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quinta-feira, 29 de março de 2012

Crô, e a Busca Lapadal. [2/3]

No dia seguinte se encontraram na praia da Barra. Crô já estava impaciente com a demora de MaGá, mas também já estava todo empolgado pra noite. Hoje conheceria seu futuro marido. Só não esperava ver MaGá junto com o Baltazar.

- Mas o que esse encosto está fazendo por aqui?! – disse o Crô com repulsa e mão sobre a cintura.

- Para com essas bixisses, nem queria tá aqui. Esse maluco que me procurou e me convenceu que se te ajudasse em alguma coisa, eu teria grandes chances de me livrar de você. – respondeu Baltazar balançando os braços indignado.

- Calma gente, vamos com calma! O dia nem começou ainda. – disse MaGá.

- E esse energúmeno – com uma mão sobre o peito e com a outra apontando o dedo – aceitou me ajudar a achar meu futuro marido?!

- Como é que é!? – diz Baltazar se espantando e arregalando os olhos.

- É isso mesmo mula. O jovem Perseu vai me ajudar a arranjar um marido.  – disse fazendo um gesto delicado pra MaGá – Casarei Zoiudo, não sinta ciúmes. – disse seguido de uma piscadela para Baltazar.

- Já falei, sem viadagem pro meu lado! – levanta a mão ameaçando. 

– Isso é um absurdo, nunca que vou ajudar nessa palhaçada. Impossível que vou botar um homem pra casar com outro. – retruca Baltazar.

- Não apenas casar, será de véu e grinalda! – diz Crô ajeitando suas madeixas.

- Zoiudo, se tu ajudar ele a casar, você se livra dele. Fala sério, tu sabe que ele no fundo te quer, e no final da novela tu tava quase cedendo.

- Qual foi o, borboletinha, vai ficar me tirando agora também. Cedendo é o cacete! Não começa a me estressar tu também não. Não sei no que eu pensei quando aceitei vir aqui.

- To te falando... Ta cedendo e não sabe. Ta a perigo Baltazar, melhor me ajudar antes que tu seja o carinha da aliança dela aqui.

- Não sabia que o nosso querido Baltazar aqui já estava todo me querendo, – disse ajeitando seus peitos imaginários. – mas agora é tarde Zoiudo, cochilo cachimbo cai. Perdeu! – disse Crô virando de ladinho.

- To a perigo o diabo! – diz apontando pro MaGá. – E, que perdi o que sua bixa maluca! Vocês não começam a querer me confundi aqui na cabeça não! – disse Baltazar apontando repetidamente a cabeça.

- Ajuda ou não ajuda!? Não é por nada não, mas se não quiser ajudar... Humn... Acho que no fundo tu meio que quer ver o Crô solteirão pelas redondezas do seu quintal. – insinuou MaGá com uma cara de deboche.

- Sei que não devia, mas já basta minha filha de chão chão chão por aí. O que menos preciso agora é um Bambi pra me perturbar.

- Ai não! Para tudo! Zoiudo, o Coveiro vai me ajudar a casar – disse botando uma mão sobre o peito. – Se Zeus quiser caso amanhã, porque o mundo vai acabar.

- Cala a boca viado! Vamos logo atrás dessa outra aberração. Não acredito que to fazendo isso! – diz levantando a mão na cabeça.

Os três então seguiram sentido à Lapa, na intenção de ajudar o Crô a achar sua lapada certa. Já estava cansado dos “pentes” da vida. Baltazar no seu tradicional conjunto preto básico, terno e gravata preta, MaGá na beca, e o Crô... Crô estava em estandarte. As mulheres canibais quando querem sair pra caçar um homem, colocam logo aqueles microvestidos a lá Geisy pra agarrar o homem no desejo. Crô lançou um micro shortinho branco, um sapatinho, e uma camisetinha social branca de manga curta, com uma gravatinha fina – roxa – combinando com seu óculos de armação grossa e extravagante.

- Vamos que hoje a noite vai ser de Baco! – disse levantando, pomposamente, o dedo pro alto – Perseu, gruda em mim que você brilha! Estou Diva! – disse ajeitando as madeixas.

Chegando na Lapa passaram logo próximo a um local que tocava funk. Um baile funk tava comendo solto por ali.

“Dói, um tapinha não dói...”

- Sua trilha sonora, né Baltazar. – comentou MaGá.

- Hahaha, essa foi divina... Zoiudo adoro uns tapinhas – disse o Crô passando o dedo sobre a língua e em seguida passando pelo próprio peito. – Vem pro meu mundo Baltazar! – disse seguido de uma piscadela!

- Sai daqui viado! Olha lá seu filhote de borboleta, não começa se não te quebro a cara pirralho! – respondeu apontando, com raiva, o dedo pro MaGá.

- Para de brigar com o jovem Perseu! – disse dando um empurrãozinho leve no Baltazar. – Huuuum! Sei que você ta todo se fazendo. – disse cruzando os braços e virando o rosto, cheio de charme.

- Teu viado, se continuar assim vou te encher de porrada! - diz segurando com força Crô pelo ombro.

- Ai, você falando assim até me arrepia, mas da licença – diz Crô se afastando – tenho que ir que tenho um Deus grego pra achar. Depois continuamos. – Se afasta indo na direção de MaGá.

Seguindo pela Lapa encontraram uma Maluca toda tristonha, parada em um canto. Uma maluca bem arrumada, diga-se de passagem. Crô resolveu agachar ao lado e ver se podia ajudar.

- O que uma diva, faz chorosa por aqui? – diz pegando a cabeça da Maluca e colocando no seu ombro.

- Porra, isso é hora dessa gazelinha querer dar uma de Calcutá do Bom Conselho? – reclama Baltazar ao MaGá.

- O Idiota do meu namorado e seu amigo Babaca. Claro, culpa do amigo! Saíram às escondidas e fiquei sabendo hoje por outros. Viram eles na Lagoa com outras meninas.

- Seria fantástico se a cada vez que o homem mentisse, o pinto dele diminuísse. – disse fazendo um gesto de pequeno com os dedos.

- E eu gosto do Idiota! O pior, e o que me da raiva é isso. É um banana, não traz perigo nenhum, mas esse amigo Babaca...

- Haaaan! – disse fazendo careta. – Um conselho sobre sapatos e homens: se for bonito, com certeza vai te machucar. Abre o olho! – disse arregalando o olho com o dedo. – Bebê, tem que fazer igual minha Rainha do Nilo, Levada da Breca de Alexandria. Arranja um Robalo e mostre que se ele der mole... Haaaan! Roda bebê!

- Você ta certa...

- Certo! Isso é homem, é afeminado, mas é homem! – interrompeu o Baltazar impaciente.

- Cale-te boca Coveiro! – disse apontando ferozmente o dedo, e com um olhar inquisidor. – Vai achar meu noivo junto com Perseu!

- Vamos embora e deixar essa bixa de Calcutá pra trás. – disse Baltazar saindo e virando as costas, com MaGá correndo atrás pra não deixar fugir.

- Bebê, te cuida. Vou indo agora na busca do meu príncipe! – disse suspirando – Amanha casarei. Se quiser, leva o Idiota, mas aconselho a levar um Robalo. Bem apessoado! – disse dando um tapinha no ombro e depois uma piscadela.

Seguindo nos caminhos da Lapa, ela vê o Zoiudo todo rabugento junto com MaGá em frente a  uma boate gay e rodeados por eles.

- Huuuumm! – disse cruzando os braços e repousando uma mão sobre o peito. – Da fruta que eu gosto agora você chupa até o caroço né. Saiu do armário Aberração!? – disse fazendo um biquinho debochado pro Zoiudo.

- O seu viado, já falei. Tu vê se me erra! Tu não quer um viado pra casar? Então, tamo aqui na gaiola das locas! Só escolher um com seu pozinho de piri-pi-plin e pronto!

- Não. disse levantando o dedo, como pausasse o tempo. – Quero um homem...

Ao fundo, na boate gay tocava Madonna.

- ... Um homem Like a Virgin! – suspira em desejos – Quero eu mostrar, e ensinar a ele a bela vida do pote de ouro no fim do arco-íris! – suspira com as mãos sobre os peitos.

- Aí você ta de sacanagem comigo...

- Ai não! Para tudo! Eu de sacanagem com você!? – diz dando uma tapinha no peito do Baltazar. – O dia que euzinha aqui estiver de sacanagem contigo... Ai meu caro Zoiudo. – passeia a mão sobre o peito do Baltazar. – Você rastejaria sobre minhas lindas sapatilhas de cristal. – disse virando de ladinho, e com muito charme, mostrando umas das sapatilhas.

- Me erra oh! O que você quer da vida, em bixa!?

- Ta com o que no ouvido aberração?  Já disse, quero um homem com H maiúsculo – diz gesticulando com as mãos o tamanho desejado e lançando uma piscadinha pro Baltazar. – e depois, fazer eu mesma esse H virar um G, ou Y ou um Y M C A – diz cantando e fazendo as letras, dançando, em plena Lapa.

- Oh, para com essa viadagem! A bixa ta querendo aparecer!?

- Eu não apareço, eu brilho! – diz dando uma piscadela pro Baltazar.

Seguindo pela Lapa junto com MaGá e Baltazar, Crô avista um Deus grego de ébano de costas. Se ouriçou toda de primeira. Quando se aproximou e deu uma leve cutucada no seu ombro se espantou. Era o negão galã da loja.

- Oh, você por aqui? – diz apalpando as madeixas com a palma da mão – Que surpresa! – os olhos brilhavam e um sorriso, sem graça, de surpreso aparecia no rosto.

- Oi Crô, tudo bem? Como vai você? – respondeu com uma voz grossa, e um firme aperto de mão.

*O Crô pira!

- Ai! – como se tivesse arrepiado – Heheh... Vou bem, bem melhor agora. – diz tocando com uma das mãos o peitoril do negão. – Mas o que um Diamante Negro, lindo, como você faz por aqui sozinho? – diz ajeitando o topete.

Crô vira pra trás, tentando disfarçar, e fala com MaGá e Baltazar em voz baixíssima:

- Achei! – e faz uma piscadela pros dois.

MaGá e Baltazar se espantam.

“Assim, simples assim?”

- Mas o que um cara desse vai querer com uma gazelinha magricela como essa? Tava comendo uma gostosona antes! – indagou Baltazar, inconformado com a situação.

- É, como ouvi antes... É Século 21. Bissexualidade vai ser a coisa mais normal daqui a algum tempo. To fora. Mas se trouxer a amiga, to dentro. Tempera com azeite que eu como, como coentro. Né, não!?

- E quem é você? – pergunta MaGá e Baltazar curiosos com o cara que surgiu do nada.

- Ah, eu sou o Babaca. Amigo do Idiota que namora a Maluca. Vou deixar vocês aí na missão. Vou ali fazer outra, e amanhã a gente se vê no casório. – disse o Babaca saindo do local como um figurante.

- Mas que merda foi essa? – pergunta Baltazar, virando pra MaGá.

- Lapa, é foda. Tu encontra quem você menos imagina, e até quem você não conhece te conhece. – respondeu MaGá.

- Oh a gazelinha, toda feliz igual um bambi de braços cruzados com um King Kong desses. – disse Baltazar apontando a cena pro MaGá.

- Ciúme Balta?! – perguntou sarcasticamente MaGá.

- Que ciúme o que, ta ficando louco!? – respondeu Baltazar dando um tapa na própria cabeça.
Então chega o Crô saltitante igual um bambi, todo saliente de braços cruzados com o negão cheio de paixão.

- Perseu, Zoiudinho... Esse é o Edvaldo. – apresenta o Crô, cheio de pompa e pose. – Nossa, como eu adoro esse nome, é tão fooorte! 

– disse apertando, com muito gosto, o braço do negão.

- Prazer! – cumprimenta MaGá.

- Você eu lembro Baltazar, como vai?!

- Vou indo muito bem, obrigado. – responde seco Baltazar.

- O casamento é amanhã! – disse suspirando, enquanto apoiado no braço do Edvaldo levantava uma das pernas pra trás.

- Simples assim?! – pergunta MaGá surpreso.

- Oh, Negão! Tem certeza do que você ta fazendo? – pergunta Baltazar, dando uma puxadinha no braço do Edvaldo pro canto.

- Oh Aberração de Nero! – puxa o Baltazar pelo ombro. – Vai empatar o casório em outra freguesia, arranja outro Deus de Ébano pra você. Enrustido! – disse o Crô puxando o Edvaldo pra perto dele.

- Enrustido é o cacete Bambi! – diz apontando a mão pro Crô.

- Vamos com calma aí, Baltazar. – Interrompeu Edvaldo entrando na frente de Crô e peitando Baltazar.

- Adorei! Meu herói. – agarra Edvaldo pelo braço. – Vem meu Super-Homem, me chama de Criptonita que eu te deixo fraquinho-fraquinho. – disse puxando Edvaldo pra um canto.

- Ê viadagem! – retrucou Baltazar se afastando de imediato.


Assim, todos foram embora da Lapa. Crô mais feliz que os outros, iria finalmente casar. Com direito a véu e buque de flores. Baltazar fazia questão de parecer inconformado com a história, mas mal sabia ele que quem seria o chofer da carruagem do Crô seria ele. O casamento prometia.



3º Texto

segunda-feira, 26 de março de 2012

Crô, e o Jovem Perseu. [1/3]


MaGá estava na praia da Barra se refrescando, em mais um dia infernal no Rio de Janeiro. De repente caiu alguma coisa próxima a ele, mas pareceu que ninguém viu o mesmo. Esquisito! Quando chegou perto pra ver, era um homem que estava todo torto e gemendo de dor. Ele não acreditou, era o Crô! Ele o ajudou a se levantar.

- Oh céus! Atolado na praia da Barra – disse botando a palma da mão sobre a testa. – Quando ouvia aquela música da atoladinha imaginava algo bem melhor. Por que Zeus!? – finalizou com um gemidinho em choro.

- Ta tudo bem contigo? – perguntou MaGá, tentando ser educado.

- E por acaso você acha?! Acabo de ser jogado do elevador celestial de volta aqui pra baixo e o senhorzinho acha que esta tudo bem? Huuum! – disse ajeitando as suas madeixas. – Espero ao menos ter caído como uma linda estrela cadente e brilhante.

MaGá ainda não estava acreditando. Fica observando, assustado, o Crô ali em sua frente.

- Vira pra lá filhote de Zoiudo! Parece que nunca viu uma alguém na vida.

- Caindo do céu não!

- Ai, até que é fofo! – disse dando uma leve agachadinha e apoiando as mãos nos joelhos. – Preferiria cair com classe no colo de um bofe liiindo – ajeita de novo o cabelo com a palma da mão. – mas essa cantadinha de eu ser um anjo que caiu do céu nunca ouvi. – termina abaixando seu óculos extravagante e dando uma piscadinha.

“Só me faltava essa agora!”

- Não, não... Você caiu, tá maluco? Parece que fui o único que vi, mas tenho certeza que vi tu caindo. Tem nada de anjo não, começa não. Lessi voa agora? – disse rindo.

- Haaaan! Sem graça! Miniatura de Zoiudo! – disse fazendo uma careta. – Fui lá pra cima atrás da minha Rainha do Nilo, que Zeus a tenha – diz levantando a mão para o céu – mas acabei esbarrando num Deus Grego maaaaravilhoso. Mas aí, um lindo Pégaso me deu coice – disse acariciando a perna com uma cara triste e de dor.

MaGá escutava aquilo tudo com cara de bunda, não tinha como acreditar naquilo tudo.

- Oh, e agora como viverei sem minha Rainha do Nilo. – disse balançando a cabeça apoiada na mão.

- Mas como assim foi lá pra cima e depois expulso, ou expulsa, não sei.

- Hmn... Bonitinho, obrigado pela parte que me toca. – disse lançando um olhar pra MaGá. – E é expulsa hein! – disse apoiando, delicadamente, a mão no peito.

- Tá, tá... Mas o que aconteceu contigo? – perguntou MaGá.

- Vem cá então caricatura de Zoiudo que vou te explicar. – diz o chamando com um aceno de mão.

- Não começa não! Ficou toda sentimental quando chamei de Lesse.

- Vem cá peste. – disse batendo com a palma da mão no joelho. – Deixa de ser fresco!

Quando MaGá chegou próximo a ele, começou a explicação. Parecia final dramático de novela.

- A minha Rainha do Nilo morreu, uma temeridade. – disse botando as costas da mão na testa.

- Mas é obvio que morre, todo vilão morre! – disse MaGá pra tentar acabar com a frescura do Crô. – mas o que tem a ver você com isso, tu morreu?

- Então, não saberia viver sem a filha de Osíris. – disse fazendo delicadamente o sinal da cruz e olhando pro céu.

- Tu acha que ela foi lá pra cima? Hahaha – disse MaGá debochando de Crô. – Não me leve a mal, preferia ela do que a Pereirão, mas lugar de gente ruim é lá embaixo né.

- Lugar de Deusa é lá em cima! Abre seu olho Zoiudinho!

- Ah, deixa. E tu, qual foi do fim?

- Eu não poderia deixar minha Rainha pra trás, não saberia o que fazer da minha vida. – disse com uma mão no peito e a outra apontando pra continuar a história. – Então igual Romeu e Julieta – eu a Julieta, claro – fui até o tumulo verdejante da filha de Osíris, e bebi um pequenino frasco de veneno – disse fazendo o formato do tamanho com os dedos – de cor purpura, que minha Rainha tinha em seu armário.

- Não me leva a mal não, mas tu é mesmo um daqueles bixinhas dramáticos né.

- Haaan! Olha como você fala comigo – ajeita o cabelo – devo tudo a minha Rainha.

- Mas você não ia terminar com o Zoiudo, tu não queria ele? Eu particularmente, não me leve a mal, torci contra. – disse MaGá.

- Obrigado pela sinceridade que não precisava ouvir nesse momento. – junta as perna e levanta o indicador pra cima. – Mas saiba que não queria terminar com aquele troglodita! Aquilo ali é caso pra uma noite, pra da umas bagunçadas e sapecadas na rotina. Caso para uma noite de inverno. Querer levar uns tapinhas não faz mal a ninguém, não é?! – diz se virando de ladinho e fazendo um biquinho. – Claro, além de ser marido da minha amiguíssima. – diz botando as duas mão no peito.

- Ê drama! Então resolveu se matar... Que estupidez!

- Se matar não! Repousar ao lado da minha diva!

- E o cara do escorpião?

- Ah! Cansei de escorpião, aquelas picadas não faziam mais efeito. Preciso de coisa nova!

MaGá não conseguia acreditar, que pessoa mais “fru-fru” estava na frente dele. Cheio de manias e toques. Era uma comédia.

- E agora, vai fazer o que? Outro veneno?

- Ah! Não sei o que dizer criatura...

MaGá o olha com olhar reprovador, então Crô bota a mão na boca e continua.

- ... desculpe. Pois então, não sei! – diz batendo uma das pernas no chão e balançando os braços.

- Vai achar outro homem pra tu, ou melhor...

- Se candidatando meu jovem Perseu!? – diz virando-se de ladinho e dando uma piscadela.

- Me erra avestruz! Tenta uma mulherzinha.

- Bate na madeira três vezes! Que horror urubu, pra que desejar tão mal. Nada de mulher.  Mas homem também ta dando um trabalho!

- É não sei o que fazer por você, na verdade já tenho que ir. – diz MaGá se retirando da praia.

Até que Crô teve uma ideia, e uma proposta.

- Ei!!! Volte aqui jovem Perseu! Tenho uma proposta para o senhorzinho, o que me diz?!

- Como assim?! – perguntou MaGá voltando.

- Casa-me e lhe realizarei um pedido. Qualquer um. – disse Crô, cruzando os braços ao mesmo tempo em que balançava a cabeça e piscava.

- Você ta maluca?! Para com isso, vou casar nada contigo não. Que merda! Só faltava essa, que absurdo. – disse saindo do local.

- Claro que não Imbecil! – disse apoiando uma mão na cintura e palma da outra pro MaGá. – Tem certeza que você não é filho do Zoiudo? Essa semelhança da imbecilidade me apavora!

- Cala boca Bixa!... Pareceu agora? – retrucou de imediato MaGá.

- Um tonzinho mais grave, quem sabe, - diz apoiando um cotovelo na barriga e fazendo um gesto de pequeno com os dedos - e ficaria quase perfeito. Mas deixa de frescurite e me diz o que acha minicriatura! Me ajuda a achar um homem, me ajuda a casar com ele, e tem que ser na igreja – disse suspirando – e então realizarei um desejo seu. Mas vamos evitar esses barracos novelescos.

- Mas que realizar desejo o quê? Virou a Jeannie é um Gênio agora? Para de ficar fazendo graça e cena.

- Claro que não múmia do agreste, Huuuum! Cuidado jovem Perseu, estará logo sendo rebaixado a filhote de zoiudo! – disse levantando o queixo. – Nooossa, mas ela é linda né! Você acha que consigo uma roupinha rosa igual? – diz juntando as pernas e botando as mãos na cintura, como experimentasse um vestido. – Ai, é tudo!

- Deixa de frescura, e me explica esse negocio de desejo.

- Jovem Perseu... Quando peguei o elevador ao mundo celestial, conheci umas amiguinhas e aprendi uns truques. Fique sossegado que o desejo eu realizo. Ou não me chamo Crodoaldo Valério! – diz apontando, com autoridade, um dedo pro alto. – Mas pode me chamar de Jeannie se quiser, adorei!

- Ta, pode ser, por que não tentar. No mínimo vai ser engraçado. E a faculdade ta em greve mesmo.

- E vamos achar meu lindo Deus grego onde?

- Ah, vamos passar pela Lapa amanhã. Lá tem de tudo, de repente você encontra sua outra metade da laranja lá.

- Bom, até posso encontrar minha outra metade da laranja. – faz um sinal de pausa com o dedo. – o problema é, e se a outra metade – um gesto virando o dedo – estiver sendo chupada em outro lugar se não comigo, né! – diz o Crô, então repousando as mãos na cintura e mirando MaGá.

- Aí não sei né, quem faz mágica aqui é você. Vamos ver pra saber. Que ideia. – respondeu MaGá.

Então MaGá e Crô ficaram de se encontrar no dia seguinte na praia da Barra e depois partiriam pra Lapa onde encontrariam o futuro marido de Crô. Porém o Crô teria uma grande surpresa. MaGá procuraria o Baltazar pra ajudar  na busca.


2º Texto

domingo, 11 de março de 2012

Sex On The Beach! o/

Algumas poucas semanas depois e lá estava o quarteto de novo. Mais um final de semana na casa de praia de Alvinho. Dessa fez MaGá já tava mais tranquilo, mas em partes. Ele pensou que já que rolo a primeira, se ela veio, é porque vai rolar a segunda. Mas ele tava meio nervoso ao mesmo tempo, não sabia como agir. Era tão obvio que rolaria de novo que as coisas estavam se complicando na cabeça dele. Além disso, os pais de Alvinho estariam de novo na casa.

“Como faço? É só chamar pro quarto? Isso é óbvio! Faço no silêncio igual Alvinho? Vou conseguir? Aff!”

Depois da primeira vez meio conturbada e da cabeça de vento que esqueceu a camisinha, os dois resolveram se prevenir e comprar camisinhas antes. Alvinho estava com vergonha de entrar na farmácia e pedir

- Vai lá, compra umas camisinhas. – diz Alvinho.

- Qual foi? Vergoinha alheia? Hahaha – perguntou MaGá, não acreditando no que via.

MaGá já era o oposto, não via a hora de entrar na farmácia, escolher algumas camisinhas. De preferência de vários tipos, e com um sorrisão no rosto, pagar por elas. Não via hora de ser um usuário.

- Ok. Vou lá! – então entrou MaGá na farmácia.

Com um sorrisão no rosto foi pra parte onde tinha camisinhas, ficou encantado. Tudo que é tipo, ele nem fazia ideia de tantas variedades. Além das de Sabores; Lubrificada, Prazer prolongado, Sensitve, Ultra Sensitive (Mais?!), Hot (Ui!), Formato estimulador pra mulher (Humn!), Anel Vibrador (Até isso brutus?!) e por ultimo e não menos louco, Espermicida (Killer!). Essa ultima deixou MaGá pensativo por um tempo.

“Se objetivo é evitar doenças e gravidez indesejada, não é atestado de incompetência?! Que se dane, não é hora pra ser papai mesmo, mais ajuda melhor!”

- Quer ajuda? – perguntou uma funcionária.

Nesse momento, certo; MaGá fico meio constrangido. Ajuda pra escolher camisinha parece atestado de juvenil. Mas tentou ele, sair pela tangente.

- É... Precisa não, to vendo as novidades. Vou levar uma de cada. Aceito a ajuda pra levar. – disse com um sorrisão no rosto. Alvinho estava pagando mesmo.

No caixa, MaGá já reparou alguns olhando. Agora entendia a “vergoinha” de Alvinho. Além de reparar nos outros da fila, reparou num sorrisinho sacana da caixa. MaGá ficou se sentindo.

“É! Sou o carinha das camisinhas! Hahaha...”

Já do lado de fora, Alvinho levou um susto.

- Porra, depois da primeira vez tu se empolgou mesmo hein! Quer ficar o final de semana todo no quarto? – comentou meio sacana.

- Pô, é maneiro comprar. Hahaha... – tentou justificar MaGá.

- “Maneiro comprar camisinha” Meus Deus, saiu da balinha Juquinha agora mesmo né! Hahahah... Bora pegar as meninas e ir pra casa. – disse Alvinho rindo de MaGá.

Já na casa de Alvinho e com tudo preparado pra dormir, quartos selecionados e roupas de cama ajeitadas, as duplas resolveram dessa vez, ir pra uma pizzaria. Além da pizza, tomaram alguns chopps. De boa, mas restava a MaGá um jeito de dar aquela ideia pra conseguir aquela segundinha da vida.

Os pais de Alvinho já estavam na casa, mas não pensava ele em ir pra rua de novo. Fazer no silêncio? MaGá não sabia se teria a manha pra isso ainda, apesar de parecer ser simples. E se Gabi voltasse a querer ser chamada de amor, ou ficar falando qualquer coisa. Fazer no carro igual Alvinho e Gabi fizeram? Não via como, apenas se beijando não conseguia ficar “direito” no banco de trás com ela. Não, tinha quer ter uma alternativa. Então MaGá pensou...

“Casa de Praia... Praia!”

Não sabendo se tua ideia ia ter aprovação, MaGá resolveu chegar no ouvido de Gabi e sugerir, como se não quisesse nada, ir da uma volta na praia. Ver as estrelas, a lua... Por que não, já tinha visto em filmes que a mulher gosta dessas coisas. Mas, se viesse ater outros benefícios... Sorte né. Gabi gostou da ideia, legal, já estava avançando a Operação Segundinha do MaGá.

- Gente, a gente podia dar uma volta na praia antes de ir dormir né. Ta bonita a lua hoje. – comentou Gabi no carro.

Alvinho meio que não tava nem ai pra isso, queria saber mesmo, assim como MaGá, dos finalmentes. Porém, pra alegria da rapaziada, Ninha também se amarrou na ideia. Assim então, passaram em casa antes de ir pra praia, as meninas resolveram pegar umas cangas. MaGá e Alvinho no carro eram só alegria, tava encaminhado.

- É MaGá, Sex on The Beach hoje? Hahaha, que maravilha hein! – diz Alvinho esfregando as mãos, cheio de felicidade.

- É né, vamos ver como vai ser isso.

MaGá, inseguro como é, já estava ficando preocupado, imaginava que algo poderia dar errado. Já a caminho da praia, Alvinho quis fazer uma cena e teve uma leve DR com Ninha. Nesse leve momento de crise ele resolve jogar a sacola com as camisinhas pra trás, na direção de MaGá.

MaGá sentiu que havia uma “maldade” nessa do Alvinho. Imagino que a intenção era fazer MaGá carregar as camisinhas, porém ele preferiu se fazer de maluco.

- Que foi isso que ele tacou pra você? – perguntou Gabi entendendo nada.

- Sei lá, é maluco! – respondeu MaGá, falando em voz baixa e tacando em seguida o saco pra trás.

Chegando na praia eles vão caminhando em quarteto. Já começava o silencio “meio” constrangedor, e isso incomodava MaGá. Todo mundo sabia o que ia fazer, mas comentar o que nessa hora? Quando chegaram na beira do mar, Alvinho tentou começar sua graça pra “meio” que intimidar MaGá.

- Oh, cuidado pra não ser pego por ninguém, e vocês vão pra aquele lado. – disse Alvinho apontando pra um lado e seguindo pra outro.

- Claro né. Segue seu rumo! Hahaha. – respondeu MaGá.
Quando estão se distanciando, Alvinho resolve largar a ultima.

- Ei! Cuidado pra onda não pegar vocês hein! Hahaha... – gritou Alvinho, já numa distancia em que MaGá ficou envergonhado pra responder.

MaGá tava meio perdido, não sabia até onde ir, e nem se o lugar parecia deserto o suficiente. Da entrada da praia, tudo parecia escuro e deserto. Mas próximo da beira do mar, tudo parecia bem claro. MaGá e Gabi andaram um bocado, e acabaram ficando próximo de uma cabana, que estava com luz acessa do lado de fora, mas parecia esta deserta.

- Tomara que não tenha ninguém ali né. Você acha que deve ter? – pergunta Gabi.

“Com a sorte que eu tenho, deve ter uma família... E pra chegar ainda!”

Depois de uns beijinhos e outros, e quando MaGá finalmente resolveu começar... Ouve-se umas três vezes, um grito. Um chamado.

- MaGááá!

- É seu nome mesmo que estão gritando? – pergunta Gabi.

“Ah, ta de sacanagem! Como assim cara!?”

Quando se ouviu mais claro, MaGá reparou que era a voz do Alvinho. Não acreditou. Não acreditava que aquilo tava acontecendo. Falou com Gabi que ia ali ver o que o maluco tava querendo e voltava. Chegando próximo de Alvinho, já foi perguntando qual foi dos gritos.

- Cadê as camisinhas?

- Que camisinhas? Não ta contigo? – respondeu MaGá.

Se fazendo de maluco, ele sabia do que ele estava falando.

- Cara, eu taquei pra trás àquela hora no carro pra você pegar. E, como tu ia fazer sem? – perguntou surpreso Alvinho.

- Ué, ia fazer. Já tava quase na verdade quando você começou a berrar. – respondeu MaGá, mas já mudando de assunto, sabia que não estava na razão. – O que você falou pra Ninha?

- Falei que deixei com o idiota aqui, só que você esqueceu de me passar.

- Ah! Jogou a culpa pra cima de mim né. Tu é malandro né.

- Cara, bora no carro logo pegar isso. Imagina o que essas meninas devem ta pensando agora! Hahaha... Que vacilo hein! – disse Alvinho, já começando a andar.

Os dois saíram então correndo em direção ao carro. MaGá não acreditava. Realmente, imaginava o que as meninas estariam pensando agora. Largo a Gabi de perna aberta no meio da praia.

[Pensamento Ninha]

“MaGá é muito idiota mesmo! Não acredito como consegue vacilar tanto! Hahahah”

[Pensamento Gabi]

“Mas que droga ta acontecendo? Por que eles estão correndo pro carro? Será que aconteceu algo? Aquele idiota não me largaria aqui né?! Será!?”

Depois que cada um pegou uma, cada um voltou pro seu terreno. Porém, MaGá já tava pensando em como explicar uma situação dessa. Não, tinha muito o que inventar.

- Oi, voltei! Tinha esquecido uma coisinha no carro. – diz MaGá mostrando a camisinha e fazendo uma cara de bunda.

- Que bom que voltou né, cheguei a pensar que tinha esquecido, é de mim. Saiu correndo do nada! Tonto mesmo né. – diz Gabi rindo dele.

No meio do processo, a coisa começou a ficar estranha. MaGá lembrou de um filme que viu, em que uma mulher reclamou que entrou areia nela na hora do rala e rola e as coisas começaram a ficar meio ruim. Ele tentou esquecer, e focar no que realmente importava. Mas uma outra coisa tava incomodando ele. A areia era muito fofa, e ele não tava conseguindo fazer o apoio da perna direito. E tava ficando meio desengonçado.

- Calma. É, eu sei, as vezes me da câimbra na perna também. – comentou Gabi tentando amenizar as coisas.

“Câimbra, tem como acontecer isso também? Que merda hein!”

MaGá então, se fez de maluco e voltou a focar no assunto. Depois de alguns minutinhos...

“Éhh! Beleza, consegui! Uhu! E na praia agora! Hahahah”

Enquanto MaGá já estava pensando em voltar e comer alguma coisa, deu uma larica nele. Gabi quis ficar mais um pouco e ficar vendo as estrelas no céu. MaGá topou, tava felizão, muita gente não tinha a oportunidade de fazer na praia e ele tinha acabado de fazer. E também tava legal ficar ali vendo o céu. Por pouco tempo. O grito no escuro tinha voltado.

- MaGáááá! – berrava Alvinho e Ninha.

- Aqui! – respondeu MaGá, se ajeitando junto com Gabi, e depois indo ao encontro deles.

- Tu é esquecido hein! Que isso hein amiga. – disse Ninha, fazendo uma graça.

- Deu tempo pra fazer tudo certinho né? Hahaha. – perguntou Alvinho fazendo uma graça.

- Claro. Tudo certinho. – respondeu MaGá. Só sorriso.

O diálogo aconteceu só ali naquele momento, o caminho da beira do mar até o carro, foi no silêncio. Quando entraram no carro, o silêncio mórbido continuou por alguns minutos. Aquilo acabava com MaGá, ele não resistia. Sofria. Aquele tipo de situação constrangedora era terrível. Todo mundo sabia o que tinha rolado em cada canto da praia, mas tava uma situação meio esquisita pra comentar. Na verdade, nem MaGá queria entrar muito em detalhes no momento, mas o silêncio era desnecessário. Até que ele resolveu quebrar o clima.

- Pois então... A onda também pegou vocês? – falou MaGá.

Um outro silêncio se instalou no carro, mas um daquele tipo muito rápido, o que antecede as gargalhadas.

- HAHAHAHAH... Como assim? A onda pegou vocês? Não falei que era pra ter cuidado!? Porra MaGá! – disse Alvinho, rindo demais.

- Como assim amiga, o que aconteceu? Hahahah... – perguntou Ninha, também morrendo de rir.

A cara da Gabi não era uma das melhores, ficou meio sem graça com o comentário de MaGá, que tinha a melhor das intensões. Quebrar o clima. Verdade, conseguiu. Mas acabou virando chacota e quase levou a Gabi nessa, mas ela conseguiu se livrar e deu um empurrãozinho pro MaGá ser a graça da noite.

- É né amiga... Alguém tinha que pegar alguma coisa essa noite, o outro saiu correndo pro carro. Tive que me virar com a onda.

- HAHAHAHAH... Vacilo! Levando volta de mar é sacanagem MaGá, só você mesmo! – comentou e riu, muito, mais uma vez Alvinho.

MaGá, ficou todo sem graça, era só risos. Constrangedores, claro. Mas o clima tinha mudado e a situação ficou muito engraçada. Pra MaGá valeu muito a pena a noite, foi só alegria. E muito risos no final.

terça-feira, 6 de março de 2012

Tropica Mas Não Beija

Depois da sua primeira vez, MaGá se pegou lembrando em como foi pra chegar até seu primeiro beijo. Um turbilhão de lembranças veio em sua cabeça. Não acreditava o quanto tinha vacilado e quantos micos já tinha pagado. Como Alvinho o lembrava sempre, e enchia seu saco, não saia da balinha de jeito nenhum. Daria um bom filme as tantas lambanças que cometeu até seu primeiro beijo.

Sua primeira chance foi quando estava no colégio, ainda no ensino fundamental. Os mais velhos brincavam numa sala, abandonada e escondida atrás da escada, de verdade ou consequência. Onde sempre o objetivo principal era a consequência né. Uma menina mais velha que MaGá, o que o assustava, tinha chamado ele uma vez pra “brincar”. Ele assustado disse que sim, claro, apareceria lá na hora do recreio. Era fácil, só pedir consequência e comemorar depois.  Que nada, fingiu dor de barriga e foi pra enfermaria. Como daria o primeiro beijo na frente de uma porção de gente se ele, no mínimo nem sabia o que fazer.

Depois dessa situação, traumatizou com esse jogo de “Verdade ou Consequência”. Além desse jogo, também não pedia – e torcia pra ninguém pedir – salada mista naquele outro joguinho. Passou algum tempo treinando na mão, no copo com gelo, ensaiando no travesseiro e até a revista Teen da sua prima, ensinando a beijar ele chegou a ler, escondido claro. Tudo pra numa ocasião futura não pipocar de novo.

Em vão. Alguns anos depois teve mais situação, dessa vez com uma menina que morava perto da sua casa. Um de seus amigos da época conhecia a menina e disse que ela tava afim.

- Cara, tem uma amiga minha da rua do mercado que ta afim de você. Ela é muito gatinha! – disse o Rodrigo.

- E como ela me conhece? – perguntou MaGá.

- Isso importa? Deixa de ser idiota! Quem é a menina? – perguntou pro Rodrigo, Manchinha.

- É a Renatinha! – respondeu pro Manchinha com uma cara de surpreso. – Ela viu você andando de bicicleta na rua atrás do mercado. – completou falando pro MaGá.

- Ela?! Não acredito!

Pronto, a pressão já estava instalada na cabeça de MaGá, a menina ainda era bonita. MaGá meio que desconversou. Os amigos tentaram da uma força a ele, falaram que era só ir conversar e se rolasse, rolou. Simples.

“Simples pra vocês! Que merda!”

Era inacreditável alguém não querer ficar com a menina. Depois de algumas semanas com os amigos insistindo, MaGá falou que nessa semana iria. Mentira, tava enrolando de novo. Depois de saber que a menina tinha visto ele andando de bicicleta na rua, estupidamente, MaGá resolveu andar de bicicleta por ali quase todo dia. Idiotice! Não quer ficar com a menina e fica se fazendo de maluco. O Acaso resolveu puni-lo.

MaGá tinha que passar pela rua dela pra ir ao mercado. Depois de saber que a menina já estava reclamando da demora com Rodrigo, MaGá resolveu dessa vez passar rápido pela rua. Um erro. Quando ele virou a rua e foi descendo na direção da rua dela, de noite e graças a um poste sem luz, não reparou num quebra-molas que tinha ali. Capote! MaGá virou da bicicleta. Se filmassem, MaGá estaria no “Vídeo Cacetadas” do Faustão.

- HAHAHAH... – ouviu umas gargalhadas de longe.

Pronto, cartucho queimado. Daquela rua provavelmente não ficaria com ninguém. Ele não queria ficar por timidez, mas também não queria que terminasse assim. Levantou meio torto, pegou sua bicicleta, amassada, e seguiu manco pra casa. Vergonha alheia.

Depois dessa situação constrangedora, MaGá resolveu tentar o desenrolo a distância. Tentou a internet. Já conhecia a menina, era amiga dele e do Alvinho. Depois dela mostrar certo interesse, Alvinho foi botando pilha e fazendo o cerco pro MaGá finalmente pegar alguém. Pessoalmente MaGá era só risos e cara de sem graça, enquanto Alvinho botava pilha.

- MaGá?! Pô, o apelido dele no colégio é boca de mel. Sucesso! – dizia Alvinho.

- Ah é?! Que isso, hein, MaGá. Quem mel é esse... – dizia a amiga deles cheia de caras e boca pra MaGá.

- Só experimentando, diz aí MaGá. – disse Alvinho.

Enquanto Alvinho fazia o trabalho de MaGá, ele era só risos sem graças. Mas na internet. MaGá saia na boa, conversava e falava tranquilamente e conseguia botar pilha na amiga. Parecia outra pessoa, sabia o que dizer e conseguia deixar a menina mais interessada ainda. A menina dizia em marcar lugar pra se encontrar, que queria muito ficar com ele. A menina ficou cheia de vontade, tava louca de vontade de pegar o MaGá. Parecia até entendedor do assunto na net. Balela! Uma hora tinham que se encontrar pra se pegar, mas se dependesse de MaGá isso demoraria muito. Até tomar coragem e perder a vergonha, vai se saber quando. Restou à menina ser o macho da história.

Um dia enquanto estava na casa de Alvinho nas férias, ela mandou uma mensagem dizendo que estava no mesmo bairro que ele, na casa de uma prima. Até ai tudo bem, se fez de maluco. Isso até Alvinho dizer pra ele dar uma olhada na janela.

- Ferrou! E agora? – disse MaGá olhando pra Alvinho.

- Agora pega! Ta de sacanagem né... – respondeu Alvinho de imediato.

A menina estava do outro lado da rua, de braços cruzados e só esperando MaGá. Ele ficou maluco. Até a mãe de Alvinho foi zoar ele.

- Ta podendo, hein MaGá! A menina sair lá da casa dela pra vir aqui só por sua causa. Que isso.

Pronto, pressão jogada nas costas de MaGá. Agora só esperando pra ver no que ia dar. Alvinho desceu com ele, e disse que ficaria com a prima. Chegando lá embaixo, na portaria, Alvinho foi pra um canto e MaGá pro outro. Ele ficou conversando com a menina, entre os assuntos de um papo chato, disse que tava surpreso por ela ter aparecido e que podiam ir no shopping mais tarde, cinema talvez. Mas ela não ia poder ficar até mais tarde, teria que voltar pra casa.

- Que pena. – respondeu MaGá.

Na hora já teve a noção de ter falado merda e, de estar falando merda. Era simples, beijo e pronto. Depois de pensar algumas vezes em como avançar, apareceu Alvinho e a prima.

- Então prima, temos que ir, minha mãe já ta chegando. – disse a prima.

- Tá então, vamos.

Olhou pra MaGá, e nenhuma resposta em forma de beijo, só uma cara de bunda do MaGá. Se despediram todos com dois beijinhos e as meninas foram.

- E aí, pego ela? – perguntou empolgado Alvinho.

- Não né. Aqui?! Tu pegou a prima?

- Porra MaGá, vou ter que empurrar sua cabeça pra beijar uma garota? Peguei ué, acho que eu tava fazendo o que no estacionamento, conversando sobre a vida? Hahaha... – disse 
Alvinho rindo de mais de mais uma bola fora de MaGá.

Outra vez, já um pouquinho mais velho e fora outras situações que deram errado, MaGá teve a chance de ficar com a irmã do Rafa. Com permissão e ajuda dele, e do Alvinho. Quando envolve amigos, sempre tem pressão. Com pressão, como sempre com MaGá, só daria errado. Depois das coisas bem caminhadas, e muito bem encaminhadas por Alvinho, MaGá só tinha o trabalho de beijar. Mas ele não conseguia. O auge das tentativas, e fracassos, aconteceu em um único dia.

Ficou combinado de os quatro irem no shopping, dar uma volta. Óbvio, tava nas entrelinhas que era pro MaGá ficar com a menina. Mas quis o Alvinho por em MAIÚSCULO, sublinhar, por itálico e negrito a “missão” de MaGá pra noite. Pressão nele.

Já no caminho ao shopping, Rafa e Alvinho saíram correndo na frente, deixando MaGá e a menina pra trás. Ficando MaGá super sem graça e sem ideia do que fazer. Claro que sabia, mas...

- Hehehe... Idiotas né?! – diz MaGá todo envergonhado.

Ela respondeu com um sorriso, deixando ele mais sem graça ainda...

“Meu Deus! Diz alguma coisa! Que merda em que me meti!”

Se tivessem lançado o filme Hicth antes, de repente ele teria se saído melhor. Mas como é MaGá, provavelmente não. Ele não conseguiu interpretar a situação, apesar de não ter o que interpretar, apenas o que fazer.

- Vamos né, os idiotas já devem estar na praça de alimentação. – disse MaGá, virando e indo na frente.

“Sai o cão arrependido, com o rabo entre as patas...”

Ele foi indo e nem olhou pra trás, provavelmente ela devia ter ficado com cara de bunda. Chegando no shopping, mas uma fugida dos dois. Dessa vez na escada rolante. MaGá e a irmã do Rafa foram na frente, mas antes de perceber, Rafa e Alvinho já tinham saído da escada rolante.

- A gente se encontra no mercado. – disse Alvinho rindo.

“Que merda! E agora, o que faço... Sorrindo de novo?! Diz alguma coisa!”

Dessa vez MaGá ficou mudou, preferiu não fazer nenhum comentário. Não sabia o que poderia “ser usado contra ele”.

Já no mercado do shopping, Alvinho foi falar com ele.

- E aí, já pegou?

- Não ué!

- Como assim “não”?! Tu quer que eu faça pra você?! Hahaha... 

Bora com isso, deixa de besteira, bota logo essa linga na boca dela! – disse Alvinho, rindo da situação, mas ao mesmo tempo não acreditando.

Até ali, nada. Alvinho não acreditava, e se recusava a fracassar como cupido. Estava tão certo, tudo encaminhado nos mínimos detalhes, que era inacreditável. Resolveu então tentar pela ultima vez ajudar MaGá com a irmã de Rafa, e dessa vez seria mais radical.

Chegando no prédio, foi andando – uns dois passos – na frente com o Rafa. Já dentro do condomínio e dentro do prédio, junto com Rafa, resolveu trancar os dois na área do lado de fora do prédio. E foi bem claro.

- Só abro o portão depois que os dois aí se beijarem. Vai logo! Vou ali com o Rafa beber uma água e depois volto. – disse Alvinho rindo.

E assim fez se virando e subindo as escadas. MaGá via pelo vidro da porta, Alvinho subir junto com Rafa as escadas e deixando ali, ele, a irmã do Rafa, e a sua vergonha do tamanho de um elefante. MaGá paralisou e riu, não conseguiu fazer e nem falar nada por alguns minutos, até descer Alvinho pra abrir a porta e descobrir que nada aconteceu. Já no quarto, pronto pra dormir, Alvinho resolveu fechar a noite com a piadinha do dia.

- Cara, vamos fazer o filme “O BV de 40 anos - Baseado em fatos reais” Hahaha... claro daqui a uns 20 e tantos anos. Do jeito que você tá, nada vai mudar e vai ficar na bala, Juquinha, por um bom tempo. – disse Alvinho caindo na gargalhada à noite.

- Hahahah... Cala a boca! – disse MaGá, não resistindo e rindo junto.


"Espero que não demore tanto. Mas um filme talvez seria uma... Não, melhor não. A cada ano surge um profeta novo das cinzas com o fim do mundo. Vai que um acerta..."