaGá viu essa preocupação como uma bronca de algo que ele tinha feito errado, e como quem vai mal ou faz mal, ele começou a pensar que seria castigado e papai Noel não iria trazer presente.

- Foi sem querer, eu juro. Eu não quero ficar sem presente, eu prometo que não faço mais isso. – falava MaGá soluçando de choro.

Assim que o pai de MaGá viu um hospital onde poderia levar ele, já pegou ele no colo e levou. Coincidência ou não, era o mesmo local de quando MaGá cortou a perna. Já na sala do médico pra poder costurar o queixo, o médico resolve interagir. Coincidência maior, era o mesmo médico da ultima vez.

- Como é que o menino conseguiu essa obra de arte? – papeava o médico enquanto lavava as mãos, tranquilão e não reconhecendo eles.

- Também não sei doutor. Só ele. – disse também o pai sem reconhecer o médico.

O médico então começa os preparativos junto com as enfermeiras. Na maior descontração e bate papo eles vão se ajeitando, e o pai só observando. Tudo isso enquanto MaGá se desesperava de vontade de mexer e ardência no queixo. O pai só observa quieto, até certo ponto. Quando a enfermeira coloca um pano com um buraco no meio no rosto de MaGá, com a intenção de tampar sua visão pra que o médico pudesse costurar seu queixo com tranqüilidade, MaGá se incomoda e se remexe na mesma hora. Nesse momento seu pai, com toda boa vontade, entra em cena. Todo preocupado ajeita o pano que estava saindo do lugar. Quando o médico repara...

- Pai, fez merda! – diz o médico.

- Hãn!? – murmura o pai levantando a cabeça, ainda com mão no papel e observando o médico.

- Pera aí, te conheço não? Vocês...

- Humn... Acredito que não, vou ali beber uma água. Cuida dele. – diz o pai se retirando da sala.

O médico rir e encara MaGá melhor, e depois vem uma lembrança.

- E aí, a perna, melhor? – disse com um sorriso no rosto e levantando a bermuda pra ver a cicatriz.

Depois das apresentações, é hora de mão na massa. Melhor, mão na agulha e na linha. Deitado na cama MaGá vê o teto e o médico aparecendo com a máscara, toca e luvas.

- Vamos lá.

Pra terror de MaGá, graças ao pai, vê o médico passando a agulha no queixo, esticando a linha como se fosse sua vó numa tarde qualquer costurando os buracos da sua camisa. MaGá fecha os olhos e apaga. Quando acorda sente a cabeça meio pesada, percebe que ela está enfaixada e vê seu pai tomando um café e conversando com o médico. Ele levanta e encosta de leve a mão no suposto queixo, que na verdade ta mais parecendo uma barba a lá Osama.

- Cuidado, deve ta meio dolorido. – diz o médico pra MaGá. – Já acordo pai, agora vocês podem ir, e na próxima vez, tenta vir com uma virose ou uma gripe.

- Pode deixar, mas isso aí é com ele né. – respondeu rindo.

- Ah, e você, na próxima, evita mexer em alguma coisa. – disse com um sorriso no rosto e apertando a mão do pai na despedida.

- Pode deixar doutor. Que não precisemos nos encontrar de novo.

Já no carro na volta pra casa o pai brinca com MaGá, até pra distrair ele.

- Que barbão hein. Ta de papai Noel! – disse rindo ao volante e dando um tapinha na perna de MaGá.

MaGá tenta responder com um sorrisinho, mas só tenta. Quando chegam na entrada da rua observam muita gente na rua conversando e esperando MaGá chegar pra saber como ele estava e se tudo bem. Nessa hora, pra vergonha alheia de MaGá, seu pai resolve improvisar e transformar um simples “ta tudo bem com ele” com berros pela janela do carro.

- O Papai Noel chegou! Oh o Papai Noel! – gritava com direto a buzinadas.

“Ah pai, não acredito nisso! ... aí, que dor!

Quando chega, todo mundo que ver MaGá. Ver como ta, se está tudo bem. MaGá com cara de cansado nem fala nada, quem fala é seu pai, enquanto ele vai entrando pra casa. Já em casa, no sofá, um dos seus amigos vem e senta perto dele.

- E aí, ta tudo bem?

MaGá acena com a cabeça dizendo que sim.

- Mas então, o que aconteceu depois que o Máscara sacou a arma? – perguntou o amigo.

MaGá então olhou pro amigo de rabo de olho e sem muita vontade de responder, respondeu.

- Saiu uma bandeirinha das armas escrito “Bang!” – responde MaGá com voz baixa.

Seu amigo então cai na risada. MaGá não sabe se porque realmente achou engraçado – o que no filme realmente era, porém agora ele não estava achando – ou se porque MaGá simplesmente se ferrou todo por causa de uma simples bandeirinha escrita, Bang!