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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Peitinho: À volta para os que não viram!

Foi-se mais um dia no SRD, já era por volta das 8 horas da noite e o calor de matar já estava instalado. Para melhorar vem uma queda de luz e longe dali ouve-se alguns gritos solitários.


“Peeeeitiiinhooo!!”

Porem os gritos não duram um minuto até que a luz volta. Existia o tal gerador. O que apesar de ser bom era triste, porque peitinho já não se via há muito tempo. Todos já sabiam que a queda de luz não durava muito tempo e os gritos se tornaram só um modo de zoar e relaxar.

Até que vem a segunda queda. Ouvem-se por perto alguns gritos, mas sem confiança, de novo a queda não dura muito tempo. No quarto estava MaGá e Zéh. Manolo estava em algum outro lugar, assim como Alvinho.

MaGá sem confiança resolve fazer um comentário:

- Aí! O Barriga do quiosque disse uma vez que quando a luz cai pela terceira vez, ela não costuma voltar não.

Zéh duvida um pouco, mas passado algum tempo uma terceira queda. Em silêncio MaGá e Zéh apenas esperam passar o broxante tempo de um minuto, não acreditam muito no papo do Barriga. O tempo passa e mesmo aos gritos de peitinhos começando a fervilhar por todos os lados, eles ainda ficam meio reticentes.

- É! Tá demorando um pouquinho mais que o normal, né?! – diz MaGá, pensando em voz alta.

Até que se passado três minutos e gritos mais fortes pelos corredores, Zéh explode!

- C4r@@@lho mané, Peitinho!!

Os dois saem correndo do quarto e quando chegam ao corredor principal dos prédios do bloco M se deparam com uma multidão. Parecia uma procissão, igual essas de dia de Santo. Só que a rapaziada em vez de velas, usavam celulares e lanternas. MaGá solta um sorrisão no rosto, adora o SRD. Adora o Peitinho, é único. Só esperava que esse fosse tão bom quanto o ultimo que ele viu.

Enquanto caminhavam pelo corredor, já se esbarraram com Manolo, que tava levando um desses cones de rua pra berrar.

- Cara, Peitinho! Que saudade! – comentou Manolo vibrando de alegria.

Os novos moradores do SRD também estavam empolgadíssimos, tinha gente que nunca viu. Peitinho continua sendo lenda. Tinha gente de fora do SRD vindo só pra ver. E falando em quem nunca viu, MaGá se lembrou de Rafa.

- Aí, cadê o Rafa? – perguntou MaGá pro Manolo.

- Esse ai nasceu pra não ver Peitinho, não tem sorte. Tava saindo do centro, vai pegar maior trânsito. – respondeu Manolo.

- Que azarado! – disse MaGá.

MaGá então foi caminhando até o prédio 1 do bloco F, mas as coisas estavam meio fracas por lá e de longe viram que tava rolando uma gritaria em frente ao prédio 4. Não pensaram duas vezes, correram pra lá.

Já chegaram ouvindo os berros e zoações com as boas moças que nos proporcionavam o entretenimento de uma falta de luz.

- Bota esses "trakinas" pra fora vara-pau! - berra um sujeito arrancando risadas de quem tava em volta.

Tava um auê! Tava um inferno, tinha gente em frente ao prédio 4, uma multidão entre os prédios 2 e 3.

- Cara, olha aquilo. Aquelas meninas tão parecendo dois totens! – comenta Manolo.

MaGá e Manolo encontraram todo tipo de gente. Na hora do peitinho os conhecidos surgem do nada, igual “gremlins”. Em meio a multidão esbarraram com umas amigas.

- Ué, vocês não estão no lugar errado não? – pergunta MaGá pra uma das amigas.

- Aonde? Tirando a roupa pra vocês tarados? Deixa com as novatas. – responde rindo.

- Vocês tinham que ta organizando, escolhendo os melhores peitos pra fazer. Tem uns que dá dó de ver. – diz MaGá rindo até ser interrompido pela revolta de Zéh que aparece do nada.

- Tinha que existir um curso de gestão de peitinho, não é possível! É peitinho aqui, peitinho no prédio 1, no 3, no 4... Cadê a logística!

- Ta aí, faz esse curso. – diz uma das meninas.

- Não, prefiro ser o produtor e escolher os peitinhos – diz Zéh com um sorriso sacana.

O grupo tava entre os prédios 2 e 3, no meio da terra e do mato. O que não se faz por um petinho bem representado hein! Na hora em que MaGá ia dar a ideia de sair de lá porque as formigas estavam arrancando pedaços, um “boom!” estrondoso surge. Alguma menina gorda e mal amada resolveu tacar bombas no meio do povo entre os prédio 2 e 3 do bloco F.

Enquanto uns xingavam a tal gorda, outros vazavam de lá. Perder um pé não vale o peitinho, e além do mais tinha outras menininhas doidas pra mostrar o “trakinas” pra rapaziada.

Chegando em frente do prédio 4 tava rolando um Peitinho que tava tirando os caras do sério. Uma menina no terceiro andar começou a fazer um striptease na sombra junto com uma amiga que mexeu com a imaginação dos caras. Até ela se pendurar na janela e rebolar loucamente deixando a rapaziada parecendo chimpanzés na selva: pulando de braços levantados igual loucos. Era algo como a evolução da produção, tava parecendo algo 3D. Se pula mais um pouquinho, dava pra encostar. Mentira! Mas tava maneiríssimo, Show Business!

- P#rr4, ta parecendo um lance de exorcismo, ta possuída essa aí. Que coisa escrota. – apareceu Alvinho comentando com MaGá e Zéh.

- Aí Alvinho, tu é bem bixinha com esse lance de peitinho hein. PQ#P! – respondeu Zéh.

Os caras, menos Alvinho, piraram ainda mais quando a outra amiga apareceu com algo que parecia uma luminária e começou a simular uma meteção com a Emily Rose do Alvinho. A rapaziada pirou! As mulheres, claro...

“Que piranha!”

- Enfia o tubo de Neutrox nela! – berrou um exaltado arrancando gargalhadas de todos, até mesmo de Alvinho.

- Caraca, NEUTROX! Isso é muito das antigas! E enorme, coitada da menina! Kkkkk – comentou MaGá pro Manolo.

Com a frequência do rebolado e do pique diminuindo - claro a menina não é a base de Rayovac - a amiga surge balançando uma calcinha atrás da cortina, renovando a empolgação dos caras.

Depois de brincar o máximo que consiguiu, a menina jogou a calcinha. MaGá, Manolo, Zéh e mais uma duzia enlouqueceram e tentaram pegar a calcinha da Emily Rose. Os homens viraram crianças atrás de uma pipa. As meninas acharam aquilo tudo muito idiota, e a menina, claro, muito piranha.

MaGá, Manolo e Zéh cabisbaixos não conseguiram pegar a pipa solta da Emily.

- Essa calcinha deve tá cheia de sebo, gonorreia,  ziquizira... Sorte a de vocês. - comentou Alvinho em tom sarcástico pra irritar Zéh.

Missão cumprida. Zéh só olhou pra ele com uma cara de "Viadinho!". Depois da frustração de não ter um suvenir, restou pra MaGá buscar novas sombras loucas pelo SRD e acabou indo pro prédio 1.

No outro prédio MaGá vê que no AP de uma amiga está rolando peitinho, o que faz ele se empolgar, porque assim finalmente deve conhecer alguém que faz. Isso até esbarrar com duas que moram com ela e vê outras duas andando pelo peitinho, deixando ele super chateado. Não vai ser dessa vez que vai saber de alguém que faça.

Em cima da janela do quarto da amiga aparece uma menina com uma vela, arrancando alguns gritos de peitinhos pra alegria do poucos que ali estavam. Isso até ela virar xingando todo mundo porque queria estudar.

- Estudar é na sala de estudos! Bota essa AZEITONA pra fora! É hora de PEITINHO! – gritou uma menina do lado de MaGá.

Pra surpresa dele, era a Jujuba, mais uma que morava no quarto que tava rolando o peitinho.

- Ah, não! Se você ta aqui, quem ta lá?! – pergunta MaGá frustrado.

- E eu vou saber? Pode ser qualquer uma! – respondeu rindo.

Enquanto isso na janela do quarto dela e da amiga: uma menina rebolava toda desengonçada em cima de uma mesa arrancando gargalhadas de quem via. Até que de repente, pra surpresa de todos: um corpo cai.

- Ih c@r4lh*! - soltou MaGá no susto. - Cadê a sua amiga que tava ali? – perguntou MaGá pra Jujuba.

- Hahahah... Meu Deus, coitada! – comentou Ju, rindo muito, assim como todos.

As gargalhadas alheia enfrente ao AP da Ju encerraram a noite daquele peitinho pra MaGá. O dia seguinte o papo só foi o Neutrox do prédio 4 e a perneta do 1. Já estava na boca do povo que a menina teve que ir ao postinho pra engessar e se consertar toda. Se ferrou toda.

MaGá tentou dar uma de Sherlock e arrancar o nome da menina de suas amigas, mas em vão. Ficou de olho em qualquer uma com a perna enfaixada, engessada ou mancando, mas em vão. Rezou a lenda que a menina ficou a semana todo trancafiada no AP, mas vai saber. Esse teve menos peito e menos bunda, mas também teve seu valor. A Emily Rose do Neutrox do prédio 4 e a Sombra que Caiu do prédio 1 deram o brilho desse peitinho. Todo Peitinho, cada peitinho que rola, tem seu valor!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

As Gonçalenses – A Piriguete do Porto da Pedra


Estamos em São Gonçalo. Terra de tantos Brabos. De personagens como, Seu Jorge da Ponte Engarrafada até Edmundo O Animal. E também terra de ninguém mais, ninguém menos que, o enigmático e folclórico, Agostinho Carrara. Nessa terra de gigantes de ser mole, passam o trator!

Porto da Pedra. Reduto do Samba de São Gonçalo. Aqui a festa é feita se a escola não cai pro Grupo de Acesso. Terra de meninas e mulheres, nascidas pra brilhar. Ou ao menos tentar. Terra também de Darlene, A Piriguete do Porto da Pedra.

Darlene, isso mesmo. É uma homenagem ao personagem da novela Celebridade. Se é que isso pode se chamar de homenagem.  Sua mãe, Giselda, não conseguira o tão sonhado sucesso. Também com esse nome, quem iria. Então ela queria que sua filha tivesse, ao menos, o nome de uma batalhadora da fama, dai Darlene.

Era início de fevereiro. Rio de Janeiro já estava fervendo carnaval. A turma então resolveu ir a São Gonçalo, lá teria um sambão no Porto da Pedra. E nesse ano eles não estavam no Grupo de Acesso. Chico tinha chamado eles, mas ele só leva pra roubada. Em São Gonçalo então, a roubada era garantida. Chegando em São Gonçalo o samba já tava pegando fogo. A mulherada sambava toda arrebitada. O pandeirão não parava de balançar, pareciam Globelezas sambando, porém desmerecidas de algum toque de beleza.

Entre elas estava Darlene. Tava gostosa. Darlene sobressaia no sambão de São Gonçalo. Era o tipo do Zéh, adorava as com caras de danada. Sambava com um salto plataforma balançando a cabeleira nova. Era uma morena de corpo da cor do pecado, cabelo com aplique e um corpo de por inveja a qualquer Panicat. Tinha um piercing no umbigo, e ao lado uma tatto, metade amostra e metade no mistério. Seus pelinhos eram dourados na pura água oxigenada da farmácia ChicFarma da esquina. Sempre que possível dourada encima da laje. Dourados pela força do oxigênio. Zéh pirou, estava enfeitiçado!

- Que isso hein... Por essa aí assino até cheque em branco! – disse Zéh, cheio de gosto perto do ouvido dela.

Pra quê?! Cheque em branco? Palavra mágica pra Darlene. Cheia de dengo foi sambando e rebolando ao encontro de Zéh. Sambando de costas foi indo ao encontro de Zéh cheia da maldade!

Zéh foi ficando animado, olhou pro lado e não viu ninguém, o que deixou ele puto!

“Porra! Nessas horas não tem ninguém por perto pra contar vantagem! Bando de merdas!”

Quando chegou perto de Zéh, Darlene chegou arrebentando no samba. Parecia uma britadeira de rua, sua saiazinha pulava sobre seu lombo que fazia Zéh pirar o cabeção.

“Cadê vocês seus FD#s!? Que mulata gostosa!”

Darlene chegou perto do ouvidinho de Zéh, e toda saliente soltou o verbo meloso.

- A delicia gosta de um chocolate?!

“Safaaaaada!!”

- Adoro me lambuzar no chocolate! – respondeu Zéh com sotaque de putão.

Zéh resolveu pedir um minutinho pra ir em um lugar e perguntou se ela se importava, disse que até trazia uma cerveja pra ela. Coisa que Darlene aceitou arriscar. Coisa que sua Mãe repudiaria, não se pode dar um mole desse e ter a chance de perder um peixão. Zéh voltaria, certo, certeiro. Na verdade ele queria porque queria a chance de encontrar algum dos amigos e que eles confirmassem sua história, que segundo ele pegaria a mulata mais gostosa de São Gonçalo. Um paradoxo dos mais enigmáticos. Porém em vão, não achou ninguém.

“F#D-$%!”

Como tinha prometido comprar uma cerveja pra sua Dama Negra, foi até o bar. Única opção, Itaipava. É, fazer o que, tava em São Gonçalo. Voltou e saiu a procura da sua mulata gostosa. Não demorou e avistou a sua Ferrari vermelha com toque de chocolate. Chegou por traz dela e ofereceu a Itaipava que tinha comprado. Gentilmente Darlene aceitou.

- Desculpa a indelicadeza, mas qual é o nome dessa princesa de ébano? – perguntou Zéh.

Ébano?! Darlene não sabe se isso é bom ou ruim, mas resolve se fazer de indiferente e aceitar o possível elogio.

- Que fofo! Prazer, meu nome é Darlene. – respondeu o nome com todo flexibilidade possível na língua.

Ficaram alguns minutos conversando com Zéh vidrado no seu corpo. Darlene de modo inacreditável - porém fruto de muito treino da sua mãe - conversava sambando, sambando de leve. Ela não parava quieta, tinha um gingado sutil que de alguma forma estava enfeitiçando Zéh. Tudo não passava de uma tática de sedução que era passada de geração em geração na sua família, um modo de fisgar os homens com o mínimo de conversa possível. Zéh não tirava os olhos de sua cintura remexendo. Até que do nada Zéh agarra Darlene e tasca um beijo nela.

Zéh já estava algum tempo beijando Darlene, não conseguia parar, desgrudar. Tempo esse suficiente pra MaGá e Manolo passarem próximo a eles e avistarem tal cena. Eles se espantaram, não acreditavam na cena. MaGá chegou a esfregar os olhos pra ter certeza. Os dois ficaram uns dois minutos observando sem conseguir dizer nada. E nada dos dois se desgrudar.

- C4r@7h*! O Zéh ta louco? Vai largar essa mulher não? Manolo, a gente tem que fazer alguma coisa! – disse MaGá.

- Hahahah ele é um FDP! É maluco, deixa ele! – respondeu Manolo rindo muito.

MaGá sem pensar duas vezes foi até Zéh, e disfarçadamente um cutucou 3 vezes, mas em vão. Olhou pra Manolo então e gesticulou com as mãos perguntando o que fazer. Manolo babaca que só, só ria, não tava nem aí. MaGá então, pensando em papel de bom amigo, cutucou de novo e dessa vez com mais força. Até que ele se desgrudou.

- Fala MaGá, beleza?! Essa maravilha – disse apontando pra Darlene enquanto ela remexia levemente – é Darlene, deliciosa como um Diamante Negro. – disse Zéh com os olhos fixados na cintura dela, que não perdia o rebolado.

- Opa! – acenou MaGá pra ela, puxando em seguida Zéh pelo braço.

- Porra Zéh, ta maluco?! Ta doidão?! Joga essa porra de Itaipava fora, deve ta te fazendo mal. – disse jogando a latinha no chão.

- Que foi cara, olha aquilo ali, olha aquele remelexo. Que loucura! – disse vendo ela sambar.

- Tá maluco!? Ela é feia, gorda e banguela! – respondeu agarrando a cabeça de Zéh.

Zéh deu uma risada meio sem graça e questionou se ele ta bem. MaGá não pensou duas vezes e acenou pro Manolo e chamou ele, por acaso Alvinho apareceu também.

- Fala Manolo, essa mulher que o Zéh ta pegando, gatinha? – perguntou MaGá.

- Que mulher? – perguntou Alvinho pegando o bonde atrasado.

- Hahahahah... Aquela ali – apontou Manolo pra Alvinho – Delícia! – respondeu Manolo rindo.

- Ta zoando?! Zéh, você ta maluco? Vamos embora daqui, vamos levar ele. – disse Alvinho.

Zéh se revolta com a turma decidindo o que ele tem que fazer, pega a latinha de Itaipava que tava no chão e volta a beber. Quando ameaça ir atrás de Darlene, é impedido.

- P#rr4, ta explicado! Quem foi que deu Itaipava pro Zéh?! Ele fica loco, não pode! – disse Alvinho pegando a latinha dele e dando uma garrafinha d’água pra ele beber.

Zéh concordou e mostrou aceitar a idéia de ir embora, mas assim que a turma distraiu, correu rapidinho até Darlene e deu um ultimo beijão nela. Pra desespero dos amigos que nem conseguiram olhar, os três viraram o rosto na hora. Alvinho, como o amigo mais consciente, voltou, pediu desculpas a Darlene e puxou Zéh pelo braço pra irem embora.

Algo estava errado nessa história. A turma ficou espantada, chocada com ele beijando Darlene no meio da quadra do Porto da Pedra daquele jeito. Na verdade Zéh tava mais pra São Jorge do que Galanteador de São Gonçalo.

Apesar de que todo galanteador de São Gonçalo é um guerreiro por natureza.

Zéh estava passando por uma síndrome de “O Amor é Cego”. Não se sabe se por causa da cerveja – Itaipava – que por motivos desconhecidos, não o deixa muito bem. Nem no sentido de barriga, como também de cabeça. Ou se por causa da lenda que cerca algumas mulheres do folclórico bairro do Porto da Pedra. Mulheres essas, que como Darlene, receberam algum tipo de herança mística e poderosa de suas ancestrais, que de alguma forma conseguiam enfeitiçar esses homens que atracavam no Porto. Que reza a lenda local, ser esse o motivo do nome dado ao bairro, Porto da Pedra.

Antes que Zéh caísse no conto do Gonçalo, seus amigos logo o tiraram de lá. O dia seguinte foi de ressaca e de amnésia. Zéh jurava que não se lembrava de mulher nenhuma, quem dirá uma Darlene.

Podia ser verdade ou migué. Mas antes que a turma ficasse na duvida de acreditar ou não no amigo e ficar naquela zoação do dito pelo não dito, Manolo fez questão de tirar o celular do bolso e mostrar seu dom fotográfico. Uma foto do Zéh com os dois braços abertos e esticados envolvendo a sua princesa de ébano, Darlene.

Estava aberta a temporada de zoação ao Zéh. Zéh que durma com um barulho desses.

domingo, 30 de setembro de 2012

A Queda do Trono!

A primeira menina a mexer mesmo com MaGá, naquele ponto em que se começa a fazer inúmeras merdas mesmo sem querer, foi a Graça. Porém a primeira a dar aquele estalo de que a amiginha é legal, e menininho e menininha podem ser mais que amiginhos e tals, foi a Gika. Apesar dessa não ser uma história de romance.

MaGá e Gika eram amigos de colégio, pequeninos ainda e moravam perto. Iam e voltavam juntos do colégio, e assim começou os outros amiguinhos - aparentemente mais evoluídos mentalmente e com mais malícia - a botar pilha em MaGá.

- Aí, vai ficar com a Gika. Isso se não já começou. – dizia um dos amiguinhos.

Coitado de MaGá, nem sabia como era isso direito, ficava cheio de vergonha só de ver seu primo beijando a namorada na frente da família. Nem conseguia se imaginar nessa situação. Porém foi nesse momento de brincadeiras dos amiguinhos, que MaGá começou a se perguntar se já estava na hora, se já era tempo de passar por essa situação. Beijar uma menina. Depois desse pensamento, dessa viajem, MaGá começou dar mais atenção a situação e ia e voltava da escola com Gika querendo ser mais participativo. Sempre que possível dava uma abraçozinho aqui, outro ali e assim foi indo.

Certo dia algo abalou pra sempre essa amizade ou tentativa de nova relação entre os dois. “Relação” pelo menos do ponto de vista de MaGá. Nessas idas e vindas de MaGá e Gika, escola-casa, a amizade aumentou e como moravam próximos começou assim os estudos na casa da amiguinha. Em um dia desses, de estudo em meio as contas de 35+47, tabuadas e outras coisas mais, MaGá já se sentindo em casa imagina que não é problema nenhum pedir pra ir ao banheiro.

Morava perto, sabia, mas pedir licença pra ir em casa rapidinho, só pra ir no banheiro era demais. Era cansativo demais. Pelo menos é assim que MaGá pensava, além de já se sentir em casa. Conhecia a irmã, pai, mãe, já era quase da família. E é aí que mora o perigo, e o nome dele é intimidade.

Resolveu realmente ser da família.

- Gika, onde fica o banheiro? – perguntou baixinho.

- É só ir ali, no corredor, segunda à direita. – respondeu tranquilamente e muito educada.

MaGá então foi. Entrou no banheiro, deu uma olhada curiosa em tudo e foi pro vaso sanitário. Seu maior medo no momento era não fazer feder. Imaginava a vergonha que seria, assim que ele saísse entrar alguém e encontrar um banheiro todo fedorento, o que seria mais vergonhoso ainda. Sentou e em plena imaginação se posicionou no vaso e fez de um jeito que imaginou não feder. Pronto, até que foi rápido, porém não tão rápido a ponto de imaginarem que ele foi fazer xixi. Já imaginava que cara fariam ou em como olhariam pra ele sabendo o que fez no banheiro deles. Mas nem teve tanto tempo pra isso, quando foi pegar o papel higiênico pra sair o mais rápido possível do banheiro... Sem papel.

Ih! Fedeu!

MaGá então começou a ficar nervoso, e de bunda suja mesmo começou a procurar papel pelo banheiro. Levantou e foi vasculhar o armário do banheiro, que pra seu desespero não achou nada. Ficou mais nervoso ainda e começou a pensar o que poderia fazer, o que faria pra sair de lá com o mínimo de dignidade possível, limpo. Até que MaGá então lembra, não sabe como - se vídeo na internet, noticia na TV ou de alguma historia que contaram pra ele - que uma das possibilidades era lavar a bunda.

“Nojento!”

Não lhe agradava muito essa opção, mas uma outra seria limpar com a cueca, como um amigo seu disse ter feito quando foi fazer uma trilha com o primo. Porém foi na floresta, meio do mato ou coisa do tipo. Uma coisa é jogar fora ou enterrar uma cueca suja no meio do mato, brabo seria esconder uma cueca no banheiro de um conhecido. Jogar na lixeira pra depois alguém, não se sabe como, mas com possibilidade, ver ali uma cueca jogada seria uma vergonha alheia enorme e com chances de chegar boatos até mesmo no colégio. Seria uma zoação que só.

- Aaaah! MaGá Bunda-Suja! – diriam os amiguinhos rindo no recreio.

Restava a MaGá a alternativa de lavar a bunda. Lembrou então de como soube da história.

[lapso magamental ON]

MaGá então no modo silencioso levanta do trono, tira as calças e vai pra pia, já que não existiria desculpa possível e explicação plausível pra ele ligar o chuveiro. Já em frente a pia,  MaGá começa a pensar em como fazer a sua bunda alcançar a torneira, já que ele pequeno mal conseguia fazer sua própria mão chegar na torneira. A pia era daquele tipo embutida na parede, toda grandona e com a parte de cima de pedra ou plástico, meio fina, mas rígida, algo assim. Ele então acha uma maneira de alcançar a torneira, abre as gavetas da pia e faz das gavetas um tipo de escada.

Já sentado na ponta da pia, MaGá abre a torneira, porém quando se ajeita pra avançar mais um pouquinho com a bunda e se aproximar da torneira...

PRAAAEEENNNNCK!!

Uma coisa terrível, um barulho vergonhoso ocorre. Um pedaço da pia quebra junto com MaGá, que cai e por pior que pareça consegue ainda rasgar a pequena bunda que tinha. Fez um barulho terrível e enquanto estava caído no chão fazendo força pra não chorar, sujo e com sangue, as pessoas da casa batiam na porta pra saber o que tinha acontecido. Coitado morre de vergonha e nem faz idéia do que pensar em falar.

[lapso magamental OFF]

Depois de recordado que o carinha dessa história, rasgou a bunda e passou uma vergonha danada. Relutou então em lavar a bunda e passar pelo o mesmo. Restava saber o que fazer pra sair daquela casa limpo.

MaGá então resolveu procurar de novo um pacote de papel higiênico naquele banheiro. Procura e procura mas em vão, não acha nada. Restava uma única coisa, pedir. MaGá então respira fundo, toma coragem e vai até a porta e baixinho chama a Gika.

- Ei, Giiiiika! – sussurrou na brecha da porta umas três vezes até ela aparecer.

- Que foi? – perguntou curiosa, olhando só o rosto de MaGá pela brecha da porta.

- Ééé... – diz tentando não dizer – Onde tem papel? – termina de falar com muita vergonha, querendo enfiar a cabeça na terra, igual um avestruz que viu num desenho.

Gika só ri, porém baixo, demonstrando até um pouco de respeito por MaGá que se alivia de não ter sua situação espalhada pela casa. Até...

- Mããããe! Onde tem papel higiênico? MaGá disse que acaboooou! – berrou Gika em direção a sala.

MaGá não acredita no que aconteceu, ele rapidamente fecha a porta e se apóia nela olhando pro teto.

Caraca! Ela gritou pra todo mundo ouvir! Que Merda!”

MaGá só escuta os risos vindo da sala, e se sente mais envergonhado ainda. Até que a Gika bate na porta.

- Que foi?! – pergunta MaGá inconformado com ela.

- Minha mãe falou que ta na porta da direita do armário, é só procurar. – respondeu.

MaGá se irrita profundamente pois tinha procurado duas vezes no armário e não acho nada, mas resolve olhar de novo pra poder ter mais certeza na hora de justificar que já tinha procurado. Porém foi quando olhou pela terceira vez no armário que se sentiu o idiota mais sujo do mundo. Ali estava o pacote de papel, atrás de um produto de limpeza.

“Ta de sacanagem!”

Vergonhosamente, MaGá responde dizendo que achou. Depois de se limpar e ajeitar tudo no banheiro, ele respira fundo de novo, toma coragem e abre a porta. O pessoal na sala era só risos, pra vergonha alheia e sorriso constrangedor de MaGá. A mãe de Gika disse que não precisava pedir, era só procurar no armário e pegar, o que deixou ele mais angustiado ainda.

A Mãe de Gika gentilmente fez o lanchinho do final de estudo e chamou MaGá pra se sentar junto, mas a sua vergonha era tão grande, e o sorriso da irmã mais velha de Gika – que era toda bonitona e por si só já envergonhava ele – estava deixando ele muito sem graça, assim como o sorriso na cara do pai dela na sala. Assim ele resolveu inventar uma desculpa esfarrapada que não tava muito bem da barriga e preferia ir pra casa, e que depois voltaria, o que não ocorreria tão cedo.

Ele então foi pra casa, incrédulo do que tinha acontecido com ele e de como isso poderia ficar pior na escola. Restava apenas... Vida que se segue. Pelo menos tá limpo!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sex Drive-Thru


Em dia de mais uma esbarrada proposital, MaGá e Pri resolveram tentar o carro da Preta, já que depois do inconveniente com os cachorros MaGá realmente ficou meio paranóico. Via um cachorro no mesmo lado da calçada, atravessava. Escutava um latido, gelava. Um dia alguma coisa esbarrou na sua perna e o coitado do MaGá deu um avanço, um pulo, que quem estava perto não entendeu nada.

Mais tarde, no mesmo dia da esbarrada, MaGá e Pri se encontraram e ficaram até altas horas conversando até resolverem agir.

- E aí, falou com a Preta sobre a chave do carro? – perguntou MaGá.

- Putz! Falei mas esqueci de pegar a chave. – respondeu Pri com cara de bunda.

- E o idiota sou eu. E agora?

- Quer ir pro carro? – pergunta Pri.

“Hãn?! É ÓBVIO!”

- Ué, tu que sabe. – responde MaGá de forma indiferente.

- Pô, agora ela ta dormindo e muito. Que merda. – diz Pri.

Pri para, pensa um pouco e do nada sai andando. MaGá não entende nada. Ele resolve então dar uma volta e vai até o salão ver como ta. Claro, tremendo de medo de esbarrar com um cachorro de novo, mas foi e por sorte nada lá. Até que depois de um bom tempinho ela volta. Um pouco agitada.

- O que foi? – pergunta MaGá.

- A Preta tava mesmo dormindo. Perguntei da chave e ela disse que tava na bolsa, mas não tava. Aí fui e sai procurando e não achava de jeito nenhum. Até que fui até ela com a bolsa e pedi pra achar. Ela ficou um pouco puta comigo eu acho, mas peguei. – responde mostrando a chave e com um sorriso no rosto.

- Até que fim. Vamos então? – perguntou MaGá.

Mas nada é fácil. Primeiro alguém resolve andar pelo caminho da praça, perto de onde está o carro, e isso é por volta das 2 horas da madrugada.

“Malditos maconheiros, só pode!”

Pri então resolve ir na frente pra dar uma ajeitada no carro, ajeitar o banco e guardar qualquer bugiganga que estivesse espalhada por lá. Além de da uma disfarçada, para ao invés de ir os dois juntos e ficar muito na cara. Já com tudo ajeitado e com uma mensagem de texto no celular dando o recado de tudo pronto, do nada aparece um carro e ele para exatamente na frente de MaGá.

Merda! Teu empata!”

Fica ali por uns 10 minutos e com o farol acesso. Ele não consegue acreditar. Até que sai uma gordinha, o que deveria então ser o cavalheiro deixando a dama em casa.

Assim que o cavalheiro, mas um São Jorge da vida, decidiu ir embora, MaGá finalmente conseguiu ir pro carro. Quando entro Pri já dizia que era hora, daqui a pouco já estaria amanhecendo. MaGá depois que reparou a situação ficou meio confuso, lembrou da sua primeira tentativa no carro. Ficou igual a um cachorro tetando trepar na perna da avó.

“E agora, banco da frente, banco de trás... Que merda, tem que rolar isso, de algum jeito”

Pra evitar problemas MaGá deixou a vergonha e falou.

- E aí, como vamos fazer? Banco de trás, banco da frente, tu por cima... Como é? – perguntou meio afoito.

- Ih, sei lá. Vamos eu por cima mesmo.

MaGá então arrastou os bancos o mais pra frente possível para aumentar o espaço atrás. Rapidamente eles começaram a tirar a roupa, igual crianças abrindo Kinder Ovo pra achar o brinquedo. Até Pri montar por cima dele. Ali começou a brincadeira.

Em cima de MaGá Pri começou a se empolgar. MaGá tava meio desconfortável. Ele ficou meio inclinado, um pé tava meio que preso no banco da frente, o outro apoiado na janela, mas tudo por um bem maior. Mas ele tava se amarrando, tava fazendo num carro, e que nem era dele. Ainda por cima tirando o trauma da primeira vez que ele tentou. Mas MaGá é muito disperso e começou a sentir o carro balançar, do nada se pegou vigiando a janela e o teto do carro pulando, igual barca indo pra Niterói, cima, baixo, cima, baixo, muito lá em cima, baixo... Era um mix de satisfação e receio. Tava achando tudo muito maneiro.

“Que maneiro! To fazendo um carro balançar e não é empurrando com a mão ou pulando igual quando era criança!”

e tava meio preocupado também

“Que merda, vão ver esse carro pulando aqui, e se pegarem... Porra o maluco ta por aí!”

Do nada outra coisa começou a chamar atenção de MaGá, ele sente alguma coisa presa na sua orelha, ouvido, por ali. Distraído que só, fazia os trabalhos e se preocupava em o que era na orelha dele.

“Que merda, que isso? Será que é uma bolota de cera? Nojento!”.

MaGá acha que tem cera presa no ouvido dele e começa a incomodar demais. Ele então resolve botar a cabeça meio de ladinho e tenta disfarçadamente ver se consegue tirar, como se tenta tirar água do ouvido. Não dá muito certo. Pri então, em meio à empolgação, resolve puxar seu cabelo.

“Que merda!”

Até que, finalmente, MaGá chegou nos finalmentes. Sorte que não teve câimbra na perna, só ia piorar a situação. Os dois então se deparam entrelaçados naquele espaço pequeno do carro. Pois é, câimbra não teve, mas pra sair de cima de MaGá foi um sufoco.

- E agora, como vamos sair daqui? – perguntou MaGá.

- Calma aí, vamos de vagar.

MaGá de certa forma se ajeita esticando as perna envolta do banco da frente. Pri se afasta do peito dele. Em um movimento pra melhorar a posição, MaGá empurra Pri de costas pro banco da frente.

- Ai, hahahah, você ta maluco? – perguntou rindo Pri.

- Ih, foi mal, tava começando a dar câimbra.

Eles resolveram então ficar assim por um tempo e conversarem até as coisas relaxarem e saírem depois.

- Não acredito, perdi meu brinco – comentou Pri.

- Como você consegue perder um brinco? Imaginem o que vão pensar... “Boto essa orelha onde?” – comentou MaGá.

- Há há há, idiota!

Até que MaGá, lembra do incômodo do seu ouvido. “Será?”. Ele resolve ver o que é.

- O que você ta fazendo? Nojento, pelo menos espera eu virar pro lado e não ver. – comentou Pri com um tom de brincadeira.

- Se eu for esperar você virar pro lado não vai ser agora, e – com muita sorte – esse aqui é o seu brinco? – pergunta MaGá.

- Hahaha, é esse mesmo. Como foi parar aí? – perguntou ela espantada e rindo.

- Você ajudaria se pulasse menos, me senti numa canoa. – disse MaGá rindo.

- Hahaha eu também reparei balançando, me deu muita vontade de rir na hora.

- Eu também, não consegui para de olhar pra janela. E agora, vamos sair? – perguntou MaGá.

Parecendo dois cachorros presos depois de trepados, eles com algumas acrobacias conseguiram sair. Não sabem como, mas se libertaram. Botaram as roupas e se ajeitaram pra sair. Olharam pela janela e tudo bem. Porém depois de fecharem a porta do carro.

- Boa noite pra vocês! – disse acenando – Apesar que já tiveram né. – escutaram no fundo da praça.

Era o maconheiro, ou não era maconheiro, mas era um sujeito que tinha andado na direção da praça antes deles irem pro carro.

- Boas! – respondeu MaGá.

Assim eles saíram rindo. MaGá deixou ela na entrada do prédio e antes de seguir em direção ao seu pra dormir Pri comentou.

- Da próxima vez, vamos arranjar uma cama. Já é?! Beijinhos, boa noite. - disse com um sorriso sacana.

domingo, 12 de agosto de 2012

Olimpíadas MaGámentais


Comum em qualquer infância de rua, quando não se tem bola - porque caiu na casa do vizinho ou furou - se arranja outra coisa pra fazer. E em um desses sábados qualquer, onde faltava algo, MaGá teve uma idéia junto com seus amigos, Pinta, Rod, Gá e Pê.

- Bora brincar de olimpíadas! – sugere MaGá levantando do meio-fio.

- Mas como, com o quê? – pergunta Pê.

- Ué, são vários jogos. Só a gente pensar em como e quais jogos dá pra fazer.

- Tem que ter a corrida. – diz o Gá.

- O de pular. – sugere Rod.

- Amarelinha? – sugere Pê com um pouco de duvida.

- Claro que não, onde já se viu amarelinha um jogo. – retruca Pinta debochando de Pê.

- Ah, deixa ela Pinta, deixa de ser chato. É bom que tem mais coisa pra fazer. – tentou ajudar Rod.

Depois de muito se discutir, ficou decidido que os esportes – brincadeiras – seriam; corrida, corrida de revezamento, corrida com barreiras, salto triplo, salto em distância, lançamento de dardo, lançamento de peso, e, amarelinha.

- E qual vai ser o prêmio? – perguntou Pê.

- É mesmo, não tem medalhas. – concordou Pinta.

- Hum... Comprei um saco de big-big ontem. Pode ser isso, bala né. – sugeriu Gá.

- Vamos fazer então. 5 big-bigs, igual ouro. 3 igual prata. Um big-big bronze. – sugeriu MaGá recebendo apoio de todos.

Depois de escolhida às modalidades e a premiação, tava na hora de procurar os “instrumentos” para as olimpíadas. A turma saiu pela vizinhança e bairro atrás de coisas que poderiam ajudar. No fundo do mercadinho a turminha achou duas caixas de madeira.

- Aqui, isso pode ser pra gente pular na corrida. – sugeriu Rod.

- E o pódio. – acrescentou Pê.

A turma gostou, pegou e saiu correndo.

- Ei, volta aqui! Me devolve essa caixa! – gritou um funcionário do mercado.

Ali perto, em uma esquina, perto de uma lanchonete eles acharam um coco que Pinta teve como idéia usar pro lançamento de peso.

- Aí, dá pra usar pra tacar longe. – disse Pinta, aprovado e pego pelo grupo.

Depois de rodar a vizinhança, a turma volta carregando várias bugigangas pra curiosidade das vizinhas de janela.

- Que isso crianças, pra que tanta tralha? – perguntou uma das vizinhas.

- É para as olimpíadas tia Marizete. – respondeu a dócil Pê.

Sem muito organizar, começaram os jogos. A primeira brincadeira foi a corrida, aproveitando o fôlego do pessoal. A Pê por ser café com leite ficou de juiz. Quem ganhou essa e levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi Rod. Pinta em segundo e MaGá em terceiro. Pra descansar um pouco as outras corridas ficaram pra mais tarde e a próxima brincadeira ficou sendo o lançamento de coco, melhor, peso.

A primeira foi a Pê. Coitadinha, nem tinha força pra levantar o coco e na hora de lançar, quase a certa o pé dela. Mas acerto o de MaGá pra muita revolta dele, o que arrancou risadas dos outros.

- Kkkkk... BOA Pê, continua assim! – extravasou Pinta pra fúria de MaGá.

Vida que se segue, MaGá com um pouco de dor não foi bem. Quem levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi o Pinta, com Rod em segundo e Gá em terceiro. A próxima seria então o lançamento de dardo, que na verdade seria o lançamento de galho – um ganho que o Gá achou na calçada da vizinha.

A Pê mais uma vez não foi muito bem, mas pelo menos dessa vez não acertou ninguém. A turma ficou tudo atrás. Porém não pode-se dizer o mesmo de MaGá, ele não acertou ninguém, mas acabou acertando a casa do vizinho, pra desespero da turma que saiu correndo e se escondendo na casa do Rod. Por falta de equipamento adequado – entenda-se ‘galho’ – essa prova foi suspensa. Passado algum tempo voltaram pra rua e foram pra prova de revezamento.
Pê como não ia da conta de correr com os meninos ficou de juíza na linha de chegada. As duplas ficaram, Rod e Gá, Pinta e MaGá. Pra ser o bastão, o escolhido foi o chinelo. Rod começou a corrida contra o Pinta e mais rápido que ele, conseguiu passar logo o chinelo pro Gá. No desespero de estar atrás Pinta e MaGá erraram a passada. Pra desespero de Pinta que mesmo atrasado pegou no pé de MaGá.

- Droga! Você é muito lerdo, nem sabe pegar o chinelo direito. – reclamou Pinta.

MaGá sabendo como o outro era do tipo exagerado e nervozinho, preferiu ficar quieto. Segue-se com as brincadeiras. A próxima seria a corrida com barreiras, mas só depois reparam que só tinham duas caixas e então não daria pra todo mundo brincar. Como ninguém queria ficar de fora e como ninguém tinha relógio pra marcar tempo resolveram cancelar. Ainda faltavam os saltos.

Dos saltos, o primeiro foi o salto em distância. Nele Pê foi a primeira, mas só pra poder se sentir enturmada, porque só conseguiu dar um passo. Rod foi muito bem, assim como Gá. Mas quem ganhou e conseguiu com uma cara de sarcasmo calar a boca de alguém foi MaGá, que assim que pulou mais que Pinta só deu uma olhadinha pra ele e um sorriso de leve. Assim como no salto em distância, no salto triplo quem levou os 5 big-bigs e subiu no caixote foi o MaGá, seguido por Rod e Gá. Pinta só não ficou em último por que a Pê já no segundo pulo estava sem força. Por último ficou a, amarelinha. Os meninos queriam que não tivessem e achavam ridículo, mas como já tinham combinado com a Pê e ainda tinha big-big pra se ganhar, por que não? Combinaram que não poderiam errar a pedrinha mais que duas vezes, se não iam ficar lá o dia todo. Os meninos já estavam meio cansados e sem saco pra brincar, mas...

Pinta, um pouco mais bruto e sem jeito, não acertou nenhuma das tentativas. Desanimou e foi sentar.

MaGá foi o próximo e quase conseguiu, até chegou ao céu, mas na volta com o pé meio baleado pisou na linha. Foi sentar também.

Gá errou apenas uma vez a pedrinha em uma tentativa e no restante foi direto. Restava secar. Então foi sentar.

Rod conseguiu completar, mas erro a pedrinha uma vez em duas tentativas da amarelinha. Foi sentar junto com os outros e observar Pê, a única que faltava. Pra Gá, restava secar também.

Agora, a Pê, a que tanto queria e que ficou de café com leite em quase toda a brincadeira foi rapidinha. Ligeirinha foi pulando e passando em todas sem errar nada. Finalizou e levou o ouro, toda feliz. Melhor, levou os 5 big-bigs e subiu no pódio. Melhor, caixote, ao lado de Gá e Rod.

Acabou que todos ganharam, e até a Pê no finalzinho ficou super feliz. No final das contas todos estavam cheios de big-bigs, cansados e sujos. Restava agora limpar a pista – rua – e achar um lugar pra guardar os caixotes, o que ninguém queria. Sobrou pra MaGá, que mesmo sabendo que sua mãe não ia gostar muito, levou. O que acabou acontecendo.

- O que é isso aí que você ta na mão? – perguntou já a Mãe com aquele olhar.

Um olhar “qual você ta aprontando agora?”. Porém ele já tinha aprontado, e muito.

- E que roupa suja é essa, e esse dedo sangrando? – culpa da Pê, claro – Entra já garoto, vai tomar banho e quem vai lavar esse short é você! – disse a mãe.

MaGá então largou o caixote enquanto observava a mãe encarando ele de braço cruzado. Quieto, seguiu pro banheiro olhando pra baixo. Antes de entrar, pegou a toalha, e bem quieto foi até o cesto de roupa suja e lá tirou o short e guardou no fundo.

- Toma logo esse banho, já separei o Merthiolate pra esse machucado.

Ah não, que merda!!!

Restava agora tomar banho e lavar esse machucado do dedo e alguns ralados do corpo e o pior, agüentar o sofrimento ardente e angustiante da pazinha do Merthiolate arrastando no machucado. =’S