Em dia de mais
uma esbarrada proposital, MaGá e Pri resolveram tentar o carro da Preta, já que
depois do inconveniente com os cachorros MaGá realmente ficou meio paranóico.
Via um cachorro no mesmo lado da calçada, atravessava. Escutava um latido,
gelava. Um dia alguma coisa esbarrou na sua perna e o coitado do MaGá deu um
avanço, um pulo, que quem estava perto não entendeu nada.
Mais tarde, no
mesmo dia da esbarrada, MaGá e Pri se encontraram e ficaram até altas horas
conversando até resolverem agir.
- E aí, falou com
a Preta sobre a chave do carro? – perguntou MaGá.
- Putz! Falei mas
esqueci de pegar a chave. – respondeu Pri com cara de bunda.
- E o idiota sou
eu. E agora?
- Quer ir pro
carro? – pergunta Pri.
“Hãn?! É ÓBVIO!”
- Ué, tu que
sabe. – responde MaGá de forma indiferente.
- Pô, agora ela
ta dormindo e muito. Que merda. – diz Pri.
Pri para, pensa
um pouco e do nada sai andando. MaGá não entende nada. Ele resolve então dar
uma volta e vai até o salão ver como ta. Claro, tremendo de medo de esbarrar
com um cachorro de novo, mas foi e por sorte nada lá. Até que depois de um bom
tempinho ela volta. Um pouco agitada.
- O que foi? –
pergunta MaGá.
- A Preta tava
mesmo dormindo. Perguntei da chave e ela disse que tava na bolsa, mas não tava.
Aí fui e sai procurando e não achava de jeito nenhum. Até que fui até ela com a
bolsa e pedi pra achar. Ela ficou um pouco puta comigo eu acho, mas peguei. –
responde mostrando a chave e com um sorriso no rosto.
- Até que fim.
Vamos então? – perguntou MaGá.
Mas nada é fácil.
Primeiro alguém resolve andar pelo caminho da praça, perto de onde está o
carro, e isso é por volta das 2 horas da madrugada.
“Malditos maconheiros, só pode!”
Pri então resolve
ir na frente pra dar uma ajeitada no carro, ajeitar o banco e guardar qualquer
bugiganga que estivesse espalhada por lá. Além de da uma disfarçada, para ao
invés de ir os dois juntos e ficar muito na cara. Já com tudo ajeitado e com
uma mensagem de texto no celular dando o recado de tudo pronto, do nada aparece
um carro e ele para exatamente na frente de MaGá.
“Merda! Teu empata!”
Fica ali por uns
10 minutos e com o farol acesso. Ele não consegue acreditar. Até que sai uma
gordinha, o que deveria então ser o cavalheiro deixando a dama em casa.
Assim que o cavalheiro,
mas um São Jorge da vida, decidiu ir embora, MaGá finalmente conseguiu ir pro
carro. Quando entro Pri já dizia que era hora, daqui a pouco já estaria
amanhecendo. MaGá depois que reparou a situação ficou meio confuso, lembrou da
sua primeira tentativa no carro. Ficou igual a um cachorro tetando trepar na
perna da avó.
“E agora, banco da frente, banco de trás... Que
merda, tem que rolar isso, de algum jeito”
Pra evitar
problemas MaGá deixou a vergonha e falou.
- E aí, como
vamos fazer? Banco de trás, banco da frente, tu por cima... Como é? – perguntou
meio afoito.
- Ih, sei lá.
Vamos eu por cima mesmo.
MaGá então
arrastou os bancos o mais pra frente possível para aumentar o espaço atrás.
Rapidamente eles começaram a tirar a roupa, igual crianças abrindo Kinder Ovo pra achar o brinquedo. Até
Pri montar por cima dele. Ali começou a brincadeira.
Em cima de MaGá
Pri começou a se empolgar. MaGá tava meio desconfortável. Ele ficou meio
inclinado, um pé tava meio que preso no banco da frente, o outro apoiado na
janela, mas tudo por um bem maior. Mas ele tava se amarrando, tava fazendo num
carro, e que nem era dele. Ainda por cima tirando o trauma da primeira vez que
ele tentou. Mas MaGá é muito disperso e começou a sentir o carro balançar, do
nada se pegou vigiando a janela e o teto do carro pulando, igual barca indo pra
Niterói, cima, baixo, cima, baixo, muito lá em cima, baixo... Era um mix de
satisfação e receio. Tava achando tudo muito maneiro.
“Que maneiro! To fazendo um carro balançar e não é
empurrando com a mão ou pulando igual quando era criança!”
e tava meio
preocupado também
“Que merda, vão ver esse carro pulando aqui, e se
pegarem... Porra o maluco ta por aí!”
Do nada outra
coisa começou a chamar atenção de MaGá, ele sente alguma coisa presa na sua
orelha, ouvido, por ali. Distraído que só, fazia os trabalhos e se preocupava em o que era na orelha dele.
“Que merda, que isso? Será que é uma bolota de cera? Nojento!”.
MaGá acha que tem
cera presa no ouvido dele e começa a incomodar demais. Ele então resolve botar a
cabeça meio de ladinho e tenta disfarçadamente ver se consegue tirar, como se
tenta tirar água do ouvido. Não dá muito certo. Pri então, em meio à
empolgação, resolve puxar seu cabelo.
“Que merda!”
Até que,
finalmente, MaGá chegou nos finalmentes.
Sorte que não teve câimbra na perna, só ia piorar a situação. Os dois então se
deparam entrelaçados naquele espaço pequeno do carro. Pois é, câimbra não teve,
mas pra sair de cima de MaGá foi um sufoco.
- E agora, como
vamos sair daqui? – perguntou MaGá.
- Calma aí, vamos
de vagar.
MaGá de certa
forma se ajeita esticando as perna envolta do banco da frente. Pri se afasta do
peito dele. Em um movimento pra melhorar a posição, MaGá empurra Pri de costas
pro banco da frente.
- Ai, hahahah,
você ta maluco? – perguntou rindo Pri.
- Ih, foi mal,
tava começando a dar câimbra.
Eles resolveram então
ficar assim por um tempo e conversarem até as coisas relaxarem e saírem depois.
- Não acredito,
perdi meu brinco – comentou Pri.
- Como você
consegue perder um brinco? Imaginem o que vão pensar... “Boto essa orelha
onde?” – comentou MaGá.
- Há há há,
idiota!
Até que MaGá,
lembra do incômodo do seu ouvido. “Será?”.
Ele resolve ver o que é.
- O que você ta
fazendo? Nojento, pelo menos espera eu virar pro lado e não ver. – comentou Pri
com um tom de brincadeira.
- Se eu for
esperar você virar pro lado não vai ser agora, e – com muita sorte – esse aqui
é o seu brinco? – pergunta MaGá.
- Hahaha, é esse
mesmo. Como foi parar aí? – perguntou ela espantada e rindo.
- Você ajudaria
se pulasse menos, me senti numa canoa. – disse MaGá rindo.
- Hahaha eu
também reparei balançando, me deu muita vontade de rir na hora.
- Eu também, não
consegui para de olhar pra janela. E agora, vamos sair? – perguntou MaGá.
Parecendo dois
cachorros presos depois de trepados, eles com algumas acrobacias conseguiram
sair. Não sabem como, mas se libertaram. Botaram as roupas e se ajeitaram pra
sair. Olharam pela janela e tudo bem. Porém depois de fecharem a porta do
carro.
- Boa noite pra
vocês! – disse acenando – Apesar que já tiveram né. – escutaram no fundo da
praça.
Era o maconheiro,
ou não era maconheiro, mas era um sujeito que tinha andado na direção da praça
antes deles irem pro carro.
- Boas! –
respondeu MaGá.
Assim eles saíram
rindo. MaGá deixou ela na entrada do prédio e antes de seguir em direção ao seu
pra dormir Pri comentou.
- Da próxima vez,
vamos arranjar uma cama. Já é?! Beijinhos, boa noite. - disse com um sorriso sacana.


