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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Hora da Resenha: Musa da UPP


Era mais um almoço com a turma no SRD e estavam todos reunidos. Como de praxe, todo tipo de assunto e sempre observando as mulheres que ia até lá almoçar. Quase sempre, todo dia era assim. Estavam todos comentando cada uma que passava e os seus gostos, todos com cada um mais exótico que o outro. Hoje era dia do Zéh se destacar.

- Olha aquela ali sentada de branco e cabelo preso, show! Tem um sorriso lindo – comentou empolgado Rafa.

- Vou te falar Rafa, nosso gosto é bem diferente, mas aquela ali... É meu numero, adoro um belo sorriso. – falou concordando, Zéh.

- Hahaha, aquela ali? Não pode ser! Você só gosta do tipo ET. – retrucou Rafa devido ao gosto esquisito do Zéh.

- Mas aquela ali é benjamim universal Rafa, tem entrada pra todos. Só bilola pra não gostar. – mostrou Manolo sua tese.

- Mandou Manolo! É isso aí Rafa. – disse Zéh

Aqueles que estavam de costas deram o azar de não conseguir observar e avaliar. Até que depois de uma boa avaliada...

- Mas o que é aquilo ali, tem um lateral faltando naquele sorriso? – indagou Rafa.

- Ah, sabia que tinha algo em especial nessa mulher! – comentou Zéh.

- HAHAHAH... – todos caíram na gargalhada.

- Como assim, a mulher não tem um dente e agora que você acha ela linda mesmo? Aí está o Zéh que conhecemos. Hahaha... – Falou Rafa morrendo de rir.

- Nossa que gosto exótico! – disse MaGá fazendo careta. – No passado eram as gordinhas, depois vieram as magrinhas e em seguidas as gostosonas. O gosto do Zéh ainda está por vir pra gosto padrão dos homens. – comentou MaGá.

- Gosto de mulher do tipo favela. Aquelas mulatas gostosas, morando em morro pacificado. Isso que é mulher de verdade. – disse Zéh explicando seu gosto.

- Nem Gordelícias, nem Anoréxicas, nem Mulheres-Frutas. O seu tipo é “Mulher-Ném” então? – indagou Alvinho com risos.

Levando a manifestações na mesa.

- Calma aí, qual o problema com as Gordelícias? – perguntou Manolo.

- E as “Mulheres-Frutas”, tem problema? E as Panicats... Ai se eu pego! – comentou Rafa.

- E que preconceituoso. Nada haver “Anoréxicas”, isso é doença. Magrelinhas já é outros quinhentos. Fernanda Lima e Gisele Bündchen? Putz! Deliciosas e ainda vem com sotaque. – comentou empolgadíssimo MaGá.

- “Mulher-Ném” é sacanagem! Eu gosto de mulher safada, que quer sexo, sem frescurinha. Com “nem” ou sem, tamo aí pra bagunçar! – argumentou Zéh.

Depois de todos derem sua explicação de seus gostos e afins, Alvinho pediu uma explicação sensata a Zéh pelo seu gosto. Não é normal isso. Zéh então ajeitou na mesa, ajeitou seu prato e se preparou para apresentar suas idéias.

- Então... P#rra, gosto do tipo bandida mesmo. Aquela que morra em morro pacificado com UPP, em que o pai trabalha no PAC, ela na lojinha de 1,99 com o funk rolando no fundo. Frequentadora de baile da pesada, ganha bolsa família, anda de moto-táxi pra subir o morro. – contou Zéh, empolgadíssimo.

Todos caíram na gargalhada, ninguém aguentou. Zéh não gostou das risadas de todos, não que tenha ficado revoltado, mas voltou a se impor e tentar mostrar seu ponto de vista. E agora com uma explicação mais detalhada.

- P#rra, presta atenção! Imaginem comigo como é mais fácil e deve ser uma delícia. – disse Zéh, chamando a atenção de todos.

- Ta, vai. Diz aí. – disse o Rafa rindo.

- Primeiro a mulher anda de moto-táxi e busão, assim quando não tiver de carro ela já vai ta acostumada com o busão. E quando tiver de carrinho vai ser um luxo. – disse enquanto a turma ria em meio as explicações.

- P#rra! – disse com empolgação e retomando o foco da turma – Criada no morro, berço do funk... Deve dançar um funkzão de responsa, deve quebrar tudo. Imagina as performances de uma menina dessas na cama! – disse com direito a tapinha na mesa e tudo.

- É... – disse Manolo, meio que concordando. E viajando nas imaginações.

- Já acostumada com barulho de fuzil e violência no morro, qualquer lugar que levar ela vai ser romântico. Deve ser um charme levar umas tapas na cara. Meu irmão... deve ser um sexo de selvageria animal!  – falou Zéh empolgado, batendo de novo na mesa.

A turma toda entra em êxtase de risos no meio do restaurante, com tamanha empolgação do Zéh.

- E a bolsa família, qual a finalidade? – perguntou Alvinho aos risos.

- Essa já até vi, é fácil. Na hora de levar pra comer, um cachorro-quente na esquina é um “luxo” né. – completou morrendo de rir o Rafa.

- Exato! – respondeu Zéh, direto e seco, apontando o dedo para o Rafa como um sinal de afirmação.

- Hahahahah... É muita cara de pau pra uma pessoa só, hahahah... Tem vergonha não!? – perguntou MaGá.

- Eu, vergonha? Claro que não, só vejo vantagem! – respondeu Zéh de imediato.

- Até ela conhecer alguém com uma condição melhor e um carrão né. – comentou Alvinho aos risos.

- É, mas pelo visto aqui a maioria, ou melhor, ninguém ia querer né. E até lá já rolo os trabalhos. Como diz o funk, eu pergunto pra vocês... e eu quero romance?! – concluiu com o soar de satisfação e ajeitando seu prato.

- Cara, que canalha! Hahaha... Um dia quero ser cara de pau assim. Hahahah... – comentou MaGá em meio a gargalhada.

Enquanto a turma caia na gargalhada a tal menina, centro dos comentários e que começou o tal debate, se levantou pra ir embora. Foi nesse momento que o restante que não viu aproveitou pra dar uma espiadinha. Vestidinho branco até uma palmo da bandinha da bunda, sensacional.

- Nooossa, gostosinha demais mesmo! Ui! – disse MaGá.

Isso até ela voltar pra pegar algo que tinha esquecido e, simpaticamente, sorrir pra uma amiga.

- Puuuuutz! Nossa, até o frontal e pendurado um no outro. – disse MaGá de bate e pronto.

- Rafa e Manolo, me dizem como vocês acharam ela, o que mesmo... Benjamin universal!? – perguntou Alvinho rindo.

- Agora está explicado. Benjamin Universal porque com um buraco desses na boca né... Entra qualquer coisa naquela gruta bocal! – respondeu MaGá, rindo muito.

- É, acho que não vi... Ah, também não é pra tanto não. A menina é maior gostosa! – retrucou Rafa.

- Só um implante e está tudo feito, vira fácil uma dessas gostosas da TV. O que mais tem hoje em dia é propaganda de implante dentário na TV. – comentou Manolo.

Nessa a menina já está voltando pra ir embora, a turma se cala e a vê rebolar aquelas bandas no vestidinho branco.

- P#rra! Vocês são cheio de frescuras hein. Deixa só essa delicia pra mim que eu cuida dela na maior alegria. – disse Zéh.

- É rapaz... Gostosa ela é mesmo, mas não teve sorte com esses dentes. – resumiu MaGá.

- É, vamos para o café... Aproxima irá de ser melhor! – finalizou Alvinho.

- V!4d!nh*s! – resumiu Zéh revoltado, se levantando da mesa e saindo na frente.

domingo, 27 de maio de 2012

Dr. Edir Paiva - Síndrome de Gay-Lussac

Depois de toda confusão que aconteceu com MaGá em relação a psicóloga, Zéh resolveu procurar ele pra saber se já tinha ido ao novo doutor que acabará de chegar.

- Ô MaGá,  tu por acaso já foi no novo psicólogo aí? Fiquei sabendo que ele pediu pra você ir procurar ele.

- Eu não. Nem preferi depois de toda aquela confusão, por quê?

- Não nada não, só curiosidade.

Na verdade Zéh estava preocupado. Ele nunca negou uma mulher, sempre foi conquistador e sempre de vangloriou por suas conquistas, mas ultimamente vinha deixando isso meio de lado. Isso estava deixando ele preocupado. Por esse motivo resolveu procurar o Dr. Edir.

- Algum distúrbio que queria compartilhar meu jovem? – indagou o Dr. Edir.

- Não sei dizer não doutor. – respondeu Zéh meio receoso.

- Por favor, Dr. Edir. Mas pra que você veio até aqui afinal?

- Gayzisse Dr. Edir, gayzisse! – desabafou Zéh, como se tirasse um peso das costas.

- Hum... Isso é sério, muito sério meu rapaz! Sinta-se a vontade para aprofundar mais o assunto. – disse o doutor gesticulando com a mão, continuidade ao assunto.

- Tem três querendo e eu fugindo doutor! Nem começa os trabalhos e eu já acho que vai dar problema no futuro, e daí já da vontade de meter o pé! – responde Zéh.

- Hum...

- Tenso... Homem fugir de “trabalho” certo nunca ouvir falar. To ficando preocupado! – disse Zéh expondo sua preocupação.

- Eu já ouvi falar. Não acredito que seja gayzisse, já estudei sobre o assunto. Você está com a Síndrome de Gay-Lussac.

- Gay-Lussac Doutor? Mas isso não é papo de química, física, coisa assim? Já ouvi falar disso, mas tava no colégio.

- Sim, sim, também. Estudei sobre o sujeito, e a partir desse estudo elaborei a Síndrome de Gay-Lussac.

- Mas Doutor, o que isso tem haver comigo, com minha situação? – perguntou Zéh preocupado.

- Você acha que a expressão “gay” vem da onde? – diz o Dr. Edir colocando os pés sobre a mesinha de centro. – Por que toda bixona é Alegre nos States? Qual foi meu jovem, viadagem é mais antigo que seu avô e o meu. Essa expressão GAY apareceu por causa dessa Lessie francesa. A França é o berço dessa parada. Todo aquele charme de Paris, aquele papo de Moda... Não tem hoje em dia um treco que as meninas pintam a unha aí... – parou coçando a nuca enquanto tentava lembrar. – Chamam de francessinha né!? Então, é por ai.

Zéh paralisou de boca aberta em frente ao Dr. Edir, ele realmente era tudo que diziam. O cara estava viajando.

- Gay-Lussac era uma bixinha que viveu na França no final do séc. 18 e inicio do séc. 19. Naquele frio daquela terra, em vez de procurar um rabo de saia pra se esquentar, queria ficar estudando gases... Uma bixona! A Europa é uma putaria meu jovem. Terra fria, o pessoal que é se esquentar de qualquer maneira. É vodka, Whisky, e metelancia debaixo do edredom! Ta me acompanhando?!

Nessa hora Dr. Edir já estava empolgadíssimo nas suas explicações, até os pés já tinha tirado da mesa de centro. Enquanto Zéh apenas concordava com a cabeça, atônito a toda a explicação.

- Pois então, na França é cheio de piriguetezinhas e assim como os homens, ela querem se esquentar. Em certo momento da história, devido a falta de homem nas redondezas de onde Gay-Lussac vivia, umas três ou quatro meninas procuravam o Gayzito pra umazinha né, esquentar a noite. – disse batendo as costas de uma mão sobre a palma da outra, simbolizando um gesto de metelancia. – Mas a bixinha além de só querer saber de trabalhar, tinha um problema com gases. Esse vinha desde a infância. Sempre que uma menininha chegava próxima a ele demonstrando segundas intenções, o moleque teimava a sair peidando. – Dr. Edir então ergue-se na cadeira e aponta o dedo pra Zéh, no sentido de salientar algo. – É nesse período da infância que imagino que a aptidão Gay dele se formou, como uma consequência intra-psicologica do medo da vergonha.

- Humn... – disse Zéh como uma resposta por não saber o que dizer.

- Devido a esse trauma, o Sr. Gay-Lussac se transformou numa bixona, porém esse trauma também o ajudou na resolução da lei em que ele trabalhou durante a sua graduação em Paris.

- Ah é!? – respondeu Zéh no automático, sem já saber porque estava curioso.

- Sim, claro. No período de faculdade... Você fez né, ou faz? – perguntou Dr. Edir, tentando manter um dialogo com seu paciente. Sentia ele meio calado.

- Sim, sim. Estou fazendo. – respondeu Zéh.

- Então, nesse período as saliências são maiores, logo a pressão aumenta. E como Gayzito era sensível a isso, ele utilizou de sua própria experiência vivenciada, pra essência da sua Lei formulada.

- Humn...

- Sob um volume e quantidade de gás constante, a pressão é diretamente proporcional à temperatura. Essa é nada mais, nada menos que a Lei de Gay-Lussac. – diz estalando os dedos, como se algo fosse magnificamente desvendado.

Zéh, para os conhecidos de memes, era só “POKER FACE!”

- Esse problema crônico do Gayzito, fez com que ele tivesse volume constante de gases dentro dele. Com o aumento das saliências, que podemos fazer uma analogia com a temperatura, as coisas simplesmente esquentaram conforme suas experiências na infância em relação à faculdade. Ele também reparou que seu problema de gases aumentou, e de tal ponto a causar hemorróidas devido a grande pressão dos seus gases. Assim fica simples entender como ele chegou a sua lei, problema crônico de gases com o aumento das saliências aumentava pressão de gases dentro dele. Proporcionalmente. - concluiu Dr. Edir.

Zéh  

- A conclusão que cheguei da Síndrome de Gay-Lussac é que ele pra evitar problemas futuros, os virulentos dessa síndrome tendem a fugir, se preocupar com outras coisas. No caso dele - problemas constrangedores - ele focou nos estudos e... No caso dele acabou se dando bem, conseguiu formular uma lei e levou uma fama. Eu particularmente, como seu Doutor... Minha mente masculina diria pra você comer as três, simples assim. Mas como sou profissional, falo para você realmente fugir para não causar danos futuros. Você só não está disposto a certas coisas. - disse Dr. Edir concluindo seu diagnostico sobre Zéh.

Zéh não conseguia entender o sentindo dele estar ali. Continuava atônito na cadeira do consultório, sem saber o que responder, apenas acenou com a cabeça. Dr. Edir então se levantou da sua cadeira e foi até a porta.

- É jovem, nosso tempo acabou. – disse abrindo a porta.

Zéh então se levantou da cadeira e foi caminhando olhando pra um ponto fixo perdido no chão.

- Obrigado – eu acho, pensou ele – Dr. Edir.

- Você é um bom rapaz, sensato, continue nesse caminho. Beijo no C#´!. – disse Dr. Edir com um aceno, fechando a porta logo em seguida.

- Esses jovens de hoje em dia, só complicam. Come logo! – pensou em voz alta Dr. Edir voltando pra sua mesa.

Por coincidência Zéh encontra Manolo pelos arredores do SRD.  Melhor, Manolo encontra Zéh, que parecia meio perdido.

- Zéh! – exclamou Manolo. – Tudo bem cara? Que cara é essa, chapado? – perguntou Manolo rindo da cara de bunda de Zéh.

- Quê? – respondeu Zéh olhando esquisito pra Manolo. – Não, não, passei ali no consultório desse psicólogo novo aí do SRD. Fui ver qual é a dele.

- E aí, gente boa?

- Porra, sei lá. Muito doido! Cara, vamos tomar uma. – respondeu Zéh, meio que sem resposta.

Seguiu Zéh então em direção ao quiosque e Manolo foi junto, ficara curioso sobre o que e por que ele tinha ido atrás do Dr. Edir.  Zéh não respondeu muita coisa, e não foi nem por vergonha, simplesmente não sabia o que dizer. Disse apenas que ficou sabendo que o Gay-Lussac era uma bixona da França. Manolo por sua vez foi, o que parece, infectado pela curiosidade de conhecer o louco Dr. Edir. Imaginou que pelo menos boas histórias iria ouvir.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Pego de Assalto!


Assalto acontece. Como dizem que todo homem se não é corno um dia vai ser. Com o roubo acontece a mesma coisa. Todo mundo um dia vai “perder”. Alvinho já foi assaltado algumas vezes, se sentia azarado e vivia preocupado. Ele e seu pai já perderam uns dois carros na av. Brasil. MaGá ao contrário se sentia abençoado.

Em um dia de feriado MaGá estava na casa de Alvinho e ficaram de ir, junto com a turma, pra casa de praia. Alvinho acordou cedo e foi de carro pegar os outros que moravam perto. MaGá iria junto, mas disse que tava meio cansado e ficou pra tomar café da manhã. Quando Alvinho voltou, a pé, ficou sabendo que tinha sido assaltado. Mas não por qualquer um, seu vizinho. Isso sim que é azar. Não deu nem para o desenrolo, foi geral de busão pra casa de paria.

Rafa também já teve seus dias de azar. Morava em uma rua meio escura e deserta, e uns dois celulares já se “perderam” na mão da bandidagem. Esse então não via a hora de entrar pra policia e da porrada em vagabundo. Até o doido do Manolo já tinha sido assaltado. Esse coitado, já estava chegando em casa, na esquina, quando um bandidinho pediu para passar o celular. Todos já perderam, menos MaGá.

Ele tinha certo na sua cabeça que aquilo não era questão de sorte ou azar, apenas algo do tipo… Estado de Espírito. Se a pessoa estivesse preocupada, com certeza aconteceria. Assim como para-raio atrai raio e cachorro sente o tal cheiro da pessoa quando ta com medo, o assalto aconteceria. Mas se a pessoa estivesse tranquila, nada aconteceria. Mas assim como a cornidão, o “perdeu playboy” um dia chegaria de assalto.

Rodoviária Novo Rio, 4 horas da tarde de uma sexta-feira. Rio de Janeiro tava brilhando e pegando fogo. MaGá tava indo pra São Gonçalo, casa de Chico, primo do Manolo. Enquanto estava indo na direção da subida da ponte um sujeito de bermuda surrada, camisa pólo escorraçada e com um bigodinho chinfrim o aborda gentilmente.

- Aí amigo, tem como você me da uma atenção rapidinha? – perguntou o sujeito.

Enquanto isso MaGá acelerava o passo. Odiava esses pedintes pé no saco.

- Calma aí, quero roubar nada não. Só uma moedinha pra eu comer alguma coisa ali. – disse o sujeito acompanhando MaGá.

- Não to com dinheiro aqui, só tenho o bilhete único. – disse MaGá acelerando os passos. 

- Se quiser pode pagar um lanche ali pra mim, só to com fome. – disse o sujeito acompanhando MaGá a passos rápidos.

- Poh... Foi mal, mas não to com nada, só o bilhete... – respondeu MaGá.

Quando MaGá chega no fim da calçada pra subida da ponte e para esperando um momento para atravessar uma bifurcação que ali tinha, ele repara o Sujeito o olhando de cima a baixo. Reparou uma atenção especial pro seu bolso, o bolso que tava o seu celular. Já sentiu que ali tava a dica... O dia chegara.

- Passa o celular! – diz a bandidagem.

- Hãn!? – pergunta MaGá se fazendo de maluco e na esperança de que tudo não passava de um engano.

- Passa o celular agora! Bota aqui! – diz o meliante estendendo a mão – Bota agora na minha mão! – diz batendo com a palma da mão.

[lapso magamental ON]

- Tu ta de sacanagem comigo né não nego? – diz MaGá impondo a voz.

- Passa logo o celular moleque! Vai, rápido! Passa logo aqui que ninguém vai ver. – disse o pedinte.

- To com mala mas não sou turista não. Tu sabe quem eu sou rapá? To indo pra São Gonçalo o Mané! Tu acha que eu vou ser assaltado agora, indo pra São Gonçalo?! – retrucou MaGá se impondo.

- Não me interessa quem tu é, quer apostar a sorte agora marrentinho? – disse sacudindo de leve a mão atrás das costas, como se mexesse na suposta arma.

- Vou te dizer a real! Quer o celular? – disse pegando a o celular do bolso – Eu te dou, mas vou te dizer... Conhece a Capitã de São Gonçalo? Não? Beleza, se liga! Esse celular tem GPS. – disse apontando o celular pro bandidinho – Não sei se no teu morrinho tu já ouviu falar, mas pela internet tem como saber onde ele vai parar. Tu vai vender esse celular pra sustentar teu vício por tóxico, vai vender pra bandidagem pior que tu. Assim que chegar em SG vou procurar a Capitã, aí meu irmão... Tu da fuuu! Ela vai atrás do celular. Se tiver contigo, o que duvido, vai ser mais rápido. Se tu vender, quem tiver com ele vai sofrer pra dizer onde te acham. E quando disserem, vai ser dois atrás de você. A bandidagem e a Capitã de São Gonçalo. E tu vai torcer pra sua bandidagem chegar primeiro que a Capitã! Porque meu amigo... A Capitã é pior que o Capitão Nascimento! – disse MaGá dando ênfase na Capitã de São Gonçalo.

- Deixa de história e passa essa porra pra cá! – disse o bandidinho querendo mostrar atitude.

- Toma! – disse esticando a mão com o celular pro carinha – Tu acha que to aí pra isso? Eu vou ter ele de novo ou você na cadeia. Ou... Tu quer apostar na sorte né marrentinho!? – disse MaGá em tom de sarcasmo entregando o celular na mão do bandidinho.

MaGá então vira pra pista na espera de atravessar e evita olhar pro bandidinho na tentativa de mostrar descaso. O que deu certo. Antes de atravessar, depois de alguns minutinhos o bandidinho bate no ombro de MaGá e entrega o celular sem falar uma palavra. Ele só da um suspiro de alivio e um sorriso de canto de boca, seguindo então para o ponto de ônibus.

[lapso magamental OFF]

Se fosse simples assim como em filmes de Sessão da Tarde com Macaulay Culkin estaria ótimo. Mas como a Mãe de MaGá diz, a vida não é igual uma novela ou filmezinho de Sessão da Tarde.

- Passa o celular agora! Bota aqui! – diz o meliante estendendo a mão – Bota agora na minha mão! – diz batendo com a palma da mão e olhando para os lados.

- É... ta, ta. – disse MaGá meio que falando baixo e tentando achar o celular.

- Vamos, rápido! Ninguém vai ver, tem ninguém aqui. Bora! – diz o meliante falando rápido e com as mãos nas costas.
MaGá tinha a sensação que ele não tinha arma nenhuma, mas fazer o que. Não ia tentar a sorte. Então assim que pegou o celular tentou uma ultima situação. Uma negociação.

- Poh, tem como me dar o chip pelo menos, só o chip? – disse MaGá já com o celular na mão.

- Ta, ta... Mas me dá que eu mesmo tiro. Passa pra cá. – disse o delinqüente cada vez mais nervoso e olhando para os lados.

MaGá então entregou seu celular pro bandidinho. O pior é que o celular não era nenhum touchscreen, iphone ou qualquer outro que valesse a pena roubar. Era um LG vagabundinho que ganhou da operadora. Pior que isso era o bandidinho sofrendo pra abrir o celular pra tirar o chip. Mas uma situação mais inusitada estaria pra acontecer.

- Não consigo, tira você aí. – disse o bandidinho entregando o celular pro MaGá.

“Hãn!?”

Assim que MaGá conseguiu tirar a capa o bandidinho pegou o celular da mão do MaGá pra tirar a bateria. Nem a bateria o imbecil conseguiu tirar, e pra situação ficar mais estranha, retornou a devolver o celular pro MaGá.

- Vai, rápido! Tira logo essa merda aí! – disse passando o celular pro MaGá de novo.

“Que merda! Já to sendo assaltado, ainda tenho que ficar ajudando bandido a me roubar?! Aff! Já to me sentindo um otário sendo roubado, ajudando a bandidagem então só piora!”

MaGá então pega de novo seu celular, retira a bateria e pega o seu chip. O bandido então pegou o celular e sumiu. Assim que o bandidinho pegou seu celular e vazou, nenhum carro passava mais na tal bifurcação.

“Hãn! Ta de sacanagem!”

Assim que atravessou, o primeiro ônibus que passa era o maldito Coesa amarelinho pra São Gonçalo.

“Puta sacanagem! Ta me zoando!”

MaGá então subiu no ônibus e foi a ponte toda pensando sobre o assalto. Soltou até um sorriso de canto de boca de tão inusitado foi teu assalto. Não acreditava que sua tal sorte, estado de espírito ou qualquer outro significado para o porquê dele nunca ter sido assaltado ter acabado. Quando se encontrou com os amigos uns mostraram preocupação outros zoaram.

- E aí, ele te mostrou a arma? – perguntou Rafa.

- Não, não. Só boto a mão pra traz e pediu pra por o celular na mão dele. Não ia tentar a sorte. – respondeu MaGá.

- Ah cara! Eu falo pro maluco: “Cadê o ferro? Mostra que eu te dou o celular.” Se não, meto a porrada num vagabundo desse. – retrucou Rafa.

“Há! Como se fosse fácil assim... Sei!”

- Tu não saiu correndo por quê? Eu saia correndo, tem como não! – disse Manolo.

- Como vou sair correndo? Tava no meio da bifurcação, com o ônibus e carro passando voado na minha frente.

- Ah não! Eu saio correndo... – retrucou Manolo.

- Não liga não, ta certo. Já passei por isso. E como... Passa o que pediu e deixa a vida seguir. – disse Alvinho.

- Pelo menos consegui garantir meu chip. – disse MaGá.

- Como assim? – perguntou Rafa.

- Pedi pro bandinho meu chip e me deixou ficar com ele. – respondeu MaGá.

- Hahahah... Tu foi assaltado e pediu o chip ainda? Fez amizade com o bandidinho? – comentou Zéh.

- Aí MaGá, pega um copo d’água ali, mas antes de ir, deixa o chip ai pra mim. Por favor! – debochou Manolo, rindo de MaGá.

MaGá não teve seqüela do assalto, nenhum trauma ficou. Apenas as brincadeiras com o chip. Tudo virou motivo pra MaGá deixar o chip. Pior que ser assaltado é o jeito como foi assaltado, e pelo bandinho que o assaltou. MaGá além de assaltado, levou um trote da bandidagem. O bandidinho ainda deixou ele acariciar seu celular – vagabundinho ele sabe – duas vezes e ainda entregar na mão como se emprestasse  pra alguém dar um telefonema. Vacilo!