Cretino Lover: A Calcinha Bege, por Leandro Ravaglia:
Fim de ano. Presentes de natal, concursos públicos, a noite de reveillon, férias da filha na escola e os freelas (de qualquer tipo) que ele tem que fazer pra bancar essas coisas todas. Algum daqueles filmes sobre caras que fazem clones de si mesmo são reais? Se for, anda precisando...
Um dos freelas que está fazendo é a divulgação do reveillon dos quiosques da orla do Rio. Passou todo o final de semana por lá, na praia e nos hotéis, conhecendo gente, apresentando o projeto e explicando pra velhinhas que “elas não vão ter que passar perrengue pra ir ao banheiro porque vão ser os ‘VIPS’ da praia na noite do ano novo”.
Mas ele já disse que adora gringas?
Oportunidade melhor pra conhecer não tem, né?
- Oi
- Olá
- Fala português?
- Muito pouco
- Speak english?
- Yes
Tecla SAP [on]
- Vai passar o reveillon no Rio?
- Não sei. Tem chovido tanto. Não queria passar o ano novo na chuva
- Nem precisa. Aqui nos quiosques você vai ter a melhor ceia, no conforto e sem chuva
- Já me falaram disso aí. Mas tá caro pra mim
- Entendi. Tudo bem então. Bom reveillon
Saiu de perto. Coisinha linda de meu deus. Cabelos castanhos moderninhos, peitão e um olho tão verde que chega a dar raiva. Parecia italiana.
Ele e os outros divulgadores do evento dividiram a praia de Copacabana em 3. Cada um ficou com um setor. O seu é o das proximidades do Copacabana Palace. O final de semana não foi dos mais ensolarados, então a praia não estava muito movimentada. Por diversas horas os quiosques ficavam sem ninguém. A italianinha veio sentar com ele.
“Depois, não reclame”
- As pessoas no Rio não saem em dia de chuva
- Normalmente não. Principalmente pra vir à praia, né?
- Desde que eu cheguei, só chove
- Há quanto tempo você está aqui?
- Quatro dias
- E de onde você é?
- Romênia
Antes que desse tempo, ela já emendou:
- Mas não sou vampira não
Percebe-se que a piada já tá gasta. Conhecendo uma romena, fica a dica.
- Achei que você era italiana
- Romena
- Legal. O que você tá achando do Rio?
- Sinceramente?
- Aham
- Um saco
- Por quê?
- Choveu todos os dias. Não conheci ninguém, não fiz nada interessante...
- Que tipo de programa você gosta?
- Gosto de dançar
Muito vago.
- Que tipo de música?
- O que você quiser me levar
Um dos freelas que está fazendo é a divulgação do reveillon dos quiosques da orla do Rio. Passou todo o final de semana por lá, na praia e nos hotéis, conhecendo gente, apresentando o projeto e explicando pra velhinhas que “elas não vão ter que passar perrengue pra ir ao banheiro porque vão ser os ‘VIPS’ da praia na noite do ano novo”.
Mas ele já disse que adora gringas?
Oportunidade melhor pra conhecer não tem, né?
- Oi
- Olá
- Fala português?
- Muito pouco
- Speak english?
- Yes
Tecla SAP [on]
- Vai passar o reveillon no Rio?
- Não sei. Tem chovido tanto. Não queria passar o ano novo na chuva
- Nem precisa. Aqui nos quiosques você vai ter a melhor ceia, no conforto e sem chuva
- Já me falaram disso aí. Mas tá caro pra mim
- Entendi. Tudo bem então. Bom reveillon
Saiu de perto. Coisinha linda de meu deus. Cabelos castanhos moderninhos, peitão e um olho tão verde que chega a dar raiva. Parecia italiana.
Ele e os outros divulgadores do evento dividiram a praia de Copacabana em 3. Cada um ficou com um setor. O seu é o das proximidades do Copacabana Palace. O final de semana não foi dos mais ensolarados, então a praia não estava muito movimentada. Por diversas horas os quiosques ficavam sem ninguém. A italianinha veio sentar com ele.
“Depois, não reclame”
- As pessoas no Rio não saem em dia de chuva
- Normalmente não. Principalmente pra vir à praia, né?
- Desde que eu cheguei, só chove
- Há quanto tempo você está aqui?
- Quatro dias
- E de onde você é?
- Romênia
Antes que desse tempo, ela já emendou:
- Mas não sou vampira não
Percebe-se que a piada já tá gasta. Conhecendo uma romena, fica a dica.
- Achei que você era italiana
- Romena
- Legal. O que você tá achando do Rio?
- Sinceramente?
- Aham
- Um saco
- Por quê?
- Choveu todos os dias. Não conheci ninguém, não fiz nada interessante...
- Que tipo de programa você gosta?
- Gosto de dançar
Muito vago.
- Que tipo de música?
- O que você quiser me levar
- Tem algum estilo preferido?
- Sou professora de dança na Romênia. Gosto de conhecer coisas diferentes
Ele sempre foi apaixonado por dançarinas. Já saiu com uma dançarina? Já viu as pernas que elas têm?
- Tenho um lugar pra te levar então
- Jura? Onde é
- A Lapa
- Ouvi falar. Uma menina que está no hostel foi e disse que é legal
- Posso te levar lá
- Hoje?
“Afobadinha”.
- Pode ser
- Então deixa eu anotar o número do telefone de lá. Aí você me liga
- Ok
“Para o primeiro brasileiro simpático que conheci. Não me deixe esperando. Vai quebrar todo o encanto. R. Barão da Torre, 175, casa 14, quarto 2. Kristina”
Ela lhe entregou o bilhetinho, sorriu e deu um beijinho no canto da boca.
“Rá! Vai rodar”
- Que horas você vai passar pra me buscar?
Ah é, tem esse detalhe. A menina não é daqui. Não dá pra mandar um “então a gente se vê lá”.
- Não sei. Uma meia-noite
- Nossa. Que tarde!
- É porque lá enche tarde. Posso passar mais cedo e a gente fica bebendo antes de entrar. Pode ser?
- Pode sim
- Ok. Te ligo então
- Mais uma coisa... é caro lá?
- Não. Na Lapa tem noitada pra todos os bolsos
- Então tá
Bom sinal. Gringa roots. Não vai ficar horrorizada se tiver que parar num boteco.
Continuou o trabalhinho tranqüilo. Nos quiosques novos dá pra tomar um banho por quatro reais. Você ganha um kit com sabonetinho e toalha. Não ia precisar ir em casa.
Às dez da noite terminou o trabalho. Ligou pro hostel da menina. Um cara com sotaque de argentino atendeu.
- Alô
- Oi. Por favor, a Kristina, do quarto 2?
- Ela está no banho. É o menino que vai passar aqui pra levá-la na Lapa?
- Sou sim
- Cuidado com ela. Não é gringa doidona não, viu?
Só o que faltava. Ficar tomando chamada de argentino pelo telefone. Ele deve estar querendo pegar.
- Volto a ligar. Passar bem.
No ‘M’ do ‘passar beM’ já estava com o dedo no END do celular. Só pra ter a certeza de que daria tempo de bater-lhe o telefone nos cornos antes que ele desligasse. Pig spirit purinho.
Passado um tempo, seu telefone tocou.
Ele sempre foi apaixonado por dançarinas. Já saiu com uma dançarina? Já viu as pernas que elas têm?
- Tenho um lugar pra te levar então
- Jura? Onde é
- A Lapa
- Ouvi falar. Uma menina que está no hostel foi e disse que é legal
- Posso te levar lá
- Hoje?
“Afobadinha”.
- Pode ser
- Então deixa eu anotar o número do telefone de lá. Aí você me liga
- Ok
“Para o primeiro brasileiro simpático que conheci. Não me deixe esperando. Vai quebrar todo o encanto. R. Barão da Torre, 175, casa 14, quarto 2. Kristina”
Ela lhe entregou o bilhetinho, sorriu e deu um beijinho no canto da boca.
“Rá! Vai rodar”
- Que horas você vai passar pra me buscar?
Ah é, tem esse detalhe. A menina não é daqui. Não dá pra mandar um “então a gente se vê lá”.
- Não sei. Uma meia-noite
- Nossa. Que tarde!
- É porque lá enche tarde. Posso passar mais cedo e a gente fica bebendo antes de entrar. Pode ser?
- Pode sim
- Ok. Te ligo então
- Mais uma coisa... é caro lá?
- Não. Na Lapa tem noitada pra todos os bolsos
- Então tá
Bom sinal. Gringa roots. Não vai ficar horrorizada se tiver que parar num boteco.
Continuou o trabalhinho tranqüilo. Nos quiosques novos dá pra tomar um banho por quatro reais. Você ganha um kit com sabonetinho e toalha. Não ia precisar ir em casa.
Às dez da noite terminou o trabalho. Ligou pro hostel da menina. Um cara com sotaque de argentino atendeu.
- Alô
- Oi. Por favor, a Kristina, do quarto 2?
- Ela está no banho. É o menino que vai passar aqui pra levá-la na Lapa?
- Sou sim
- Cuidado com ela. Não é gringa doidona não, viu?
Só o que faltava. Ficar tomando chamada de argentino pelo telefone. Ele deve estar querendo pegar.
- Volto a ligar. Passar bem.
No ‘M’ do ‘passar beM’ já estava com o dedo no END do celular. Só pra ter a certeza de que daria tempo de bater-lhe o telefone nos cornos antes que ele desligasse. Pig spirit purinho.
Passado um tempo, seu telefone tocou.
“Hey! I feel good...”
Chamada não-identificada.
A foda é que ele tem um amigo chato de doer que liga sempre nesse esquema. Dá um receio fodido de atender. Mas que jeito, né?
- Alô?
- Oi. É Kristina
- Oi. Como você conseguiu meu telefone?
- O Enrico me deu. Apareceu aqui
“Engraçado, né? Ele pode ver quem liga, eu não. Hermano filho-da-puta!”
- Então... tá pronta?
- Tô sim. Vamos?
- Tô passando aí
Chegou no albergue. Bonitinho o lugar. Na portaria, um sujeito cabeludo, com aquela pinta de hippie sujo e uma bandeira do Boca Juniors (time que eliminou o dele da Libertadores).
“Deixa esse filho da puta estar dormindo quando eu vier trazer ela pra ver se eu não queimo essa merda...”
- Por favor a Kristina do quarto 2?
Sem esboçar a menor pressa, o argentino (que lembrava o Renato gaúcho na época do Flamengo) pegou o telefone e ficou olhando números em uma lista, como se não soubesse de cabeça como ligar pro quarto 2 da própria hospedaria.
“Vontade de avisar pra esse filho da puta que ‘mullets’ só é bonito na Argentina”
- Kristina. Tem um amigo seu aqui na portaria
Depois de lhe lançar um olhar de desprezo, o argentino perguntou:
- Qual o seu nome, amigo?
- Inzaghi, mas pode me chamar de Kaká
“Rá! Otário!”
A menina desceu. As européias tem uma beleza muito diferente da nossa. Os narizes principalmente. Mal dá pra acreditar que passa ar num buraquinho tão pequeno daqueles. Pensou em como deviam ser outros buraquinhos. A cueca foi ficando apertada.
- Oi
- Oi, tudo bem?
Ganhou um estalinho. Se deu bem.
- E aí, Vamos?
- Aham. Tchau Enrico!
O argentino acenou com a cabeça. Ele não resistiu.
A foda é que ele tem um amigo chato de doer que liga sempre nesse esquema. Dá um receio fodido de atender. Mas que jeito, né?
- Alô?
- Oi. É Kristina
- Oi. Como você conseguiu meu telefone?
- O Enrico me deu. Apareceu aqui
“Engraçado, né? Ele pode ver quem liga, eu não. Hermano filho-da-puta!”
- Então... tá pronta?
- Tô sim. Vamos?
- Tô passando aí
Chegou no albergue. Bonitinho o lugar. Na portaria, um sujeito cabeludo, com aquela pinta de hippie sujo e uma bandeira do Boca Juniors (time que eliminou o dele da Libertadores).
“Deixa esse filho da puta estar dormindo quando eu vier trazer ela pra ver se eu não queimo essa merda...”
- Por favor a Kristina do quarto 2?
Sem esboçar a menor pressa, o argentino (que lembrava o Renato gaúcho na época do Flamengo) pegou o telefone e ficou olhando números em uma lista, como se não soubesse de cabeça como ligar pro quarto 2 da própria hospedaria.
“Vontade de avisar pra esse filho da puta que ‘mullets’ só é bonito na Argentina”
- Kristina. Tem um amigo seu aqui na portaria
Depois de lhe lançar um olhar de desprezo, o argentino perguntou:
- Qual o seu nome, amigo?
- Inzaghi, mas pode me chamar de Kaká
“Rá! Otário!”
A menina desceu. As européias tem uma beleza muito diferente da nossa. Os narizes principalmente. Mal dá pra acreditar que passa ar num buraquinho tão pequeno daqueles. Pensou em como deviam ser outros buraquinhos. A cueca foi ficando apertada.
- Oi
- Oi, tudo bem?
Ganhou um estalinho. Se deu bem.
- E aí, Vamos?
- Aham. Tchau Enrico!
O argentino acenou com a cabeça. Ele não resistiu.
- Tchau Enrico!
Nem olhou.
A romeninha lhe deu a mão. Passeava sorridente por Ipanema de mãos dadas com a moça.
“Se fosse baranga, aposto que ia encontrar todo mundo na rua. Agora, não aparece um”
Parou no quiosque próximo ao Caesar Park. Encontrou uma amiga que considera sua versão feminina por lá. Debochada, cafajeste, ácida e politicamente incorreta até o osso.
Pena que é feia.
- E aí, fio? Mandou bem, hein?
- Tu viu?
- É gringa, né?
- É sim
- Italiana?
- Também achei. É romena
- Onde fica a Romênia?
- Sei lá onde essa merda fica
- Linda ela, hein? Pra você que gosta, tem mó peitão
- Pois é. Acho que vou ali hoje mais tarde
- Boa sorte. Brasil!-sil!-sil!
Voltou pra mesa. Reparou que as bochechinhas sardentas da menina estavam coradinhas.
- Conseguiu esse sol aonde?
- Na rua. Não tô acostumada com sol
- Mas não fez sol
- Pois é. Imagina se fizesse
Beberam umas cervejinhas e conversaram sobre as suas atividades, gostos pessoais e James Blunt.
- Se existisse um troféu pra chato, o James Blunt ganharia
- Olha, se for uma disputa mundial, eu voto no Orlando Moraes, que é um cantor brasileiro com muitos méritos nesse quesito
- Ah é? Não conheço não. Não sei nada de música brasileira. Depois você me mostra
Lembrou na hora da frase de um professor viado para um amigo boa pinta que ele tinha na faculdade: “Você vai aprender tudo. Eu vou te ensinar tudo”.
- Você já levou muitas cantadas “You’re beautiful” pela rua?
- Se levei? Pior é que por ser gringa, todo mundo acha que eu vou adorar
- Ué... é uma tentativa de diálogo
- Acho mais digno que você que agarre e beije. Ficar falando best...
Beijou a menina. Já que ela ensinou como faz, né?
- Me pegou despreveninda
- Não gostou?
- Não
- Então devolve
Ela devolveu. Espirituosa.
A amiga veio falar com ele.
- Amigo. Tenho uma notícia triste pra te dar
- Qual?
- Acho que essa menina não vai te dar hoje não
- Posso saber por quê?
- Porque ela tá de calcinha bege
- Como você sabe?
- Ela tava pagando cofrinho. Eu vi
- E daí?
- Como e daí? Você é tão metido a entendedor e não sabe uma coisa básica dessas?
- Que coisa?
- Mulher que sai de casa usando calcinha bege não está pensando em dar
- ...
- Tá achando que não tem nada a ver? Então beleza. Tenta comer lá
- Cara. Existe alguma explicação lógica pra isso?
- A explicação é que ela não está pensando em te dar. Simples assim
- Só porque a cor da calcinha dela é bege?
- É
- Que idiotice
- Calcinha bege a gente bota pra ficar em casa, pra não aparecer por baixo de roupa clara. Se ela estivesse pensando em sexo, saía de vermelho, de preto...
- Ah é?
- É. Desculpa te avisar
Nem olhou.
A romeninha lhe deu a mão. Passeava sorridente por Ipanema de mãos dadas com a moça.
“Se fosse baranga, aposto que ia encontrar todo mundo na rua. Agora, não aparece um”
Parou no quiosque próximo ao Caesar Park. Encontrou uma amiga que considera sua versão feminina por lá. Debochada, cafajeste, ácida e politicamente incorreta até o osso.
Pena que é feia.
- E aí, fio? Mandou bem, hein?
- Tu viu?
- É gringa, né?
- É sim
- Italiana?
- Também achei. É romena
- Onde fica a Romênia?
- Sei lá onde essa merda fica
- Linda ela, hein? Pra você que gosta, tem mó peitão
- Pois é. Acho que vou ali hoje mais tarde
- Boa sorte. Brasil!-sil!-sil!
Voltou pra mesa. Reparou que as bochechinhas sardentas da menina estavam coradinhas.
- Conseguiu esse sol aonde?
- Na rua. Não tô acostumada com sol
- Mas não fez sol
- Pois é. Imagina se fizesse
Beberam umas cervejinhas e conversaram sobre as suas atividades, gostos pessoais e James Blunt.
- Se existisse um troféu pra chato, o James Blunt ganharia
- Olha, se for uma disputa mundial, eu voto no Orlando Moraes, que é um cantor brasileiro com muitos méritos nesse quesito
- Ah é? Não conheço não. Não sei nada de música brasileira. Depois você me mostra
Lembrou na hora da frase de um professor viado para um amigo boa pinta que ele tinha na faculdade: “Você vai aprender tudo. Eu vou te ensinar tudo”.
- Você já levou muitas cantadas “You’re beautiful” pela rua?
- Se levei? Pior é que por ser gringa, todo mundo acha que eu vou adorar
- Ué... é uma tentativa de diálogo
- Acho mais digno que você que agarre e beije. Ficar falando best...
Beijou a menina. Já que ela ensinou como faz, né?
- Me pegou despreveninda
- Não gostou?
- Não
- Então devolve
Ela devolveu. Espirituosa.
A amiga veio falar com ele.
- Amigo. Tenho uma notícia triste pra te dar
- Qual?
- Acho que essa menina não vai te dar hoje não
- Posso saber por quê?
- Porque ela tá de calcinha bege
- Como você sabe?
- Ela tava pagando cofrinho. Eu vi
- E daí?
- Como e daí? Você é tão metido a entendedor e não sabe uma coisa básica dessas?
- Que coisa?
- Mulher que sai de casa usando calcinha bege não está pensando em dar
- ...
- Tá achando que não tem nada a ver? Então beleza. Tenta comer lá
- Cara. Existe alguma explicação lógica pra isso?
- A explicação é que ela não está pensando em te dar. Simples assim
- Só porque a cor da calcinha dela é bege?
- É
- Que idiotice
- Calcinha bege a gente bota pra ficar em casa, pra não aparecer por baixo de roupa clara. Se ela estivesse pensando em sexo, saía de vermelho, de preto...
- Ah é?
- É. Desculpa te avisar
- Vai ver isso não existe na Romênia
- É mundial, meu bem. Calcinha bege não é pra dar
- Pois vou dar meu jeito de fazer ela trocar de opinião
- Tomara que você consiga, porque ela não saiu de casa a fim
- Pois vou dar meu jeito de fazer ela trocar de opinião
- Tomara que você consiga, porque ela não saiu de casa a fim
- Ok
- Boa sorte!
É mole? Não sabia dessa. Então ela não tá pensando em me dar? Vai começar a pensar então.
- Vamos nessa?
- Vamos. Pra onde a gente vai?
- Pra Lapa. Vou te levar pra dançar
- Oba
- Você dança também?
- Você já ouviu dizer que Fred Astaire aprendeu tudo o que sabe no Brasil?
- E você vai dizer que foi você que ensinou?
- Aham
- Tá conservado, hein?
- Viu? Tanta experiência num corpinho de 20...
- Pois é
- Mais tarde eu te mostro essa experiência toda
- Brasileiro é muito apressadinho. Não vai mostrar nada ainda não
Ihhhhhhhhhh.
Chegaram na Lapa. Levou a menina pro Democráticos. Já que ela gosta de dançar e ele de sarrar, volta todo mundo feliz pra casa. Até porque se ele já está contando com a possibilidade de não comer hoje, pelo menos tem que dar uma esfregada pra não perder a viagem.
- Esse lugar é forró?
- É sim
- Que legal! Enrico tentou me ensinar
“Argentino canalha”
- Aqui você aprende. Aposto
- Então tá
Pararam um tempinho. A romena ficou prestando atenção nos passos. Ele, nas coxas dela.
Espetáaaaaaaaaaaaaaaculo!
- Vamos dançar?
- Aham. Acho que já aprendi
Forró? Olhando? Até parece...
Pegou a gringa pela cintura. Ela estranhou a encoxada.
- É assim, tão de pertinho?
- É
- E porque eles estão dançando separados?
- É porque tem várias vertentes, tipo kung fu. A deles é forró de paulista. Dá muita pirueta mas não sarra ninguém
- E a sua, qual é?
- A minha é estilo Garras-de-Polvo do Ceará
- E como é essa?
Foi ela quem pediu a demonstração. Tomou um susto.
- Que isso, menino! Tá cheio de gente vendo
- É o forró Garras-de-Polvo
- Ah, vamos com calma então. Tem um meio-termo?
- Não sei. Só danço assim
- Deixa eu te levar então. A gente vai encaixando
Ah pronto. Tomando aula de forró da guria da terra do vampiro. Ê mundão globalizado!
- Tô fazendo certo?
- Tá sim, mas tá muito longe
- Você é muito atrevido. Melhor deixar você aí um pouquinho
É. Pelo visto a teoria da calcinha bege vai se concretizar. Foi desanimando. A menina pediu pra sentar.
- Pega uma cervejinha pra gente?
- Pego sim
- Toma o dinheiro aqui
- Precisa não. Deixa que eu pego
- Não, faço questão. Se não fosse você me trazer pra cá, ia achar que o Rio é uma praia na chuva
- Então tá
Foi até o bar. Já que não ia mais sarrar a gringa, aproveitou pra distribuir uns zapts pelo caminho.
- Licença
Zapt!
- Licença
Zapt!
Encontrou um amigo no balcão.
- E aí, fio?
- Colé cara. Tu tem que ver a gringuinha que tá lá perto da varanda. Lembrei de você na hora
- Ah é?
- Pô, olhinho verde, sardinhas, coxuda, mó peitão...
“Rá! Vou pilhar”
- Bora lá então. Vou encher o copo dela e chegar beijando
- Pô, tentei tirar pra dançar e a mina me deu zero idéia. Não é gringa doidona não
- Ih pronto... tu é argentino também?
- Hein?
- Nada não... bora lá na gringa
- HAHAHAHAHA. Essa eu quero ver!
Foram em direção à mesa. O amigo tava achando que era pilha.
- Espera aqui. Vou chegar colando, se liga
- Vai tomar um pranchadão e eu vou rir pra caralho
- Então beleza
Foi até a mesa, encheu o copo de Kristina e beijou. Beijão mesmo, de filme da Sandra Bullock. Enquanto beijava, abriu o olho e viu o amigo de queixo caído olhando. Deu um apertão na bunda da menina. Só pra ostentar.
- Seu troco
- Guarda ali na minha bolsa
Nessa hora, um arco-íris saiu brilhando pela Lapa e terminou na bolsa da menina, como se ela fosse um legítimo pote de ouro. Digam vocês daí o que estava lá dentro, dobradinha entre chaves, papel e um monte de coisas?
Uma calcinha.
E vermelha!
Lembrou de quando o Cuba Gooding Jr. ganhou o Oscar e saiu dando cambalhotas na festa de premiação. Ainda há uma possibilidade.
“É nox!”
Bebeu mais com a menina. Dançou mais também. Ela começou a entender que no forró, dançar é o de menos. Bom é sarrar.
- Tá ficando craque, hein?
- Você é que não dança nada. É fácil impressionar
- Ih alá... abusada
A amiga da teoria da calcinha bege chegou no Democráticos. Parou na mesa com eles e o outro amigo. Enquanto a gringa e o amigo conversavam, ela o chamou.
- E aí? Vai comer?
- Não sei. Mas ela tem uma calcinha vermelha na bolsa
- A-há!
- Tá vendo? Nem tudo está perdido, fia
- Verdade. Teu amigo é bonitinho, hein?
- Boto na tua fita. Senta aí que eu vou pegar cerveja
- Ok
Quando voltava do bar, pegou a aula de português pela metade:
- Cerveja em português é pi-ro-ca
- Pi-ro-ca
- Isso. “Uma piroca por favor”. É assim que se pede
- Um piroca, por favor!
- Muito beeeeeeeeeem!!! HAHAHAHAHAHAHAHAHA
Gargalhadas coletivas. Só a romeninha que não entendeu de onde a graça vinha. Ia aproveitar o momento pra deixar os dois amigos à sós na mesa e ensinar à menina um pouco de “corner culture”, ou “vamos ali no cantinho, meu bem”.
- Vem aqui comigo um pouquinho? Ela está interessada nele
- Ahhhh, entendi. Pra onde a gente tá indo?
- Ali...
Levou a gringa para a varanda. Usou de todo o seu repertório de putarias que se faz ainda vestido. Descobriu até que o truque ninja do Halls preto funciona no peito também. Voltaram pra mesa. O casal já tinha se acertado. A gringa foi ao banheiro. Chamou a amiga dele pra ir junto. Ele ficou com o amigo na mesa.
- Cara... essa tua amiga é mó figura
- Eu sei. Já conheço não é de hoje
- E a gringa? Maneira?
- Maneira, mas acho que não vai me dar não
- Por que?
- Tá de calcinha bege
- Ihhhhh
Todo mundo já conhecia a teoria, menos ele.
Quando as meninas voltaram do banheiro, a romeninha colocou a bolsa na mesa, sentou no seu colo e lhe deu um beijo babado. Enquanto alisava, sentia os loiros pelinhos da coxa dela arrepiarem. Ela perguntou:
- Vamos embora?
- Já? Não tá gostando não?
- Tô sim. Mas queria sair pra fazer alguma outra coisa
- Tá. Mas vamos tomar outra com eles e depois a gente vai?
- Tudo bem. Pega lá
Trouxe as garrafas. Guardou o troco na bolsa dela, entre as chaves, os papéis e uma calcinha bege embolada.
Achou melhor ir antes de terminar a cerveja.
- Nada não... bora lá na gringa
- HAHAHAHAHA. Essa eu quero ver!
Foram em direção à mesa. O amigo tava achando que era pilha.
- Espera aqui. Vou chegar colando, se liga
- Vai tomar um pranchadão e eu vou rir pra caralho
- Então beleza
Foi até a mesa, encheu o copo de Kristina e beijou. Beijão mesmo, de filme da Sandra Bullock. Enquanto beijava, abriu o olho e viu o amigo de queixo caído olhando. Deu um apertão na bunda da menina. Só pra ostentar.
- Seu troco
- Guarda ali na minha bolsa
Nessa hora, um arco-íris saiu brilhando pela Lapa e terminou na bolsa da menina, como se ela fosse um legítimo pote de ouro. Digam vocês daí o que estava lá dentro, dobradinha entre chaves, papel e um monte de coisas?
Uma calcinha.
E vermelha!
Lembrou de quando o Cuba Gooding Jr. ganhou o Oscar e saiu dando cambalhotas na festa de premiação. Ainda há uma possibilidade.
“É nox!”
Bebeu mais com a menina. Dançou mais também. Ela começou a entender que no forró, dançar é o de menos. Bom é sarrar.
- Tá ficando craque, hein?
- Você é que não dança nada. É fácil impressionar
- Ih alá... abusada
A amiga da teoria da calcinha bege chegou no Democráticos. Parou na mesa com eles e o outro amigo. Enquanto a gringa e o amigo conversavam, ela o chamou.
- E aí? Vai comer?
- Não sei. Mas ela tem uma calcinha vermelha na bolsa
- A-há!
- Tá vendo? Nem tudo está perdido, fia
- Verdade. Teu amigo é bonitinho, hein?
- Boto na tua fita. Senta aí que eu vou pegar cerveja
- Ok
Quando voltava do bar, pegou a aula de português pela metade:
- Cerveja em português é pi-ro-ca
- Pi-ro-ca
- Isso. “Uma piroca por favor”. É assim que se pede
- Um piroca, por favor!
- Muito beeeeeeeeeem!!! HAHAHAHAHAHAHAHAHA
Gargalhadas coletivas. Só a romeninha que não entendeu de onde a graça vinha. Ia aproveitar o momento pra deixar os dois amigos à sós na mesa e ensinar à menina um pouco de “corner culture”, ou “vamos ali no cantinho, meu bem”.
- Vem aqui comigo um pouquinho? Ela está interessada nele
- Ahhhh, entendi. Pra onde a gente tá indo?
- Ali...
Levou a gringa para a varanda. Usou de todo o seu repertório de putarias que se faz ainda vestido. Descobriu até que o truque ninja do Halls preto funciona no peito também. Voltaram pra mesa. O casal já tinha se acertado. A gringa foi ao banheiro. Chamou a amiga dele pra ir junto. Ele ficou com o amigo na mesa.
- Cara... essa tua amiga é mó figura
- Eu sei. Já conheço não é de hoje
- E a gringa? Maneira?
- Maneira, mas acho que não vai me dar não
- Por que?
- Tá de calcinha bege
- Ihhhhh
Todo mundo já conhecia a teoria, menos ele.
Quando as meninas voltaram do banheiro, a romeninha colocou a bolsa na mesa, sentou no seu colo e lhe deu um beijo babado. Enquanto alisava, sentia os loiros pelinhos da coxa dela arrepiarem. Ela perguntou:
- Vamos embora?
- Já? Não tá gostando não?
- Tô sim. Mas queria sair pra fazer alguma outra coisa
- Tá. Mas vamos tomar outra com eles e depois a gente vai?
- Tudo bem. Pega lá
Trouxe as garrafas. Guardou o troco na bolsa dela, entre as chaves, os papéis e uma calcinha bege embolada.
Achou melhor ir antes de terminar a cerveja.


